Negócios do Esporte

Acordo de Neymar com Castrol já demonstra seu novo status

Erich Beting

O rosto do Brasil na Copa do Mundo no Brasil. Esse era, até a Copa das Confederações do ano passado, o status de Neymar perante o mercado publicitário. Principal jogador do Santos, o atleta tinha forte apelo no mercado interno brasileiro. Não à toa, tinha seus contratos com Nike, Red Bull, Volkswagen, Santander, Ambev, Heliar, Tenys Pé, Claro, Unilever, Mentos, Lupo e Panasonic. Todos eles tinham como peculiaridade a exploração exclusiva da imagem do atleta no mercado nacional, à exceção de Nike e Red Bull.

Não por falta de opção, mas sim pela falta de apelo de Neymar no mercado estrangeiro.

Hoje a biruta virou. Neymar foi anunciado como garoto-propaganda da Castrol para a Copa do Mundo (leia aqui). Agora jogador do Barcelona, o atleta é o rosto global da marca, como foi Cristiano Ronaldo para o Mundial de 2010.

O que mudou de meio ano para cá foi o status de Neymar. Apesar da fama do passado, o Santos hoje não é um clube de alcance global. O projeto de manter o jogador no Brasil até a Copa era utópico nesse sentido. A partir do instante que Neymar ganhou projeção dentro da seleção brasileira, não havia mais espaço para ele dentro do futebol nacional.

A ida para o Barcelona representa um outro patamar para a imagem de Neymar. Se, antes, o apelo dele como rosto da propaganda estava restrito ao mercado brasileiro, agora a história é bem diferente. Com o Barça, Neymar atinge diversos mercados. Seu rosto é estampado em diferentes países. Amanhã, na Liga dos Campeões, mais de 170 países verão o jogador em atuação pelo time espanhol.

Por mais aquecido que estivesse o mercado brasileiro, o apelo de Neymar era limitado ao tamanho do Brasil. Ao ir para o Barcelona, Neymar deixou de ser um astro local para se tornar global. Isso é um excelente motivo para explicar a mudança de clube do jogador, além da óbvia (e tumultuada) questão financeira.

O futebol brasileiro precisa entender que é urgente diminuir a defasagem em relação à expansão global do futebol europeu. Do contrário, chineses e americanos virão com milhões de dólares e uma excelente estratégia para preencher essa lacuna. E os jogadores terão novos mercados para expandirem suas marcas.