Seleção brasileira mostra como inovar é fundamental
Erich Beting
Os últimos 20 minutos de Paraguai 2×2 Brasil foram eletrizantes. A entrada de Lucas Lima no meio-campo brasileiro, com Renato Augusto se transformando no único volante da equipe brasileira e o time passando a jogar com ousadia, deu uma outra esperança para o time que terminou o primeiro terço da caminhada à Copa do Mundo de 2018 numa preocupante sétima colocação e hoje afastado da lista de classificados ao Mundial.
Acuado após o segundo gol paraguaio, Dunga precisou partir, literalmente, para o ataque. Fez isso colocando uma formação de meio-campo nova, apenas com jogadores de origem ofensiva. O resultado? Pressão total da seleção no campo de ataque e dois gols marcados, com o desempate quase acontecendo no lance final da partida.
A situação vivida pela seleção brasileira é uma mostra clara de como a inovação é importante para o esporte.
Em meio ao caos e diante de sua maior adversidade no comando da seleção nesta segunda passagem pelo time, Dunga pode ter encontrado, na inovação, a chave para encontrar um novo modelo à seleção brasileira, muito mais próxima de nossa cultura ofensiva para enxergar o futebol, muito mais adequada ao futebol que é praticado nos grandes centros da atualidade.
Fazia muito, mas muito tempo que o Brasil não tinha controle total sobre um jogo como nos últimos 20 minutos do duelo com o Paraguai. E isso é revelador.
Uma das maiores características das marcas de sucesso é a capacidade de inovação que elas possuem. Historicamente, a seleção brasileira ficou marcada por isso. Na semana passada, reverenciamos Johan Cruyff em sua despedida da vida exatamente por ter sido um rompedor de paradigmas.
O futebol brasileiro está parado no tempo nos últimos 30 anos. Não nos dedicamos à inovação e, com isso, ficamos para trás da concorrência. Em meio ao caos, a seleção brasileira pode ter encontrado o seu caminho (escrevo o texto ainda sem ter visto a entrevista de Dunga após o jogo).
A Copa América poderá servir como laboratório para Dunga testar e repetir essa formação, concedendo à seleção um novo padrão tático que influenciará na forma de jogarmos futebol daqui para a frente, afinal é do topo da pirâmide que pegamos o exemplo para o restante da cadeia.
Muitas vezes nos perdemos pela incapacidade de inovar. Ou pelo receio de arriscar. No marketing esportivo praticado no Brasil, quase nunca a inovação aparece, quando na verdade ela deveria ser regra. Talvez os marqueteiros pudessem olhar os últimos 20 minutos do jogo do Brasil e se darem ao luxo de trocar a expressão ''é melhor não'' pela pergunta ''por que não''…