Caso da tocha mostra preço da falta de planejamento
Erich Beting
O comitê organizador dos Jogos Olímpicos divulgou, na última semana, o valor a ser pago pela Tocha Olímpica para quem for um dos 12 mil condutores da chama. O preço de R$ 1985,19 assustou muita gente e gerou uma enorme onda de reclamações no grupo reservado aos condutores no Facebook.
O caso rendeu a primeira crise aos patrocinadores. Pressionados, eles optaram por desembolsar a grana e dar para os condutores o mimo (leia os detalhes aqui).
A decisão coloca em evidência a questão de quanto a falta de planejamento atrapalha o negócio. O Rio-2016 demorou para definir o valor da tocha. Quando decidiu, o fez da pior forma possível. Simplesmente converteu o valor pago pela tocha de dólar para real e não se preocupou em dar melhores condições de venda para o consumidor.
A medida, impopular, colocou numa sinuca de bico as marcas, que tiveram de arcar com custos milionários, sendo que algumas delas não estavam prevendo comprar a tocha para os condutores.
Muitos podem se indagar o que representa, para as marcas, um custo extra de R$ 4 a R$ 5 milhões no orçamento milionário de uma Olimpíada. O problema é exatamente esse. Com o dinheiro já todo alocado no projeto olímpico, as marcas têm de repensar outros investimentos que seriam feitos para investir em algo que já estava, teoricamente, contemplado, que é a ação com o condutor.
O maior desafio que o Brasil tinha para as Olimpíadas era conseguir planejar e executar com maestria o evento. A alta do dólar já havia sido organizada com os patrocínios firmados em valor fixo para o câmbio. Não custava nada a mesma lógica ter sido aplicada para o valor a ser pago pela tocha olímpica.
Sem um planejamento bem detalhado, geralmente, os eventos estouram os orçamentos das empresas. O caso da tocha olímpica é só mais um a revelar essa máxima…