Juve e Manchester mostram o poder global das suas marcas
Erich Beting
Quanto vale um contrato com um clube de futebol para uma marca esportiva?
A pergunta volta à tona neste momento do ano dentro de clubes e empresas fornecedoras de material esportivo no Brasil. Atlético-MG e Cruzeiro são hoje os dois maiores ''ativos'' disponíveis no mercado nacional. O Cruzeiro encerra o acordo com a Vulcabras, enquanto o Galo já havia dado o ultimato à Lupo e agora faz um leilão entre fabricantes.
Enquanto isso, na Europa, a Juventus confirma a ruptura do contrato com a Nike e a assinatura com a Adidas. A partir apenas da temporada 2015/2016. O contrato, conforme divulgado pelo clube italiano, é de 23,25 milhões de euros por ano, o que coloca a ''Vecchia Signora'' como a dona do melhor contrato de fornecimento de material esportivo da Itália.
Já o Manchester United finalmente chegou a um acordo avaliado em 60 milhões de libras ao ano com a Nike, igualando o contrato que o Chelsea fez com a Adidas no começo do ano e recolocando o clube no topo dos valores mundiais de fornecimento de material esportivo.
Os quatro casos elucidam muito bem o potencial de arrecadação que o futebol brasileiro ainda não conseguiu provar que tem. As cifras aparentemente estratosféricas que Juve e Manchester conseguiram são explicadas pelo desempenho que ambos apresentam quando se fala em vendas de camisas.
De acordo com a consultoria PR Marketing, da Alemanha, nos últimos cinco anos o Manchester vendeu, em média, 1,5 milhão de camisa por temporada. Faça a conta simples. Se a camisa é vendida a 30 libras para o lojista, o acordo se paga só com a venda de produto, sem considerar qualquer verba gasta em promoção da marca pelo clube.
Segundo a mesma consultoria, a Juventus vende um pouco menos, entre 500 e 700 mil camisas por temporada. No caso da Juve, se a conta não fecha diretamente na venda de uniforme, entra o fator preponderante para a marca Adidas, de tirar a equipe mais popular da Itália das mãos de sua grande rival.
As vendas significativas tanto de Juve quanto de Manchester mostram o abismo entre o mercado brasileiro e o europeu. E o quanto o clube brasileiro ainda não aprendeu a faturar em cima do seu torcedor.
Em 2009, o Flamengo bateu a marca de 1 milhão de peças vendidas. Não chegou a ser apenas camisas, mas a maior parte das vendas foi do uniforme de jogo. O Corinthians campeão mundial do ano passado também alcançou cifras próximas a isso. Potencialmente há mais compradores para o que os clubes vendem hoje.
Só que ao repararmos o volume de vendas que os clubes com os contratos mais valiosos do mundo gera, os times maiores do Brasil não ficam longe disso. Quando é feita a comparação de valores, porém, o abismo é gigantesco. O maior contrato do país, hoje, é de pouco mais de 10 milhões de euros.
Falta ao clube brasileiro conhecer muito mais a marca que possui, o potencial de venda que ela tem e, aí sim, o real valor que ela tem. Do contrário, seguiremos a pensar com a cabeça do Atlético Mineiro, que no ano passado fechou acordo com quem lhe ofereceu mais valor e, agora, faz leilão para tentar encontrar alguém que consiga não só vestir o clube, mas levar o produto até o consumidor…