Negócios do Esporte

Futebol só vê espaço para inovar em festa

Erich Beting

O jogo de despedida de Rogério Ceni mostrou que o futebol brasileiro teima em tratar como entretenimento no esporte apenas as partidas festivas.

O duelo entre os times campeões mundiais do São Paulo teve de tudo um pouco para os mais de 60 mil são-paulinos presentes ao Morumbi.

Foram 131 torcedores que pagaram mais para assistir ao jogo em poltronas na beira do gramado, teve show com o Ira! no intervalo, com direito a uma canja do M1to. E, a cada bola que estourava no fundo da rede, uma fumaça tricolor brotava atrás da meta, fazendo um barulho na TV e dando mais uma graça para o gol marcado.

Todas essas iniciativas não são invenções revolucionárias. Já existem há algum tempo e poderiam, tranquilamente, serem implementadas nos campeonatos existentes no país. Mas, num futebol que cada vez mais parece preocupado apenas em olhar para dentro das quatro linhas, aquilo que pode chamar a atenção do torcedor é deixado de lado.

Nos próximos 20 a 30 dias, veremos pelo país diversos jogos comemorativos, algo que se tornou uma marca do país nos últimos anos. E, na maioria dessas partidas, acompanharemos algumas inovações que procuram trazer para o público algo que vai além do jogo tradicional.

Por acaso haveria algum problema em levar algumas dessas ideias para dentro de campo também em partidas que valem título?

Curiosamente, esse tipo de inovação aparecia no futebol do Brasil há algumas décadas. Hoje, perdemos também a capacidade de pensar diferente. O que explica, em grande parte, por que o negócio ainda não decolou no futebol brasileiro.