A bipolaridade do Flamengo na questão do Maracanã
Erich Beting
A sexta-feira foi de luta entre as diretorias do Flamengo e da Complexo Maracanã Entretenimento S.A., gestora do novo Maracanã. Um duelo travado publicamente, por meio de ''comunicados à imprensa'' e ''notas de esclarecimento'', colocaram os dois parceiros comerciais em rota de colisão.
O que não dá para entender, porém, é a atitude tomada pelo Flamengo na discussão sobre o Maracanã.
Por qual motivo o clube desiste de aceitar um acordo que ele mesmo assinou há menos de dois meses? Pior ainda. Vamos analisar a frase dita por Eduardo Bandeira de Mello, presidente do clube, quando assinou o acordo. A frase é retirada da notícia veiculada no site oficial do Flamengo no dia 12 de julho, anunciando o novo negócio (link aqui).
''Este acordo foi feito de maneira muito bem pensada, levando-se em conta a força do Flamengo e seu enorme potencial de geração de receitas. Até o final do ano, vamos avaliar os resultados financeiros e técnicos obtidos com os jogos no Maracanã para decidir sobre um possível futuro contrato. Tenho certeza que a torcida está feliz ''.
Nesta sexta, na nota no mesmo site oficial do Flamengo, o clube diz:
''Não se pode admitir que o modelo de administração do Maracanã seja tão prejudicial ao Flamengo. Abaixo, os fatos que aprendemos, fruto de nossa experiência recente''.
O Flamengo fez, até agora, dois jogos no novo Maracanã. Sim, você não leu errado. No segundo jogo, o clube já tomou todas as conclusões a respeito da gestão do espaço e, agora, acredita que não tem um bom negócio para o estádio.
Já que ainda não chegou o ''final do ano'', quando o clube iria ''avaliar os resultados financeiros e técnicos obtidos com os jogos no Maracanã'', a diretoria do Flamengo só pode estar sofrendo de transtorno bipolar.
Para quem chegou ao clube com o discurso de modernização na gestão, soa no mínimo incoerente a atitude tomada pela diretoria do Flamengo. Mas, considerando também que Mano Menezes já é o terceiro treinador da equipe em oito meses de trabalho da nova presidência, não é de se estranhar que, em dois jogos, o contrato com o Maracanã já não seja mais vantajoso.