Negócios do Esporte

Com Tóquio, COI troca legado pela certeza

Erich Beting

A escolha de Tóquio para ser sede das Olimpíadas de 2020 pode ser um pouco creditada ao Rio de Janeiro. Sim, logicamente que a candidatura japonesa encantava por si só, mas é de se ponderar que as experiências recentes vividas pelo Comitê Olímpico Internacional com as sedes dos próximos Jogos, tanto de verão quanto de inverno, influenciaram na decisão para Tóquio.

Sochi, na Rússia, tem sido envolvida na polêmica referente à lei anti-gay do governo russo. No Rio, a preocupação com o atraso nas obras tem deixado cada vez mais o COI em cima do comitê brasileiro. Recentemente, também, Pyeongchang, na Coreia do Sul e sede dos Jogos de Inverno de 2018, declarou que não aceitaria dividir alguns eventos com a vizinha Coreia do Norte.

Em meio a esse festival de dúvidas, a escolha de Tóquio foi uma aposta no que dificilmente dará errado. A capacidade japonesa de cumprir prazos e manter o planejamento em dia pesou bastante na decisão do COI. Além disso, a própria instabilidade econômica vividas por Espanha e Turquia jogou contra os planos de Madri e Istambul. Os gastos públicos com Olimpíadas, que são sempre a maior parte da conta, poderiam se transformar em vilão da opinião pública quando o evento se aproximasse.

Vale, aqui, a frase dita por Craig Reed, vice-presidente do COI: ''A certeza foi um fator crucial. A certeza de que eles vão entregar'', afirmou o dirigente.

Se, em 2009, o legado era o grande mote para a candidatura olímpica vitoriosa do Rio de Janeiro, o COI agora dá sinais de que o papo de benefício que o evento gera para a cidade-sede começa a ser o menos importante. Na dúvida entre ser uma mola propulsora da transformação de um país a partir do evento ou ter apenas a certeza de que o evento acontecerá sem grandes problemas, o comitê optou pela segunda opção.

Prova de que o legado não é assim só um mar de rosas como se tenta vender…