Negócios do Esporte

Com Alemão, Fox agita de vez mercado de TV paga no Brasil

Erich Beting

O mercado de direitos de transmissão ficará agitado pelo menos até amanhã, quando se encerra a Sportel, grande feira que reúne os principais vendedores e compradores de direitos esportivos do mundo. A feira, realizada em Mônaco, já trouxe o primeiro grande reflexo para o mercado brasileiro: a partir da temporada 2015/2016, a Fox Sports será a detentora exclusiva da transmissão da Bundesliga, o Campeonato Alemão.

O negócio é mais um que a Fox consegue vencer sobre a ESPN. Mas, acima disso, ele reflete o momento de ebulição pelo qual passa os direitos de transmissão no país. Para a felicidade dos detentores desses direitos, a entrada da Fox, no ano passado, fez o Brasil se valorizar enquanto a crise na Europa diminuiu um pouco o apetite das empresas de mídia por lá.

Aqui, as disputas já envolveram campeonatos com maior apelo local, como a Libertadores, e outros mundiais, como a Liga dos Campeões, a Premier League (Inglaterra) e o Campeonato Italiano. Só para se ter uma ideia, a Fox pagou, para ter a exclusividade da liga italiana no continente americano, quase cinco vezes mais do que havia pago no período anterior.

As vitórias da Fox nas competições estrangeiras têm relação direta com o poder de compra global que a emissora tem. Antes privilégio da ESPN, a empresa de Rupert Murdoch passou a fazer uso de seu alcance em diferentes regiões do planeta para conquistar alguns direitos de transmissão que considera importante em alguns mercados.

Foi o caso da Bundesliga. O principal objetivo dos alemães atualmente é aumentar a receita com a venda de direitos de transmissão para o exterior. No acordo com a Fox, são 80 países incluídos no pacote, sendo que o Brasil é um dos mais comemorados pela emissora. Até pouco tempo atrás, era a ESPN que fazia uso de seu alcance em diversos países para conquistar alguns campeonatos importantes. Hoje, o esporte faz a farra e consegue um leilão interessante com a disputa das duas grandes emissoras mundiais do esporte.

No caso do Brasil, a Fox já incomoda bastante. O mercado ainda tem a liderança do Sportv, mas o crescimento da Fox em apenas dois anos é marcante, tanto que em alguns momentos ela bate a ESPN. No ano que vem, com o segundo canal da empresa, a tendência é a disputa ficar ainda mais acirrada.

Para o torcedor, quanto mais canal de esporte existir, melhor. Para o esporte, também, já que isso abre a possibilidade de ganhar mais dinheiro com a briga entre as emissoras. Fazia tempo que o mercado de TV paga no Brasil não estava tão agitado. Curioso porém é ver como o esporte, por aqui, não percebeu isso e continua a ter como meta, sempre, um acordo com uma única emissora.