Palmeiras repete sucesso do Arsenal que mudou futebol inglês
Erich Beting
O ano era o de 2005. O Arsenal havia acabado de abrir seu novo estádio, o Emirates Stadium. Time tradicional da cidade mais populosa da Inglaterra, com uma boa frequência de torcida no estádio, mas sem conseguir grandes performances em campo, o Arsenal começou a impressionar pelos números de arrecadação em bilheteria na nova casa.
Em dois anos, o clube conseguiu pagar o que havia previsto para dez anos. E iniciou uma nova era no futebol inglês. Na última década, os demais clubes começaram a reformar seus estádios, procurar alternativas para arrecadar mais, especialmente com os espaços corporativos, que até então eram receitas sub-exploradas.
Dez anos depois, o futebol brasileiro começa a perceber o quão benéfico pode ser um novo estádio para as finanças do clube. E o responsável é um clube que lembra bastante o Arsenal. Time tradicional da cidade mais populosa do Brasil, com boa frequência de torcida no estádio, mas sem grande performance em campo, o Palmeiras começa a impressionar por fazer, em menos de três meses, mais do que os outros times em arrecadação de bilheteria.
O ponto a se discutir, porém, é o mesmo que ronda os debates na Inglaterra desde 2008, quando o país entrou na crista da onda da crise financeira mundial. O preço dos ingressos é incompatível com a realidade da maioria da população. Isso não significa, porém, que o clube tenha interesse em baixar o valor cobrado pelo bilhete.
E esse é o maior problema que haverá para o mercado brasileiro se adequar após ajustar-se à realidade dos novos estádios. Só na Alemanha que o estádio novo não é confundido com ingresso caro.
O futebol no Brasil deverá passar, pelas próximas duas décadas, por uma mudança significativa de aparato esportivo. A tendência é que os estádios sejam remodelados e/ou construídos novas e modernas arenas. Essa é a notícia boa. A ruim é que, pelo caso de maior sucesso até agora, a tendência é que caiamos no erro de aumentar consideravelmente o preço do ingresso por isso. Sem melhorar a qualidade do produto, isso é péssimo.