Negócios do Esporte

Pato mantém “sina” corintiana pós-Ronaldo

Erich Beting

Boa Jogada? Essa foi a chamada de capa da edição 8 da revista Máquina do Esporte, em dezembro de 2008, quando Ronaldo foi anunciado como reforço do Corinthians. A reportagem debatia se o Fenômeno poderia ser ''o cara'' para o Timão. Em meio a mais um período inativo por lesão, sua volta aos gramados era absolutamente incerta. Ronaldo colocava o Corinthians naquela tênue linha que separa uma ação de marketing de um sucesso estrondoso para um fracasso retumbante.

Bom, meio ano depois, com a conquista da Copa do Brasil e uma monstruosa elevação de receita e, principalmente, autoestima do torcedor corintiano, Ronaldo já provava que o ponto de interrogação, para ele, era sempre desentortado para uma exclamação. O sucesso do casamento entre as duas partes foi exatamente o que motivou o Corinthians a tentar repetir, em menores proporções, essa estratégia.

Depois de Ronaldo vieram Roberto Carlos, Adriano, Defederico, Liedson e, agora, Alexandre Pato. Jogadores que tinham além de uma premissa técnica, algum apelo para ações extra-campo. Sem dúvida que não com o mesmo apelo de envolver o mercado publicitário como Ronaldo, que ajudou a resgatar a credibilidade do Corinthians com o patrocinador. Mas pelo menos com apelo para que o torcedor mantivesse o interesse de consumo pelo clube, o que é fundamental para a boa saúde financeira dele.

De todos eles, Adriano e Pato foram sem dúvida os nomes mais celebrados pela mídia – e pelo clube – para que mantivessem um pouco o roteiro de Ronaldo. Apesar de não terem nem um terço do apelo de marketing do Fenômeno, ambos traziam para o torcedor aquela vontade de ver um ídolo mundial em campo com a camisa do time, o que já é um enorme passo para o aumento de consumo (a contratação de Neymar pelo Barcelona é o melhor exemplo disso).

Mas o fato é que, desde Ronaldo, nenhuma estrela conseguiu brilhar tanto no Corinthians. Pelo menos não individualmente. Nas campanhas vitoriosas, o coletivo prevaleceu, sempre.

A sinergia entre os departamentos técnico e de marketing pode gerar combinações muito boas para um clube. Mas também podem levá-lo a uma situação complicada. A sina corintiana pós-Ronaldo é um exemplo disso. Mesmo tendo o aval da comissão técnica, o marketing pode errar absurdamente numa contratação.

Alexandre Pato é mais um que caminha sob essa tênue linha no Corinthians dos últimos anos. Contratado a peso de ouro, apresentado sem grande estardalhaço, mas no embalo da campanha da Locospirose que embalou o título mundial no Japão, ele tinha tudo para ser o cara a mobilizar a torcida a partir de uma ótima performance dentro de campo.

A cavadinha de ontem pode ter jogado Pato para dentro da vala comum. O que é, literalmente, uma pena. Tanto no sentido técnico quanto no de marketing.