A resposta dada pelo beisebol ao racismo
Erich Beting
Enquanto o Brasil começa a debater de forma mais profunda o racismo que se manifesta de forma mais contínua nos estádios de futebol, o beisebol americano encontrou um jeito interessante de encerrar a discussão sobre o tema. Desde 1997 que foi instituída a aposentadoria da camisa 42. De qualquer time que disputa a MLB, a liga local. O número foi usado por Jackie Robinson, atleta do Brooklyn Dodgers nos anos 40 e 50. Robinson foi o primeiro negro a vencer a barreira do preconceito e atuar pela MLB, esporte até então dominado pelos brancos.
Desde 2004, a liga foi além. E passou a adotar outra medida. Todo dia 15 de abril, todos os times vestem a camisa 42 nos jogos, para lembrar que todos são iguais. Em 15 de abril de 1947 Robinson estreou pelo Dodgers, passando a ser alvo de diversos tipos de preconceito durante as partidas da equipe.
Mas a atitude mais legal de todas talvez tenha partido do New York Mets. O time de Nova York, que foi fundado seis anos depois de Robinson parar de jogar, decidiu criar um memorial em homenagem ao atleta no Citi Field, seu novo estádio. Desde 2009, quando o local passou a funcionar, a Rotunda Jackie Robinson é um dos principais pontos de entrada para o Citi Field. Lá, um gigantesco número 42 está exposto, além de painéis gigantes com imagens do ex-atleta. Uma frase de Robinson também adorna o local, que serve como uma espécie de ponto de encontro até para ações de ativação de patrocinadores (veja algumas fotos aqui).
O local virou uma espécie de ''santuário'' do torcedor do beisebol para valorizar a cultura da igualdade e ensinar que todos somos iguais. Mais do que apenas punir ou apontar o dedo com os berros de ''culpado'' para quem cometeu um ato racista, é essencial que o futebol se una para ser exemplo e ensinar.
De nada adianta prender uma torcedora que foi preconceituosa. Isso não acaba com o racismo, apenas amedronta quem pensa dessa forma a não expor publicamente sua opinião para não ser preso. É preciso educar, mostrar que o legal é ser igual. Foi isso o que o beisebol fez para relembrar Jackie Robinson e todos os negros que conseguiram se inserir numa sociedade preconceituosa.
Punir é um caminho para criar responsabilidade às pessoas. Mas, muito mais importante do que isso, é educar.