Negócios do Esporte

Os novos dilemas que a Fifa terá com os atletas

Erich Beting

A Copa do Mundo se tornou um evento desproporcionalmente gigante para a Fifa. Em 40 anos, o evento saiu de uma competição entre países europeus e Brasil e Argentina para ser um acontecimento mundial. Muito graças à transmissão da TV cada vez mais massificada, a Copa chega, em 2014, representando uma espécie de encruzilhada para a Fifa.

O evento se tornou tão grandioso que é praticamente impossível controlar quem pode ou não pegar carona com ele. É só ver a quantidade de propagandas que surgem neste momento pré-Copa. Se, há 20 anos, a preocupação da Fifa era em assegurar que os direitos de transmissão não seriam violados, agora o problema é outro. A entidade precisa tentar proteger seus parceiros da ''carona'' que os concorrentes pegam por conta da grandiosidade do evento.

Nesse novo embate, os jogadores assumem um papel importante. Sem a verba – ou o espaço – para patrocinar o evento, as marcas vão atrás dos protagonistas do Mundial. Messi, Neymar, Cristiano Ronaldo e afins viram a alternativa para que as empresas falem com os consumidores de um modo a tirar uma casquinha da Copa do Mundo.

Ontem, a Beats lançou um interessante clipe, chamado ''O jogo antes do jogo'' (detalhes aqui). Nele, diversos atletas que estarão na Copa do Mundo usam o fone de ouvido da marca. Em 2010, na África do Sul, a Beats foi uma das empresas que mais se beneficiou da exposição gerada pela competição. Muitas vezes só promovendo a entrega de produtos, conseguia ter a marca exposta nos fones de ouvido dos jogadores. De olho nisso, a Fifa proibiu, agora em 2014, que os atletas usem aparelhos que não sejam da Sony, patrocinadora do torneio (detalhes aqui).

Vamos ver, a partir do dia 12, como será esse duelo entre as empresas. É bem provável que os jogadores que têm patrocínio abram mão de usar qualquer fone de ouvido. Até por uma questão contratual. As chuteiras continuam a ser a única barreira permitida pela Fifa para que os jogadores possam atuar na Copa do Mundo. A justificativa é de que ela ainda interfere na performance, e que a qualidade do jogo precisa ser preservada. Se os atletas resolverem fazer valer o fato de serem ''donos'' do espetáculo, a ''dona'' da Copa do Mundo terá de sentar à mesa e negociar. Em

2018 deveremos ver uma nova batalha envolvendo o Mundial e a Fifa. Depois da TV e dos patrocínios, os atletas passam a ser um novo dilema para a entidade. E nessa queda de braço é difícil prever quem conseguirá barganhar mais…