Negócios do Esporte

O marketing pode dar certo mesmo sem desempenho esportivo
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Erich Beting

''O melhor marketing que pode existir no esporte é a vitória''. Essa frase sempre serviu de amparo para os clubes justificarem o não-investimento em marketing. No Brasil, esse sentimento parece estar enraizado na cultura dos clubes e, também, dos torcedores e de boa parte da mídia que cobre o esporte.

Mas talvez um dos poucos segmentos em que o desempenho de um produto não precisa necessariamente ser bom para que ele seja consumido é o esporte. Como tem um enorme grau de fidelização entre o consumidor e a instituição esportiva (pode ser um clube, um atleta ou uma modalidade), o marketing serve apenas como meio para que a pessoa tenha cada vez mais interesse em consumir.

Uma prova concreta disso foi o resultado de uma ação que a Peugeot fez ao longo de todo o ano com o Flamengo. Em cada jogo do Rubro-Negro, um grupo de consumidores é presenteado com um ''Kit Torcida''. Além de ingressos para ver a partida de camarote, ele ganha uma camisa do clube e, ainda, acompanha o jogo ao lado de um grande ídolo do passado do clube.

É algo simples de se fazer, gera muito pouco custo e, obviamente, traz um enorme retorno. Por pior que esteja o desempenho do time dentro de campo, a simbologia que existe no fato de o torcedor poder estar ao lado de um ídolo, torcendo com ele, supera qualquer má fase da equipe. No máximo gera motivo de sobra para o atual perna-de-pau ser xingado com mais veemência, mas o convite para ir ao jogo se torna irrecusável.

Ao longo deste ano, 400 consumidores da fabricante de carros estiveram em partidas do Flamengo pelo Brasil. Num cálculo simples e rápido. Se cada um desses clientes mantiverem-se fiel à marca que proporcionou essa experiência, e na troca do próximo carro comprarem o modelo mais barato da Peugeot, eles teriam gerado R$ 12 milhões em vendas. Basicamente o mesmo que a empresa paga para patrocinar o clube.

Claro que esse é um exemplo absolutamente hipotético, já que a decisão do cliente para uma compra de um bem tão caro como um carro não é feita 100% na emoção. Mas a fidelização do cliente via esporte é uma ferramenta absolutamente eficiente.

Nos últimos anos, a miopia da indústria do esporte no Brasil confundiu muito o papel de um patrocínio esportivo. Quase sempre a exposição de marca é o único fator que leva uma empresa a considerar colocar dinheiro num projeto de esporte. A possibilidade de realizar diferentes ações a partir daquele patrocínio é geralmente colocada para escanteio.

No caso de Peugeot e Flamengo, aquela que parece ser a mais banal das ações pode gerar um retorno milionário em vendas, sem falar em outros benefícios intangíveis, como a própria promoção da marca pelo simples fato de o cliente ter tido uma experiência singular.

O maior entrave hoje para que haja um crescimento nesse tipo de ação é a falta de fôlego, dentro das empresas, para planejar o pós-patrocínio. A verba toda quase sempre é gasta para que ela consiga ter a propriedade. Depois, pouco, ou quase nada, sobra de dinheiro para que as ativações sejam feitas.

O flamenguista continuará a ser Flamengo, como diz o trecho inicial do hino do clube. O patrocinador que resolve se associar a um esporte tem de entender que esse é o maior ativo que existe para um projeto. A exposição da marca é absolutamente vital no processo, até para justificar parte do valor investido no patrocínio. Mas o trabalho que é preciso fazer após colocar essa verba é mais importante para fazer com que o investimento se pague.

É exatamente esse tipo de evolução que ainda falta para o mercado brasileiro. Mas que, aos poucos, começa a se revelar, numa ou outra ação aparentemente pequena.


Liga dos Campeões gera maior audiência da Band no ano
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Erich Beting

O duelo entre Barcelona e Milan, pela Liga dos Campeões da Europa, marcou mais um encontro entre Kaká, Robinho e Neymar. O duelo que envolveu três dos principais nomes de jogadores brasileiros em atividade no futebol europeu foi, também, o que rendeu a maior audiência da Band na transmissão do futebol este ano.

Primeiro, há de se fazer a ressalva. Quando digo que Neymar, Kaká e Robinhos são os principais nomes de brasileiros em atividade na Europa, não me refiro apenas à questão técnica. Eles são personagens que a mídia por aqui repercute constantemente e, também, são os que atraem maior legião de fãs brasileiros entre os que hoje estão em atuação no Velho Continente.

Daí, passamos para o segundo ponto. Faz um certo tempo que não há tanto jogador de renome do Brasil num jogo de relativo grau de importância num grande campeonato europeu. Simplificando: há quase meia década que os astros eram apenas Cristiano Ronaldo e Messi.

O resultado disso é que, no Ibope, a Band conseguiu marcar 11 pontos de audiência com o jogo (detalhes aqui). Foi a vice-líder e, também, passou a barreira dos dez pontos depois de mais de um ano.

Isso é ótimo para a emissora, mas revela um lado preocupante para o futebol no Brasil.

Cada vez mais, o público brasileiro prefere ver um jogo entre dois clubes europeus do que o de muitos clubes locais. Os motivos para isso são os mais variados. Passa obviamente pelo calendário, mas também tem muita relação com a qualidade do futebol que é jogado por aqui, pelas condições que o torcedor tem para ir aos estádios e principalmente pela promoção dos campeonatos por aqui.

A Liga dos Campeões é hoje responsável por 80%  de toda a receita anual da Uefa. Isso só é possível graças à intensa promoção que a entidade faz do campeonato que organiza. Da mesma forma, porém, a instituição promove a Europa Liga e as demais competições, que por serem menos atraente, geram menos receita, mas não deixam de ser importantes.

Aqui, a CBF senta em cima da enorme receita de patrocínios gerada pela força da marca da seleção brasileira. O produto interno, assim, é colocado para escanteio. Em vez de promover o Brasileirão e transformá-lo numa marca, a entidade foca os ''esforços'' no time nacional. Por outro lado, os clubes, atolados em seus próprios problemas, contentam-se com o aumento da receita de televisão e não percebem o detrimento do produto futebol como um todo.

Quando a maior audiência do ano de uma emissora que transmite futebol pelo menos três vezes por semana é de um campeonato da Europa, é sinal de que alguma coisa está precisando, urgentemente, ser revista.


Cancelamento da Soccerex é a síntese do estranho mercado brasileiro
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Erich Beting

Um comunicado oficial em vídeo no qual um executivo inglês tenta se explicar, visivelmente sem graça. Assim se encerra a história da Soccerex, vendida como a grande feira global de negócios no futebol, no Brasil. A edição de 2013, que aconteceria agora em dezembro, foi cancelada após um adiamento e uma mudança de local.

O cancelamento da convenção global da Soccerex é a síntese do mercado brasileiro de esporte. Totalmente dependente do investimento público para realizar grandes eventos, a indústria esportiva ainda não consegue se sustentar pelo setor privado. Prova disso são as contas altíssimas que o setor público está pagando para Copa do Mundo e Jogos Olímpicos.

A história da Soccerex no país é marcada por uma relação próxima ao governo do estado do Rio de Janeiro e pelo uso de milhões de dinheiro público para colocar em pé o principal evento para a indústria do futebol já feito no país. Desde 2010, era o governo do estado fluminense o responsável por bancar a estrutura para a Soccerex, que em ''troca'' garantia a vinda de representantes do exterior para o país, movimentando a economia. Só no ano passado, o custo da montagem da convenção foi de cerca de R$ 15 milhões. Somando-se aos gastos de 2010 e 2011, é bem possível que a conta chegue a quase R$ 50 milhões investidos ao longo dos últimos anos.

Em 2010, ainda com o espetáculo do crescimento nacional batendo à porta e espantando a marolinha, Márcia Lins, então secretária de Turismo e Esporte do Rio, celebrava o investimento público no esporte:

''Uma série de investimentos acontece. No ano passado, o governo gastou mais de R$ 70 milhões só no esporte, com recursos incentivados, realizando diversos projetos, eventos importantes, como trazer os Jogos Mundiais Militares, estar com a Copa do Mundo, com a Copa das Confederações e Jogos Olímpicos. Neste ano realizaremos a Soccerex, a maior feira de futebol do mundo que acontecerá no período da Copa do Mundo. Enfim, há uma série de iniciativas que planejamos estrategicamente para que possamos aproveitar todas estas oportunidades abertas pela a Copa do Mundo e Olimpíadas'', afirmou Lins em março de 2010.

Hoje, com os protestos batendo literalmente à porta do governador Sergio Cabral, o derrame de dinheiro do contribuinte para bancar uma festa para dirigentes do exterior parecia, realmente, uma aposta arriscada.

Sem o dinheiro do governo, a Soccerex mudou de data e de local. Havia estacionado no Maracanã. Os organizadores, assim, passaram a tentar trabalhar no improviso, manter as contas equilibradas e fazer o evento acontecer mesmo assim. Hoje, a menos de um mês de seu início, os ingleses decidiram dar para trás e passar o vexame de cancelar a feira.

Qual o prejuízo de imagem para o país que esse cancelamento gera?

Sinceramente sempre achei o propósito da Soccerex um tanto quanto inútil em solo brasileiro. A indústria do futebol é pequena e centralizada, não precisando de um evento único para reunir os profissionais e gerar negócios. Como por aqui  o mercado ainda engatinha, a feira se tornou muito mais um ponto de encontro no fim de ano do que propriamente um evento para fazer negócios.

Isso pode até ser um erro estratégico de quem achava que a feira serviria para fazer as pessoas ganharem dinheiro ao participar dela, mas há um prejuízo para o Brasil. Afinal, essa desistência dá uma boa mostra de como funciona a indústria do esporte por aqui. Na Inglaterra, berço da Soccerex, a convenção de Manchester tem forte apoio governamental. Mas, por lá, a reunião de empresas para gerar negócios é, de fato, eficiente.

Sem gerar negócios e precisando cancelar a feira em cima da hora, a impressão que fica para o estrangeiro é que, diferentemente do que Pero Vaz Caminha profetizou lá em 1500, no marketing esportivo do Brasil em se plantando, nem tudo dá…

A indústria esportiva brasileira ainda passa por um processo de formação. O mercado ainda tem um comportamento ''estranho'', por assim dizer. A menos de oito meses da Copa do Mundo, a principal feira de negócios de futebol é cancelada por não conseguir ter dinheiro para acontecer. Não deixa de ser incongruente. Mas, sem dúvida, é bastante revelador.

Fazer do esporte uma profissão no Brasil ainda é uma tarefa complexa. A dependência do setor político deixa o mercado absolutamente instável, o que afasta investimento mais consistentes. Por outro lado, o investidor privado, inseguro, raramente monta um plano estratégico tendo o esporte como principal foco. E, assim, o barco segue a maré. Na alta, com mais dinheiro e, na tormenta, procurando o colete salva-vidas. A Soccerex é só mais uma que não encontrou o colete…


Jogador de futebol americano lançará ações próprias na bolsa
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Erich Beting

Imagine se Michael Jackson tivesse lançado ações na Bolsa de Valores? Quantas pessoas comprariam uma ação do astro da música? Esse é mais ou menos o pensamento que guia o mais controverso IPO (Oferta Pública Inicial de ações) que deve ser feito na Bolsa de Valores dos Estados Unidos nesta semana.

A empresa Fantex decidiu criar um novo tipo de negócios para operar em bolsas. O fundo terá uma carteira de atletas. Esses, individualmente, serão transformado em empresas e ''lançados'' na Bolsa. A ideia é captar dinheiro com essas ofertas públicas de ações e, em troca, dar aos acionistas participação sobre parte dos rendimentos dos atletas. O modelo de negócios é até similar aos fundos de investimento em jogadores que têm pintado no futebol. Mas com uma enorme diferença, já que prevê a participação individual dos atletas.

O jogador de futebol americano Arian Foster será o primeiro a testar esse modelo, em IPO prevista para acontecer ainda esta semana.

Serão 1.055.000 ações colocadas à venda a US$ 10 cada. Com isso, espera-se levantar US$ 10,550 milhões. Desse montante, US$ 10 milhões vão direto para o atleta. O restante ficará para a Fantex. Não será possível a nenhum comprador obter mais do que 1% das ações.

Em troca, Foster, que é running back do Houston Texans, fornecerá 20% de sua receita para os seus acionistas. O valor, porém, não vai incidir sobre contratos prévios, investimentos pessoais do atleta, pagamento de salários não-relacionados ao futebol americano, pensão do sindicato dos atletas e obras de autoria do atleta (letras de músicas e livros, por exemplo).

A ideia, claramente, é aproveitar o potencial comercial de Foster. E, logicamente, esse é um movimento típico que só pode acontecer com um mercado esportivo absolutamente maduro e desenvolvido como o americano.

Poucos atletas conseguem ser, de fato, empresas. Nos EUA, a proporção logicamente é maior, já que há uma cultura de investimento no atleta como garoto-propaganda, palestrante, consultor, etc. Por aqui, esse tipo de iniciativa raramente conseguiria dar certo. Não apenas por um controle grande feito pela Bovespa para permitir IPOs de empresas, mas pela falta de maturidade do mercado de atletas.

Na bela história de Foster, a possibilidade de ganhos com os negócios do atleta é real. Mas, da mesma forma, a chance de a ''empresa'' naufragar é enorme. Especialmente pelo risco de lesão, que torna a ''companhia'' muito frágil. O conceito é interessante e, num mercado como o dos EUA, pode realmente pegar. Para outros lugares, ainda precisaríamos de uns 30 anos, pelo menos, para que um negócio desses funcionasse.

O risco maior, porém, continua a ser entender o quanto a performance esportiva vai interferir na especulação sobre o ''valor'' da empresa Arian Foster.


Nike escala artistas para revelar camisa do Brasil na Copa
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Erich Beting

Ivete Sangalo, Thiaguinho, Naldo, Marcelo D2 e Anitta. Essa é a escalação do time que vai apresentar ao público a camisa da seleção brasileira que será usada na Copa do Mundo de 2014. O quinteto faz parte do megaevento que a Nike preparou para promover o lançamento do uniforme que será usado pelo time brasileiro no Mundial.

Batizado de ''Festival dos Esportes'', o evento acontecerá no domingo, dia 24 de novembro, no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. O roteiro prevê uma corrida de rua (a partir das 8h), partidas de futebol 4×4 (a partir das 10h), apresentações de skate (a partir das 12h) e o show com os artistas (a partir das 17h). A expectativa é de que quase 100 mil pessoas estarão presentes ao longo do dia de atividades.

A ação tem como objetivo, além de promover o lançamento da camisa da seleção, ativar outros importantes segmentos de vendas da empresa. O mercado de corrida de rua e o skate são dois dos focos da marca no país.

A estratégia de fazer um megaevento repete, em escala ampliada, o que a própria Nike fez para lançar a camisa usada pelo Brasil na Copa das Confederações. Na ocasião, a empresa mostrou as camisas azul e amarela em três dias de eventos na praia de Copacabana, mas que só reuniam a temática do futebol e um show de Seu Jorge.

O uso do Rio de Janeiro como palco dos lançamentos, em eventos abertos ao público, faz parte do posicionamento da Nike para bater de frente com a Adidas, patrocinadora da Copa do Mundo. Até 2012, as camisas da seleção geralmente eram apresentadas em eventos fechados para a imprensa. Alguns deles aconteciam no exterior.

Com os eventos próximos ao público, a Nike acaba ''invadindo'' o terreno do Mundial e marcando sua presença junto ao consumidor. O Rio de Janeiro, nesse sentido, tornou-se a capital da marca no país. Afinal, em 2016 ela será patrocinadora dos Jogos Olímpicos na cidade.


Dakar quer largar no Brasil para “ganhar” o país
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Erich Beting

Mais tradicional rali do mundo, o Dakar traçou uma nova estratégia para tentar ganhar o mercado brasileiro. Nas últimas semanas, Etienne Lavigne, diretor da prova, esteve no país negociando com os governos do Rio Grande do Sul e Paraná. A informação, publicada nesta sexta-feira pela revista ''Motociclismo'', revela parte do projeto da Amaury Sports Organisation (ASO), a empresa responsável pela organização do Dakar.

Desde que deixou o tradicional percurso Paris-Dacar, a ASO trouxe para a América do Sul o rali. No início de 2014, ele passa por Argentina, Bolívia e Chile. A ideia da empresa francesa é fazer com que, em 2015, a largada ocorra no Brasil. Porto Alegre, Foz do Iguaçu e Curitiba são as pretendentes, pela proximidade com os países que recebem o restante do circuito off road. Com isso, a expectativa é atrair o interesse das empresas do país pelo Dacar.

À ''Motociclismo'', Lavigne afirmou que ''o Brasil está em evidência'', já que em 2014 organiza a Copa do Mundo e, em 2016, os Jogos Olímpicos. A ideia é fazer com que o Dakar se insira entre os dois megaeventos. A favor da ASO estão os números relativos ao rali. No último ano, quase US$ 500 milhões de impacto nos três países em que foi organizado (Argentina, Chile e Peru). A audiência mundial foi estimada em 1 bilhão de pessoas, enquanto o público que compareceu aos espaços em que o rali aconteceu foi de 4,6 milhões de pessoas.

A passagem do Dakar pelo Brasil também pode ajudar a ASO a alavancar a receita com patrocínio e inscrição de equipes. A meta é atrair empresas nacionais ou multinacionais que têm no país boa parte de seus lucros. Petrobras, Shell e Pirelli são algumas das marcas que enchem os olhos dos organizadores do rali.

Essa aproximação do mercado brasileiro envolveu até mesmo a estratégia de divulgação do Dakar. Pela primeira vez a edição de 2014 tem material de divulgação e uma assessoria de imprensa contratada exclusivamente para cuidar da promoção do rali no país. Em maio, executivos da ASO estiveram em São Paulo para apresentar a competição.

Oficialmente, o Dakar e a ASO não comentam sobre as reuniões que estão em andamento com o mercado brasileiro.

Tendo no Rally dos Sertões seu maior concorrente pelo piloto brasileiro, o Dakar tenta também reduzir a dependência do mercado europeu. No ano passado, 64% dos competidores ainda eram oriundos do continente, que sempre foi o ''motor'' da competição. O crescimento da segunda temporada na América do Sul já foi palpável. Foram 27% dos competidores originários do continente, ante 9% em 2012, quando o Dakar desembarcou forçadamente na região.

Com o mercado brasileiro fazendo parte do rali, a expectativa é aumentar a presença dos sul-americanos na prova, até para ajudar no engajamento maior do público.

Para o plano dar certo, porém, o mercado nacional precisa estar com os olhos voltados para alternativas que vão além de Copa do Mundo e Jogos Olímpicos. O que, em 2015, está difícil imaginar que possa acontecer.


Parabéns, Federação Paulista de Futebol! Isso é que é bom senso
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Erich Beting

Na busca do futebol brasileiro pelo bom senso, a Federação Paulista de Futebol (FPF) resumiu o que ele significa.

O Paulistão Chevrolet 2014 será disputado da seguinte forma. Os 20 clubes estão divididos em 4 grupos de 5 times cada. Mesmo assim, o campeonato terá 19 datas.

Vamos tentar elucidar esse ataque ao bom senso.

Sim, os times estão divididos em grupos, mas eles não se enfrentarão. Eles vão jogar contra os adversários dos outros grupos!!!!!

No final das contas, numa absurda situação, você pode perder todos os seus jogos e mesmo assim estar classificado para a fase seguinte do campeonato!

Só resta chamar os míticos personagens de José Roberto Torero, o Tico e o Teco, para explicarem o estorvo que fizeram dessa vez.

No momento em que os jogadores se unem para pedir bom senso no futebol, a FPF dá uma aula do que deve se fazer. Pelo menos para uma coisa isso servirá. Os recordes negativos de audiência, que a cada ano são batidos nos Estaduais, dessa vez deverão beirar o ridículo no Paulistão.

A Chevrolet deve estar percebendo agora a sombra em que ela foi amarrar o carro dela…


Americanos vêm ao Brasil para fazer da MLS melhor liga do mundo. Em 2022!
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Erich Beting

Na última semana, um grupo de executivos da Major League Soccer (MLS) esteve durante dois dias no Brasil para fazer visita a alguns veículos de mídia e conversar com algumas pessoas da indústria do esporte no país. Em pauta, os planos da MLS para o futuro e, mais do que isso, a abertura de canais de comunicação do futebol jogado nos Estados Unidos com o Brasil.

Tudo isso tem um claro objetivo: em 2022, a MLS quer se tornar a melhor, ou pelo menos uma das melhores, liga de futebol do mundo.

Além do pessoal de relações públicas da MLS, estava presente Jeff Agoos. O nome, para quem já passou dos 25, não é de se estranhar. Agoos era jogador da seleção americana nas Copas de 1998 e 2002. Depois de ''debutar'' na MLS em 1996, seguiu carreira nos Estados Unidos até encerrá-la, em 2005. Desde então, ele atuou em cargos técnicos no New York Red Bull e, desde 2011, é diretor técnico da MLS.

Na conversa que o blog teve com o agora executivo, ele disse que a vinda ao Brasil tem uma missão de abrir caminho para a chegada, em 2014, do time de futebol dos Estados Unidos que disputará a Copa do Mundo. Mas, além disso, a ideia é saber qual o posicionamento que a MLS tem no mercado brasileiro e de que forma ela pode se tornar mais conhecida por aqui.

A promoção internacional da MLS é um dos pilares que sustentam o projeto de crescimento e fortalecimento da liga. Segundo Agoos, para chegar em 2022 como uma das maiores do mundo, a liga americana precisa de quatro itens, fundamentalmente:

1 – Qualidade dos jogadores
2 – Paixão e engajamento dos torcedores
3 – Relevância para o mercado (mídia, entidades políticas e patrocinadores)
4 – Valor da empresa

Hoje, a MLS trabalha nessas quatro frentes. Os quatro pilares que são estratégicos para os americanos são esses. Para que a liga seja considerada forte, é preciso ter bons jogadores, os clubes serem competitivos e a liga ter qualidade igual ou superior às grandes do exterior.

Além disso, é preciso que os clubes consigam engajar os torcedores, fazê-los comparecer aos jogos, comprar produtos oficiais, pacotes de transmissão pela TV e internet, buscar se conectar o tempo inteiro com o time.

Paralelamente a tudo isso, a MLS precisa ser relevante. A televisão precisa querer mostrar as partidas, os jornais e os veículos de internet têm de cobrir o dia-a-dia dos clubes e dos atletas e, também, as cidades e os políticos têm de demonstrar interesse em ter o clube na sua região.

Por fim, outra forma de valorizar a MLS é fazer com que os clubes sejam valiosos. E aí a questão é grana mesmo. Na MLS, assim como nas demais ligas profissionais americanas, o dono dos times é a liga. Os clubes funcionam como uma espécie de ''cota''. O cara, quando compra o clube, tem o direito de ser o representante dele. Ele se torna, então, um sócio da MLS.

Agoos usa alguns exemplos para explicar os quatro pilares. Hoje, a MLS começa a ter jogadores de renome internacional atuando nos seus times. David Beckham é sempre o exemplo mais estrelar, mas o executivo lembrou também que boa parte do time dos Estados Unidos que se classificou com sobras para a Copa do Mundo atua no país. A ideia, agora, é buscar estrangeiros.

Nacionalmente, nunca a mídia deu tanta bola para o soccer jogado na Terra do Tio Sam. Além disso, a transmissão internacional tem crescido ano a ano. O Brasil é citado como exemplo por Jeff, que classifica a eminente entrada do Orlando City, de propriedade de um brasileiro, como mais um motivo para o país se interessar pela MLS.

Por fim, dois dados são colocados como sintomáticos pelo executivo para explicar o sucesso do modelo de negócios da MLS. O primeiro é a mobilização da comunidade de Orlando nos últimos meses para aprovar um financiamento para a construção do estádio em que o Orlando City mandará suas partidas. Já dentro dos padrões da MLS, ele foi a ''senha'' para que o clube em breve faça parte da liga. O outro é o preço pago pela franquia de Nova York, que incorporará à liga no ano que vem: US$ 100 milhões. Em 1995, os donos dos clubes pagaram US$ 5 milhões para ter a licença.

''A NFL, nos anos 70, tinha um valor de mercado de US$ 200 milhões. Hoje, já está em alguns bilhões'', cita Jeff Agoos, mostrando claramente quem é o modelo para que a MLS consiga atingir seus objetivos.

Sim, ainda estamos falando de futebol. A receita para que os americanos, em 10 anos, se tornem donos da liga mais poderosa do mundo está colocada à mesa. Às claras. Com objetivos bem definidos, que mesclam um bom negócio com entretenimento para os torcedores.

Depois de desligar o telefone com o executivo, fiquei com aquela pergunta na cabeça.

''Se alguém quiser conversar sobre o Campeonato Brasileiro e sua promoção no exterior, com quem devemos falar''? Há dois anos, desde a implosão do Clube dos 13 (que já não era o melhor dos mundos, diga-se de passagem), não existe um representante que possa pensar no Brasileirão como um todo.

Pelo visto, daqui a dez anos vamos ter de mandar um representante brasileiro para os Estados Unidos para aprender como gerenciar e recuperar a imagem do nosso futebol…


Vergonha de quê?
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Erich Beting

''Vergonhaaaaa, vergonhaaaaa, vergonha, time sem vergonha''…

Assim parte da torcida do Palmeiras ''celebrou'' o regresso do clube à Série A do Campeonato Brasileiro, em 2014.

Sim, é verdade que quem entoou esse coro foi o grupo da Mancha Alviverde, a mesma torcida que usa o nome e a marca do clube sem dar absolutamente nada em troca para isso, e que o grito foi rapidamente sufocado por vaias do restante dos mais de 30 mil presentes no estádio do Pacaembu. É verdade, também, que, se não tivesse havido o racha entre a torcida organizada e a diretoria, no começo do ano, possivelmente ela só cantaria e vibraria pelo alviverde inteiro.

Mas ficou um quê de vergonha para o torcedor palmeirense neste ano de 2013, não há dúvida.

Vergonha de ver o time ter de jogar a Segundona pela segunda vez.

Vergonha de não conseguir duelar com ''a elite'' no Paulistão, na Libertadores e na Copa do Brasil.

Vergonha de ver os rivais celebrarem as vitórias enquanto só restava ao torcedor palmeirense ficar ligado no pay-per-view ou nas raras ocasiões em que a TV aberta decidia abrir espaço para o outrora alviverde imponente.

Vergonha criada, principalmente, pela vergonha da diretoria palmeirense em assumir a fraqueza e transformá-la em virtude.

Há dez anos, Palmeiras e Botafogo inauguraram a era de que ''time grande cai'' no futebol brasileiro. Depois das mesas viradas e subidas-relâmpago, a CBF tomou o mínimo de juízo e decidiu impedir que mesas tombassem em detrimento da moral já abalada do futebol tupiniquim. Naquela ocasião, em que tudo era novidade, inclusive o comportamento do torcedor diante da hecatombe, era justificável que o clube centrasse os esforços no retorno à elite.

Em cinco anos, porém, essa história mudou. Depois de o Atlético-MG ter feito algum estardalhaço com a euforia do torcedor no regresso à elite em 2006, foi a vez de o Corinthians fazer do limão da Série B uma boa limonada. O ''Bando de Loucos'' que embalou o time desde então foi formado ali, no doído rebaixamento na última rodada do Brasileirão de 2007. Surgiu o conceito do ''Eu nunca vou te abandonar'', que impulsionou as vitórias e as vendas corintianas até ''O Portão'' tocar em alto e bom som num Pacaembu lotado e orgulhoso do retorno de um gigante para a Série A.

O Palmeiras, porém, abandonou o marketing em 2013. Não era de se esperar que a gestão de Arnaldo Tirone fizesse algo quando o time caiu, em novembro de 2012. Mas um belo texto publicado naquele fatídico 18 de novembro, no site oficial do clube, tinha tudo para se transformar no mote da subida. O término dele era emblemático.

''Palmeiras, um amor sem divisão''.

Não há vergonha no amor. Ou pelo menos não deve haver. No dia seguinte, na praia do Leblon, no Rio de Janeiro, o presidente Tirone resumia o óbvio. ''Curtir'' o luto do rebaixamento com banho de mar era tudo o que uma dor de amor partido não precisava. E o ''amor sem divisão'' foi sendo colocado para escanteio pelo departamento de marketing do Palmeiras.

Era impossível condenar qualquer clube em 2002 que não fizesse nada pelo torcedor quando o time fosse rebaixado. É impossível, hoje, esquecer daquele que é o mais apaixonado por ele tão logo acontece uma queda, independentemente do tamanho dela.

Mas o Palmeiras esqueceu que o amor não tem divisão.

A tal ponto que, nem na nova diretoria, que prometia sempre pensar pelo bem da instituição tão maltratada nos últimos anos, o torcedor foi colocado em primeiro plano. Talvez por vergonha de admitir que a realidade era aquela, a da Série B. Talvez por não entender que é preciso alimentar a paixão para ser ainda melhor.

A vergonha, afinal, é de ver o time na Série B? E qual é o problema disso? O grande barato da paixão clubística é exatamente o fato de ela nunca dividir, mas sempre multiplicar, para usar a espetacular definição de Mauro Beting.

O que mais alimenta o marketing esportivo é a paixão do torcedor pelo clube, pelo atleta, pelo esporte. As marcas no esporte são fortes como nenhuma outra consegue ser. Só com muito descaso pelo torcedor que o sentimento de vergonha suplanta o do amor.

O maior erro do Palmeiras não foi ter caído, mas foi não ter aproveitado a queda para fazer ressurgir a paixão de seu torcedor pelo alviverde inteiro. Um clube que se orgulha de ter milhões de torcedores não soube olhar por eles.

Se, no dia da volta, quando o palmeirense pode finalmente olhar nos olhos dos torcedores rivais sem aquele sorriso amarelo, surgem vaias e gritos de ''time sem vergonha'' no estádio, o que será dali para a frente?

Pelo menos o ano do primeiro centenário palmeirense será celebrado junto dos maiores rivais. Resta saber se a diretoria deixará de ter vergonha do amor que existe pelo clube. Independentemente da divisão.


Juve e Manchester mostram o poder global das suas marcas
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Erich Beting

Quanto vale um contrato com um clube de futebol para uma marca esportiva?

A pergunta volta à tona neste momento do ano dentro de clubes e empresas fornecedoras de material esportivo no Brasil. Atlético-MG e Cruzeiro são hoje os dois maiores ''ativos'' disponíveis no mercado nacional. O Cruzeiro encerra o acordo com a Vulcabras, enquanto o Galo já havia dado o ultimato à Lupo e agora faz um leilão entre fabricantes.

Enquanto isso, na Europa, a Juventus confirma a ruptura do contrato com a Nike e a assinatura com a Adidas. A partir apenas da temporada 2015/2016. O contrato, conforme divulgado pelo clube italiano, é de  23,25 milhões de euros por ano, o que coloca a ''Vecchia Signora'' como a dona do melhor contrato de fornecimento de material esportivo da Itália.

Já o Manchester United finalmente chegou a um acordo avaliado em 60 milhões de libras ao ano com a Nike, igualando o contrato que o Chelsea fez com a Adidas no começo do ano e recolocando o clube no topo dos valores mundiais de fornecimento de material esportivo.

Os quatro casos elucidam muito bem o potencial de arrecadação que o futebol brasileiro ainda não conseguiu provar que tem. As cifras aparentemente estratosféricas que Juve e Manchester conseguiram são explicadas pelo desempenho que ambos apresentam quando se fala em vendas de camisas.

De acordo com a consultoria PR Marketing, da Alemanha, nos últimos cinco anos o Manchester vendeu, em média, 1,5 milhão de camisa por temporada. Faça a conta simples. Se a camisa é vendida a 30 libras para o lojista, o acordo se paga só com a venda de produto, sem considerar qualquer verba gasta em promoção da marca pelo clube.

Segundo a mesma consultoria, a Juventus vende um pouco menos, entre 500 e 700 mil camisas por temporada. No caso da Juve, se a conta não fecha diretamente na venda de uniforme, entra o fator preponderante para a marca Adidas, de tirar a equipe mais popular da Itália das mãos de sua grande rival.

As vendas significativas tanto de Juve quanto de Manchester mostram o abismo entre o mercado brasileiro e o europeu. E o quanto o clube brasileiro ainda não aprendeu a faturar em cima do seu torcedor.

Em 2009, o Flamengo bateu a marca de 1 milhão de peças vendidas. Não chegou a ser apenas camisas, mas a maior parte das vendas foi do uniforme de jogo. O Corinthians campeão mundial do ano passado também alcançou cifras próximas a isso. Potencialmente há mais compradores para o que os clubes vendem hoje.

Só que ao repararmos o volume de vendas que os clubes com os contratos mais valiosos do mundo gera, os times maiores do Brasil não ficam longe disso. Quando é feita a comparação de valores, porém, o abismo é gigantesco. O maior contrato do país, hoje, é de pouco mais de 10 milhões de euros.

Falta ao clube brasileiro conhecer muito mais a marca que possui, o potencial de venda que ela tem e, aí sim, o real valor que ela tem. Do contrário, seguiremos a pensar com a cabeça do Atlético Mineiro, que no ano passado fechou acordo com quem lhe ofereceu mais valor e, agora, faz leilão para tentar encontrar alguém que consiga não só vestir o clube, mas levar o produto até o consumidor…