Negócios do Esporte

Adidas regionaliza acordos, e prepara ofensiva pré-Copa

Erich Beting

A Adidas iniciou 2014 com uma investida estratégica no fornecimento de material esportivo a clubes de futebol no Brasil. Na semana passada, anunciou finalmente o acordo com o Sport, do Recife, e também apresentou a nova camisa do Botafogo, de Ribeirão Preto (SP). Os dois negócios fazem parte da nova ofensiva da marca alemã sobre o mercado brasileiro às vésperas da Copa do Mundo.

Os acordos trazem para o Brasil a realidade da marca alemã na Europa. São negócios em que não há desembolso de dinheiro, apenas o fornecimento de produtos. O ganho, para a marca e para os clubes, está na venda dos produtos oficiais. Isso exige, dos dois lados, um comprometimento muito maior do que o que até hoje vigorou na maioria dos relacionamentos de material esportivo no Brasil.

O negócio, também, não é novidade no Brasil. A Nike, via Netshoes, tem o mesmo modelo com Santos, Coritiba e Bahia. Agora, a novidade é que a Adidas entrou nessa, o que deve transformar – e isso é um boa notícia – a cara do mercado de material esportivo no país para os próximos anos.

A ofensiva da fabricante alemã está apoiada nos bons números do varejo brasileiro nos últimos anos. Com vendas em alta na casa dos dois dígitos há pelo menos meia década, as empresas de material esportivo estão apostando no país como plataforma de negócio. Isso transforma a realidade de um mercado que viveu, quase sempre, da exposição de marca, e não do resultado de vendas.

Se, há praticamente dez anos, os clubes de ponta tiveram o primeiro grande salto nos valores pagos pelas fabricantes, agora a tendência é que a realidade mude para os clubes de médio e pequeno porte. Com um modelo de negócios bem mais enxuto, os clubes ganham ao ter material de empresas renomadas, que por sua vez conseguem ampliar as vendas ao chegarem a um novo tipo de consumidor.

Só para se ter uma ideia, até 2011, Adidas e Nike tinham, cada uma, duas entidades patrocinadas no futebol (Corinthians e seleção brasileira com os americanos, Fluminense e Palmeiras com os alemães). Hoje, cada uma tem seis propriedades no país (Seleção Brasileira, Corinthians, Inter, Bahia, Coritiba e Santos com a Nike; Fluminense, Palmeiras, Flamengo, Sport, Red Bull Brasil e Botafogo-SP com a Adidas).

O duelo entre Adidas e Nike nunca esteve tão latente no mercado brasileiro do futebol. A diferença, agora, é que essa briga atingiu um novo patamar, que são os clubes ''menores''. Geralmente as empresas de material esportivo são as que puxam o processo de profissionalização dentro das entidades esportivas, exigindo um trabalho mais maduro do gestor. Quem não se arrumar pode perder o bonde nessa história…