Negócios do Esporte

Lugano põe em choque o marketing e o esporte

Erich Beting

A recepção para Diego Lugano no aeroporto de Cumbica feita pela torcida do São Paulo mostra o quanto a contratação do zagueiro é um fenômeno de marketing. Com Lugano de volta, o clube conseguiu, finalmente, criar um fato novo para o torcedor ter o desejo de consumir o time, tanto que rapidamente a camisa 5 que o marcou na primeira passagem pelo São Paulo se tornou a mais vendida na loja oficial tricolor (leia aqui).

A jogada de marketing, porém, durará até o instante em que Lugano entrar em campo. Ali, com a bola rolando, o zagueiro terá de corresponder à expectativa criada sobre a sua volta. Só assim será possível manter em alta a euforia do torcedor são-paulino.

 

E é exatamente isso que deixará claro, mais uma vez, que o marketing e o esporte não deixam de estar, constantemente, em conflito.

 

Quando da sua chegada ao Tricolor, Lugano foi jocosamente apelidado de ''zagueiro do presidente''. Contratação defendida pelo então presidente, Marcelo Portugal Gouvêa, o zagueiro uruguaio vinha sendo constantemente criticado pela má performance dentro de campo. Mas a partir da vitoriosa campanha da Libertadores-2005, o fio virou em favor de Lugano, transformando-o hoje num ídolo que chega com o status de Salvador da Pátria.

A volta do uruguaio lembra, em muitos aspectos, a contratação de Leônidas da Silva, em 1942. O atacante, então no Flamengo, foi apelidado de ''bonde'', pelo alto valor envolvido na sua aquisição e pela idade ''avançada'' que tinha à época (29 anos). Primeiro atleta marqueteiro que se tem notícia no futebol brasileiro, Leônidas foi recebido com festa na estação de trem, entrou em campo pela primeira vez com um Pacaembu lotado e, depois disso, se consagrou como o primeiro grande jogador da história do São Paulo.

Lugano pode repetir a trajetória de Leônidas. Mas tem um enorme problema pela frente. Será impossível não cair na tentação de comparar sua performance à da primeira passagem pelo São Paulo. E, nesse sentido, o tempo poderá ser muito cruel com o zagueiro uruguaio.

O marketing, como sempre digo por aqui, não consegue resistir a uma má performance em campo. Lugano é, até a bola rolar, uma baita contratação para o marketing tricolor. Resta saber se, depois que os jogos começarem, ele vai corresponder à expectativa e reeditar, agora com mais apelo comercial, a bela história que tem com o clube. Nesse período, porém, marketing e performance esportiva estarão constantemente em choque.

Férias – O blogueiro entrará em férias até o próximo dia 25. Até lá o blog ficará sem atualizações, a não ser que o FBI apronte mais uma vez…