Negócios do Esporte

A Copa passou. E pelo visto quase nada ficou…

Erich Beting

O Atlético-MG decide disputar no Independência a decisão da Copa do Brasil. Para conseguir gerar uma alta receita mesmo com o tamanho reduzido do estádio, o clube decide colocar a R$ 200 o preço mínimo do ingresso para a partida. Seria natural adotar essa estratégia se não houvesse outro lugar para enfrentar o maior rival da história do Galo.

Mas o Mineirão, reformado para a Copa do Mundo, está mais do que apto a receber o jogo. O Atlético x Cruzeiro dessa Copa do Brasil fez com que a competição se tornasse a mais interessante deste segundo semestre, mesmo com a definição do título brasileiro em andamento.

E o que faz o Atlético diante de tais circunstâncias? Usa o argumento técnico para justificar o injustificável. Alexandre Kalil pode argumentar que não se conforma em dar dinheiro para outro, ou que terá mais condições de vencer a partida jogando no Horto, ou qualquer outra desculpa que geralmente brota com ares de certeza absoluta da boca do mandatário alvinegro.

O fato é que, para variar, o futebol brasileiro dá mostras absolutamente cristalinas de que a Copa do Mundo passou e pelo visto quase nada ficou de aprendizado para o gestor esportivo no país.

Ao decidir mandar o jogo no Independência, cobrando de R$ 200 a R$ 700 o ingresso, o Atlético-MG desrespeita seu principal cliente, que é o torcedor. Um estádio mais acanhado significa ter menos gente para consumir o clube. Os preços absolutamente surreais que são cobrados são outra afronta para quem é apaixonado pelo clube e está disposto a assistir ao jogo. E o argumento de que é preciso fazer valer o ''fator casa'' na grande decisão é inválido a partir do momento que o Atlético já jogou e ganhou de Corinthians e Flamengo no Mineirão.

Não há erro algum no fato de o clube querer ganhar dinheiro no futebol. Pelo contrário, isso é importante e permite a quem faz isso ter mais verba para construir times melhores e, assim, ganhar mais títulos, que é o objetivo final do torcedor.

O que não se pode acreditar é que não se tenha aprendido absolutamente nada com o que se viu na Copa do Mundo. Apesar de toda ganância da Fifa, uma coisa era clara durante o Mundial. Havia sempre uma grande preocupação com o conforto do torcedor no jogo.

Enquanto o futebol brasileiro continuar a tratar o torcedor como um selvagem, será absolutamente incontestável decisões como essa tomada pelo Atlético-MG. O pior é saber que ainda haverá muita gente argumentando que ''futebol é assim'', sem perceber o quanto perde em imagem o próprio futebol ao se conformar com esse bordão…