Globo mira futuro em acordo inédito das Olimpíadas
Erich Beting
O acordo histórico fechado pela Globo até 2032 para transmissão dos Jogos Olímpicos revela também um pouco do que a emissora pensa para o futuro da televisão (leia os detalhes aqui). Ao fechar por mais quatro edições de Olimpíadas com o COI, a Globo mostra o quão poderoso poderá ser o evento para as pretensões de audiência dela.
Mas, mais do que isso, o modelo do acordo revela o quanto a TV aberta perderá influência no mercado nas próximas décadas. O negócio da Globo com o COI dá à emissora exclusividade nas transmissões da TV paga, internet e celular. Na TV aberta, o direito não será exclusivo.
No passado, quase todas as negociações da Globo tinham como premissa garantir a exclusividade em qualquer plataforma possível para as transmissões. Ao abrir mão de ser dona única das Olimpíadas na TV aberta, mas não nos outros meios, o Grupo Globo sinaliza a importância que internet, celular e TV paga terão para o mercado daqui para a frente.
Num universo em que a mídia se fragmenta a cada dia, é natural termos um consumo cada vez mais específico de conteúdo. Seja pelo feed de notícias das redes sociais, seja pelo tipo de pessoas que seguimos, seja pelo consumo ''sob demanda'' do audiovisual, potencializado pelos aplicativos das televisões com conexão à internet, nós vamos cada vez menos consumir produtos abrangentes e focar, cada vez mais, na individualização do conteúdo.
E, nesse sentido, o acordo firmado com o COI é para a Globo uma forma de se antecipar a esse movimento, que já abala a audiência da TV aberta, mas gera a ela uma manutenção da liderança a partir das outras plataformas. Como já exposto por aqui outro dia, o esporte para a TV aberta será um produto cada vez mais raro. Ao não se preocupar em garantir o conteúdo exclusivo para essa plataforma de um evento tão importante quanto as Olimpíadas, a Globo mostra que o futuro será, cada vez mais, dos meios por assinatura.
Sejam eles consumidos pela TV, internet ou celular.