A morte dos X Games no Brasil
Erich Beting
Há questão de três semanas, durante fórum sobre marketing esportivo no Rio de Janeiro, o vice-presidente comercial e de marketing da ESPN no Brasil, Marcelo Pacheco, apresentou os números da realização da etapa brasileira dos X Games, realizada em abril deste ano na cidade de Foz do Iguaçu (PR).
Hoje, a ESPN emitiu comunicado confirmando que estão canceladas todas as etapas dos X Games fora dos Estados Unidos para 2014. Foz, Munique, Barcelona e Tignes (França) foram retiradas do mapa, e apenas o país de origem da emissora e da competição vai continuar a receber os principais eventos de esportes radicais do mundo.
Com o mercado europeu em crise, o fim dos X Games na Espanha, França e Alemanha é justificável. No Brasil, que é um dos principais produtores de atletas e tem um público cativo para os esportes radicais, a saída representa também o fim da competição no país.
Pela terceira vez a ESPN ensaia mergulhar de cabeça no projeto de trazer os X Games para cá. E, pela terceira vez, o projeto naufraga logo após a primeira tentativa. Patrocinadores para custear a edição de 2014 existiam. Interesse da mídia em geral, além da ESPN, também. Da mesma forma, o público já havia comprado a ideia do evento em Foz, bem como a prefeitura local havia se comprometido em ajudar a realizar a competição.
A decisão da ESPN nos Estados Unidos, claramente, tem como base o que aconteceu na conta global do evento, sem ser feito um estudo caso a caso, país a país. Fazer a competição nos EUA requer menos esforço e possibilita ótimo retorno comercial para a empresa.
No Brasil, o mercado simplesmente vai ignorar qualquer nova tentativa de a emissora lançar um novo projeto de X Games no país. Para que um evento engrene, ele precisa ter, acima de qualquer coisa, perenidade.
Pensando numa redução de prejuízo na estratégia de globalização dos X Games, a ESPN acaba de matar qualquer chance de crescimento do evento no país que mais produz atletas para a modalidade. Curiosamente, a empresa seguiu o caminho contrário de UFC e NBA, que cada vez mais acreditam que é momento de perder dinheiro no Brasil como estratégia para solidificar a marca e, lá na frente, colher os frutos.
Infelizmente os X Games, no Brasil, morreram.