Na publicidade, pode já deixar a Copa com a Argentina
Erich Beting
A Copa do Mundo é da Argentina. Pelo menos no que se refere à publicidade relacionada ao Mundial, decididamente os argentinos são campeões do mundo. É só ver a nova campanha da Coca-Cola feita para celebrar a chegada da Copa por lá. Criada pela agência David, de origem brasileira, a peça é tão genial quanto os dois gols de Maradona naquele jogo contra a Inglaterra em 1986: o da ''mano de Diós'' e aquele em que metade dos jogadores ingleses foram deixados para trás.
Mas por que parece que só na Argentina a publicidade é capaz de ser assim tão perfeita na tradução do sentimento pelo futebol e pela Copa do Mundo? Um dos palpites é a de que o argentino nutre um sentimento único pelo país e pelo time nacional. Diferentemente do Brasil, em que há um misto de emoções e sensações a respeito da seleção, na terra vizinha a selección é a pátria, é o orgulho argentino, é o sentimento que nunca para.
No Brasil, a Copa das Confederações ajudou a escolhermos um caminho para trabalhar a relação do torcedor com o time brasileiro. Curiosamente, parece que a publicidade passou incólume pela faísca que foi o hino nacional à capela entoado nos estádios desde Fortaleza, na segunda partida da competição.
Desde sempre, a CBF deveria ter um plano para criação de uma identidade para a seleção brasileira. O afastamento dessa preocupação gera o afastamento da seleção do sentimento das pessoas. A Argentina ser campeã do mundo em publicidade ligada à Copa é mais uma prova de que o brasileiro não sabe, ao certo, o que espera do time nacional. Essa é a má notícia. A boa é a de que há uma tremenda oportunidade pairando no ar. O primeiro que se apropriar dela, vai fatalmente marcar sua história para uma geração inteira, mais ou menos como foi, lá atrás, o primeiro Valisère…