Não duvide de nada, mas duvide de todos
Erich Beting
No futebol brasileiro, não duvide de nada, mas duvide de todos.
A sensação é essa, após um novo capítulo da novela ''Brasileirão-2013 nos Tribunais do país''. A ESPN revelou na noite de domingo um contrato que teria sido enviado pela Confederação Brasileira de Futebol à Portuguesa, oferecendo R$ 4 milhões para que o clube paulista desistisse de jogar a Série A deste 2014 e aceitasse a decisão do tribunal de justiça desportiva, que rebaixou a Lusa e manteve o Fluminense na principal divisão do futebol.
Se realmente for verdade, esse documento seria a confissão de culpa da CBF no caso. Ou, pelo menos, de que a entidade teme que de fato haja um enrosco tremendo para gerenciar o Brasileirinho-2014, já que a chance de o enrosco jurídico se estender até o inviável ''junta todo mundo e chame isso de Primeira Divisão'' é muito grande.
Foi assim em 99/2000, no caso Gama. E tem tudo para ser assim mais uma vez.
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O que mais intriga é que, nesse novo episódio envolvendo a Lusa, é muito estranho oficializar, via documento, um oferecimento de dinheiro (mesmo que seja um empréstimo) em troca de um favor da outra parte. Mas, considerando o futebol no Brasil, não dá para duvidar que seja verdade.
É só olhar a tabela de classificação do Paulistão Chevrolet após a primeira rodada. No Grupo A, os líderes são Comercial e Linense, que não conquistaram nenhum ponto! Sim, é isso mesmo!
Ou seja, tudo é possível. Da mesma forma, é muito, mas muito possível, forjar-se um documento em nome da CBF, enviá-lo à redação de um grande veículo de comunicação e dizer que o clube tinha recebido isso. Geralmente esses documentos chegam para os jornalistas das mãos mais distantes da grande cúpula. Não à toa o documento chegou um dia após a divulgação, feita pela revista Veja, do sigilo telefônico do advogado que foi o pivô de toda a confusão envolvendo a escalação de Heverton.
Enquanto a Justiça não dá um parecer final, o melhor a fazer é não duvidar de nada, mas duvidar de todos. E, assim, o futebol no Brasil consegue, naquele que teoricamente deveria ser o ano mais frutífero da história, jogar pelo ralo a credibilidade que tinha sido retomada pós-viradas de mesa, Copa João Havelange, CPIs e afins.
A mesa já virou. E quem tombou, não resta dúvidas, foi o futebol brasileiro como um todo.