Negócios do Esporte

Péricles ou Katy Perry? Paulistão ou Super Bowl?

Erich Beting

Neste final de semana, tivemos uma amostra evidente do abismo que separa a promoção do esporte nos Estados Unidos do restante do mundo. A realização do Super Bowl 49 deixou bem claro que ninguém é capaz de fazer o que fazem os americanos na grande final do esporte mais popular daquele país.

O show do intervalo protagonizado por Katy Perry lembrou, e muito, a performance da turma da animação ''Madagascar'' na música Fireworks, de autoria da cantora que comandou a festa no estádio do Arizona. Considerando que, na animação, a criatividade do autor é o limite para ousar no ''show'', o que se viu na noite de domingo foi um absurdo.

Em 12 minutos, o Super Bowl deu um tapa na cara de toda a indústria do entretenimento. Criou um show espetacular, fez do gramado um palco para o brilho de uma cantora e, além disso, reforçou para todo o mundo a soberania americana em promover um evento.

O show do intervalo de lá é tão aguardado quanto o jogo, já que costuma apresentar sempre uma inovação para o público em termos tecnológicos com artistas extremamente populares. É assim, principalmente, desde que Michael Jackson decidiu aprontar uma das suas no Super Bowl de 1993, na Califórnia.

Por aqui, não sabemos ainda como tratar o evento esportivo como entretenimento. Nossos gestores olham demais para a bola e se esquecem de ver o que pode ajudar o público a se engajar mais com o espetáculo.

Se bem que sempre há um alento. O Paulistão começou no sábado, por exemplo, tendo o hino nacional tocado em ritmo de samba com o vocal de Péricles, ex-Exaltasamba. E em versão completa! No intervalo ainda houve um show de acrobacias com a bola protagonizada por dois atletas contratados pela Chevrolet, uma das patrocinadoras do torneio.

Já é alguma coisa. Mas é algo tão distante da realidade de um Super Bowl, produzido de forma tão bisonha, que não dá para comparar. Ah, enquanto nos EUA montaram e desmontaram uma apresentação no intervalo da partida decisiva de um campeonato, em São Paulo o jogo começou com 6 minutos de atraso por conta ''de evento promovido pela FPF'', segundo o relato do árbitro do jogo.

Katy Perry ou Péricles? É uma questão de gosto musical.

Paulistão ou Super Bowl? Como evento, o que existe é um abismo sem igual…