Negócios do Esporte

O orçamento “de mentirinha” do Rio-2016

Erich Beting

Calma, também não é para esse alarme todo. Mas o que era para ser a primeira grande notícia dos Jogos Olímpicos de 2016 se transformou numa espécie de ''conversa para boi dormir'', se é que boi dorme quando conversamos com ele. O orçamento apresentado pelo Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de 2016 no último dia 23 de janeiro é, na prática, muito menos do que o custo do evento.

Os R$ 7 bilhões apontados por Rio-2016 referem-se apenas e tão somente aos custos privados do evento. A propalada transparência que o presidente do comitê, Carlos Arthur Nuzman, defendeu na apresentação desses números nada mais é do que uma exigência do Comitê Olímpico Internacional, principal interessado nessa história. Afinal, é esse o custo, de fato, de realizar as Olimpíadas. E, se houver lucro nessa conta, ele também vai para o bolso do COI, que é o dono do evento.

Mas e o orçamento geral das Olimpíadas? Esse número, ainda guardado a sete chaves pelo governo e pelos organizadores dos Jogos, é que realmente nos dará a dimensão de quanto teremos de desembolsar pelo ''sonho'' do Rio-2016. E é somente quando soubermos quais serão esses números que poderemos descobrir qual caminho o Rio irá traçar.

Estaremos mais próximos de Sochi e Pequim ou de Londres?

Os Jogos de Inverno que se iniciam logo mais bateram o recorde de gasto público numa Olimpíada. Superou em alguns bilhões os já estratosféricos US$ 42 bilhões que concediam a Pequim-2008 a liderança. Londres, por outro lado, promoveu os Jogos do orçamento enxuto. Com ''apenas'' 9 bilhões de libras, cumpriu todas as exigências do COI e entregou um evento impecável para o público e para os atletas.

A dois anos e meio dos Jogos Olímpicos, o Rio está muito mais para cumprir a sina dos países emergentes de cifras bilionárias e ganhos duvidosos com as Olimpíadas. A cada megaevento que passa, tem-se a certeza de que legado, mesmo, só quando um país desenvolvido, com baixa necessidade de investimento em infraestrutura, recebe o direito de abrigar a competição.

Os R$ 7 bilhões que o Rio apresentou como custo, dentro da conta que será, no mínimo, três vezes maior do que essa, acaba transformando o orçamento já apresentado para as Olimpíadas numa espécie de ''mentirinha''. Isso é o quanto custaria os Jogos se eles fossem disputados em qualquer canto do planeta. O dispendioso é o restante, que foge da esfera privada assegurar o financiamento…