Negócios do Esporte

Liga dos Campeões gera maior audiência da Band no ano

Erich Beting

O duelo entre Barcelona e Milan, pela Liga dos Campeões da Europa, marcou mais um encontro entre Kaká, Robinho e Neymar. O duelo que envolveu três dos principais nomes de jogadores brasileiros em atividade no futebol europeu foi, também, o que rendeu a maior audiência da Band na transmissão do futebol este ano.

Primeiro, há de se fazer a ressalva. Quando digo que Neymar, Kaká e Robinhos são os principais nomes de brasileiros em atividade na Europa, não me refiro apenas à questão técnica. Eles são personagens que a mídia por aqui repercute constantemente e, também, são os que atraem maior legião de fãs brasileiros entre os que hoje estão em atuação no Velho Continente.

Daí, passamos para o segundo ponto. Faz um certo tempo que não há tanto jogador de renome do Brasil num jogo de relativo grau de importância num grande campeonato europeu. Simplificando: há quase meia década que os astros eram apenas Cristiano Ronaldo e Messi.

O resultado disso é que, no Ibope, a Band conseguiu marcar 11 pontos de audiência com o jogo (detalhes aqui). Foi a vice-líder e, também, passou a barreira dos dez pontos depois de mais de um ano.

Isso é ótimo para a emissora, mas revela um lado preocupante para o futebol no Brasil.

Cada vez mais, o público brasileiro prefere ver um jogo entre dois clubes europeus do que o de muitos clubes locais. Os motivos para isso são os mais variados. Passa obviamente pelo calendário, mas também tem muita relação com a qualidade do futebol que é jogado por aqui, pelas condições que o torcedor tem para ir aos estádios e principalmente pela promoção dos campeonatos por aqui.

A Liga dos Campeões é hoje responsável por 80%  de toda a receita anual da Uefa. Isso só é possível graças à intensa promoção que a entidade faz do campeonato que organiza. Da mesma forma, porém, a instituição promove a Europa Liga e as demais competições, que por serem menos atraente, geram menos receita, mas não deixam de ser importantes.

Aqui, a CBF senta em cima da enorme receita de patrocínios gerada pela força da marca da seleção brasileira. O produto interno, assim, é colocado para escanteio. Em vez de promover o Brasileirão e transformá-lo numa marca, a entidade foca os ''esforços'' no time nacional. Por outro lado, os clubes, atolados em seus próprios problemas, contentam-se com o aumento da receita de televisão e não percebem o detrimento do produto futebol como um todo.

Quando a maior audiência do ano de uma emissora que transmite futebol pelo menos três vezes por semana é de um campeonato da Europa, é sinal de que alguma coisa está precisando, urgentemente, ser revista.