Negócios do Esporte

Barcelona perdeu mesmo o “més que un club”

Erich Beting

Em 2006, o Barcelona se tornou o primeiro clube de futebol do mundo a pagar para ter uma marca aparecendo na camisa. Depois de mais de uma centena de anos, o Barça abriu espaço para um ''patrocinador''. Mas em vez de receber para isso, o clube pagou para que a Unicef estivesse marcada na parte mais nobre do uniforme azul-grená.

A ação foi espetacular. Reforçou, e muito, o conceito de ''Més que un club'' que o Barcelona traz consigo desde que estabeleceu como meta se tornar o principal clube de futebol do mundo. O Barça era a vanguarda do futebol. Em vez de abrir espaço na camisa para que os milhões de dólares entrassem nos cofres, o clube buscava outras formas de obter grandes receitas.

O sonho de manter uma equipe de ponta sem precisar de um patrocinador de camisa ruiu assim que Sandro Rosell assumiu o comando do clube catalão. Com excelentes relações com o Qatar (ele foi o maior articulador da candidatura qatari para ser sede da Copa de 2022), Rosell anunciou um acordo inédito na história do Barcelona. Por 30 milhões de euros, a Qatar Fondation tirou a Unicef do peito da camisa do clube.

O conceito acabou ali. E, desde então, o Barcelona se tornou um clube comum. Embora ainda eclipsado pela disputa da Copa do Mundo, foi anunciado hoje mais um patrocinador na camisa. A Beko é a nova parceira do clube. E terá a marca estampada na manga do uniforme do Barça.

Em menos de três anos, de ''Més que un club'' o Barcelona se tornou um clube comum. Ao não mostrar para os parceiros comerciais melhores alternativas do que a exposição da marca na camisa, o Barça perde aquele charme que o tornava único.

A força da marca do clube, hoje, chegou a um novo patamar. Por incrível que pareça, muito mais baixo do que cinco anos atrás, quando anunciou o acordo de patrocínio de camisa mais valioso do mundo do futebol.

Será que é possível manter um clube com vários parceiros comerciais sem precisar lotear o uniforme? Qualquer equipe de ligas esportivas americanas provam que sim. Mas, para isso, é preciso ser ''Mais que um clube''. Pelo menos na concepção de clube que o futebol tem, mundialmente, até hoje.