Negócios do Esporte

Os caminhos de Caio e Idel no “novo” marketing no futebol

Erich Beting

Caio Campos deixa o marketing do Corinthians e passa a ser consultor do Sport Recife. Idel Halfen assume como diretor de marketing do Fluminense, passando a ser remunerado para exercer a função.

Essas duas notícias foram os principais destaques da semana pré-Carnaval no marketing do futebol brasileiro. Afinal, a movimentação de profissionais de um clube para outro ou mesmo dentro de uma mesma agremiação é uma boa nova para o mercado.

A efetivação de Idel como executivo remunerado de marketing é semelhante ao movimento ocorrido no futebol da Europa no fim dos anos 90, quando profissionais do mercado começaram a ser contratados para trabalhar no gerenciamento de clubes. Foi o princípio da revolução dentro dos times, que passaram a pensar e agir com a mentalidade empresarial. Dentro de campo acontece o imprevisível, fora dele o trabalho precisa ser o mais racional possível para ter resultado.

Já a saída de Caio Campos, que estava há quase uma década no Corinthians, e a montagem de uma empresa de consultoria já com um cliente como o Sport revelam uma nova característica no futebol. O profissional que teve destaque consegue ser referência e levar outros a tentarem um caminho de profissionalização. Esse tipo de ação é muito comum hoje no mercado europeu e foi o que sustentou o crescimento do esporte nos EUA nos anos 80/90.

Executivos que tenham feito um excelente trabalho num determinado esporte monta o negócio próprio para ajudar outras modalidades e clubes que estejam num estágio anterior de desenvolvimento. Isso traz novas ideias para quem os contrata, mas não cria um ''choque de valores'' como acontece na maior parte das vezes quando um executivo de outra área de mercado desembarca no universo do esporte, com todas as suas peculiaridades.

Quando o futebol começa a abrir espaço para casos como os de Idel e Caio, é sinal de que novos tempos vão soprando. Os dirigentes, cada vez mais, sabem que o marketing é um departamento precioso num clube. É ele que alimenta a paixão do torcedor, que por sua vez é o combustível para o clube ganhar mais dinheiro e, assim, ter teoricamente melhores condições de montar equipes mais competitivas.

O que é preciso saber é até que ponto os dirigentes estão propensos a investir nessa profissionalização. O Corinthians, que parecia ser o clube com um processo irreversível de mudança de patamar, parou no tempo desde que o sinalizador atingiu fatalmente o boliviano Kevin Espada. Desde ali, Mário Gobbi perdeu a mão sobre o clube, que caiu dentro e fora de campo, sem conseguir implementar nenhuma grande novidade no mercado.

Os caminhos tomados por Caio Campos e Idel Halfen sinalizam um novo jeito de encarar o marketing no futebol. Resta saber se serão casos isolados ou movimentos que ditarão a tendência nos próximos anos. Nos EUA e na Europa o grande salto para a profissionalização surgiu a partir desses movimentos embrionários, mas sintomáticos. Mas como aqui é o Brasil, é melhor esperar para ver…