O “grande” negócio das excursões brasileiras no exterior
Erich Beting
Parecia um ótimo negócio. Exposição da marca no exterior, disputa com os melhores times do mundo e, ainda, cobertura mundial da mídia. Depois do que aconteceu em Bayern de Munique 2×0 São Paulo na quarta-feira e com o rolo compressor do Barcelona 8×0 Santos agora há pouco, ficou claro que o tiro saiu pela culatra.
A ida de equipes brasileiras para o exterior para serem humilhadas como foram até agora os dois clubes paulistas (em diferentes níveis, é lógico!) é um tremendo erro de planejamento e, mais do que isso, de posicionamento de marca. Uma coisa é o clube ir para o exterior disputar um título. Outra, completamente diferente, é a equipe viajar para disputar um amistoso.
O que motivou os clubes europeus há uma década buscarem os torneios no exterior foi a expansão de mercado. Com a limitação geográfica do continente, foi preciso ir para o exterior buscar mais dinheiro, especialmente dos torcedores asiáticos e, agora, americanos.
O clube de futebol brasileiro primeiro precisa se consolidar nacionalmente para então buscar mercado no exterior. Qual o trabalho de marca que será feito pelo Santos depois desses 8 a 0? De que forma o São Paulo vai explorar a passagem pela Copa Audi se perdeu os dois jogos e está com tantos problemas internos que seria mais fácil ter usado o evento para tentar arrumar a casa?
No passado, as excursões brasileiras pelo exterior eram uma excelente forma de fazer caixa. Hoje, nem mesmo muito dinheiro rende para o clube ir jogar no estrangeiro. Para o Barcelona, a exibição de gala contra o Santos (mais uma) tem um enorme papel no processo de ocupação do território brasileiro, que passa também pelo projeto de contratação do Neymar.
O calendário distinto da Europa não é problema para a projeção das marcas dos times brasileiros no exterior. Afinal, antes disso é preciso que os clubes entendam que é preciso consolidar sua imagem com o torcedor brasileiro. Depois, é preciso fazer um trabalho de fortalecimento do futebol que é jogado aqui e, só então, podemos pensar em medir forças com o que é apresentado pelos principais clubes europeus.
O ''grande'' negócio das excursões brasileiras no exterior foi mostrar que, se quiser realmente ter sucesso com esse projeto, os clubes primeiro precisam reaprender a jogar futebol e, mais do que isso, olhar outras oportunidades no mercado. O continente europeu, dentro e fora de campo, não tem mais espaço para clubes brasileiros.