Negócios do Esporte

Investir em atleta é um enorme risco

Erich Beting

A Copa do Mundo representa uma oportunidade única para os atletas do Brasil. Nunca antes na história desse país os jogadores tiveram tantos patrocinadores pessoais como agora. É só dar uma olhada no levantamento exclusivo feito pela Máquina do Esporte para perceber. Os 23 convocados de Luiz Felipe Scolari vão representar 35 marcas no Mundial, além das empresas fabricantes de material esportivo (detalhes aqui).

A lista só não é maior porque algumas apostas, que pareciam certas, tornaram-se barcas furadas. E é isso o que mais chama a atenção. Desde sempre, investir em atleta, salvo algumas exceções, é um risco.

Basta lembrar um caso emblemático envolvendo essa seleção brasileira.

A Copa das Confederações foi um evento teste não apenas para Fifa e Comitê Organizador Local. Às marcas, o torneio serviu para direcionar os investimentos tendo em vista as ações de ativação na Copa do Mundo. Todos olhavam com carinho o que iria acontecer com a seleção e seus jogadores para direcionar, depois, a verba e errar o mínimo possível.

Em Brasília, Fortaleza, Salvador, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, cidades que receberam as partidas da seleção, a torcida brasileira mostrou que aquele time tinha um xodó. Em todo jogo, os gritos de “Lucas” eram ouvidos, numa espécie de clamor popular por uma figura que era, até então, tão midiática quanto Neymar no país.

Antes da Copa das Confederações, Lucas era a segunda opção comercial para as marcas. Adidas, Volkswagen, Gillette, Gatorade e Guaraná tinham no jogador contratado a peso de ouro pelo Paris Saint-Germain do São Paulo uma aposta segura. Os gritos da torcida eram mais uma prova disso.

Mas Lucas não foi a campo e, depois da conquista brasileira, paulatinamente foi perdendo espaço na cabeça de Felipão e da própria mídia, com quem ele se relacionava tão bem.

De uma hora para outra, era estranho olhar as campanhas em que lá estava ele falando com propriedade sobre seleção brasileira e Copa do Mundo. Na quarta-feira, simplesmente ninguém se lembrou de pedir por ele na lista dos convocados de Felipão.

Investir em atleta é uma aposta de alto risco para as marcas. Apesar de barato em comparação a outros investimentos, o risco de insucesso é diretamente proporcional à performance e conduta do jogador dentro e fora de campo.

A gangorra vivida por Lucas em um ano é só uma prova de que o tiro, muitas vezes, pode sair pela culatra…