Negócios do Esporte

A NBA ensina o básico ao esporte no Brasil
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Erich Beting

Amanhã o Brasil receberá, pela primeira vez, uma partida entre dois times da NBA, a liga de basquete dos Estados Unidos. Mais do que o marco histórico que representa, o jogo entre Chicago Bulls e Washington Wizards é, para o mercado brasileiro, uma aula básica de como trabalhar o esporte.

Para começar, a partida que se realiza amanhã começou a ser ''disputada'' no começo da semana, com a chegada dos times e a exposição máxima dos jogadores na mídia por todos esses dias.

Além disso, a NBA estimulou os parceiros comerciais da entidade a realizarem diversas ações pelo Rio de Janeiro envolvendo o duelo inédito na cidade. Com isso, também fizeram com que os cariocas respirassem o jogo, e a liga, durante toda a semana.

O grande evento, porém, aconteceu na quinta-feira, com o ''Dia do Fã''. Cerca de 4 mil torcedores estiveram no HSBC Arena para ver os jogadores de perto, ficarem ''imersos'' numa série de eventos e, ainda, dois jovens torcedores tiveram a oportunidade de tentar arremessos de três pontos dentro da quadra.

Todo esse investimento que a NBA faz em promover a liga é uma aula básica de como o esporte precisa trabalhar o torcedor.

Depois do atleta, a torcida é a grande responsável para um determinado esporte ser grandioso. Quando mais fãs uma modalidade tiver, mais chances ela terá para faturar com patrocínio, televisão e, principalmente, vendas.

Ao colocar o torcedor em primeiro plano, a NBA faz o óbvio. Quem alimenta a força da liga é o torcedor. O dinheiro dele proporcionará um aumento de receita com a venda de produtos e atrairá patrocinadores e mídia. Isso, por sua vez, leva o esporte a ter mais dinheiro para remunerar melhor os atletas.

Parece básico, e até certo ponto não deixa de ser.

Mas a pergunta é. Qual esporte no Brasil se preocupa realmente em colocar o torcedor no centro das atenções? Isso, no mercado americano, é algo básico, existe desde o momento em que se percebeu a força que o esporte tem para atrair as pessoas. Na Europa, foi essa mudança de pensamento que proporcionou que Liga dos Campeões, Premier League e Bundesliga se tornassem referências mundiais no futebol.

Manter acesa a chama do consumidor é um princípio básico de gestão em qualquer empresa. O esporte no Brasil tem muito a aprender nesta semana com a NBA.


A crise na Europa se reflete nos ingressos da Copa de 2014
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Erich Beting

O Brasil não conseguiu bater o recorde de pedidos na primeira fase de venda de ingressos para a Copa do Mundo. Foram pouco mais de 6 milhões de requisições. A expectativa inicial era de que fôssemos alcançar o maior número de pedidos da história das Copas, que assim ainda pertence à Alemanha-2006 (mais de 8 milhões na fase inicial, quando não se sabe quem jogará as partidas).

Ao analisarmos a lista dos dez países que mais requisitaram ingressos, porém, fica claro que o Brasil só não bateu o recorde de requisições pela crise que assola a Europa e um pouco também os EUA. O Velho Continente simplesmente ''desapareceu'' do ranking dos dez mais. Só para se ter uma ideia, na Copa de 2006, mais de 90% dos pedidos de ingressos foram feitos por europeus. Para 2014, não chegou a 10% .

Ok, obviamente é preciso descontar o fato de que, em 2006, o Mundial era, literalmente, no coração da Europa. Mas, claramente, a falta de dinheiro por lá faz com que as pessoas tenham receio em gastar o quanto se projeta para vir ao Brasil no ano que vem. Tanto que, entre os dez países com mais solicitações, apenas Alemanha e Inglaterra estão como representantes dos europeus. Não por acaso, são também as duas nações em condições econômicas melhores do que o restante do continente.

Na lista dos ''dez mais'' da Fifa, chama a atenção o crescimento do interesse de australianos e canadenses pela Copa. Outra previsão que se faz, e que não era difícil de acreditar que seria diferente, é a invasão dos latino-americanos. Argentina, Chile e Colômbia figuram no ranking também.

Claramente, o mundo mudou bastante desde que o Brasil foi eleito sede do Mundial, lá em novembro de 2007. Naquela época, a economia estava aquecida, o Brasil ainda começava a crescer, e a escolha parecia fazer com que o ''país do futebol'' realizasse a Copa dos Sonhos para muitos apaixonados pelo futebol. Nos últimos seis anos, as finanças no mundo ficaram de cabeça para baixo, o país do futebol deixou de ser tão maravilhoso assim e, no fim das contas, a Copa do ''nunca antes na história'' ainda vai ter de esperar.

A Copa no Brasil desperta o interesse de muita gente. Tanto que um recorde batido é o número de nações que requisitaram um bilhete: foram 203 países que solicitaram pelo menos um ingresso para a Copa. Mas, não fosse a crise na Europa e, muito possivelmente, o Brasil conseguiria ter quebrado todas as marcas relacionadas a um Mundial.

Para quem ainda não leu, o ranking com os dez países que mais pediram ingressos para a Copa:
1) Brasil – 4.368.029
2) Estados Unidos – 374.065
3) Argentina – 266.937
4) Alemanha – 134.899
5) Chile – 102.288
6) Inglaterra – 96.780
7) Austrália – 88.082
8) Japão – 69.806
9) Colômbia – 55.379
10) Canadá – 49.968


O duelo final entre Adidas e Nike se aproxima do Brasil
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Erich Beting

Em março de 2008, na quinta edição da revista Máquina do Esporte, brincamos de ''Nostradamus'' e previmos, naquela ocasião, que dali a seis anos Nike e Adidas, as duas maiores fabricantes de material esportivo do mundo, travariam um acirrado duelo pelo consumidor brasileiro e, especialmente, pela Copa do Mundo de 2014.

A pretensão da Nike, à época, era chegar no ano do Mundial vestindo a seleção anfitriã e com o status de líder em vendas no mercado de futebol. Do outro lado, a Adidas tinha como objetivo ampliar o domínio no futebol e ganhar mais espaço no Brasil, que desde 1996 vem sendo muito bem ''blindado'' pela maior concorrente, patrocinadora da seleção e até aquela época dos dois clubes de maior torcida, o que impacta diretamente nas vendas.

Hoje o cenário mudou um pouco no Brasil. No futebol, a Nike ''perdeu'' espaço com a saída do Flamengo, mas ampliou o terreno apoiando Santos, Inter, Coritiba e Bahia. A Adidas pegou neste ano o Rubro Negro carioca e em breve deve anunciar mais clubes.

O grande duelo, porém, é na Copa do Mundo.

E as primeiras batalhas já começaram a ser travadas. A Nike planeja lançar o terceiro uniforme de seus cinco clubes patrocinados no próximo ano. As cores seriam alusivas às usadas pela seleção brasileira. A Adidas deu o bote antes, apresentando o uniforme ''abrasileirado'' do Palmeiras.

No mês que vem, porém, o troco da fabricante americana deve vir num megaevento programado para 24 de novembro. A data marcará a apresentação da camisa que o Brasil usará na Copa do Mundo. De corrida de rua a festa na praia, a Nike deverá mostrar que será a ''dona'' do Rio pelo menos até julho de 2014. No que não for território da Fifa, a marca tentará se fazer presente.

Na semana seguinte, será a vez de a Adidas mostrar o modelo da Brazuca, a bola que vai rolar nos gramados do país durante a Copa do Mundo. Esse, aliás, é o principal ativo da empresa alemã ao lado dos jogadores Fred, Daniel Alves, Lucas e Marcelo, presenças quase certas na lista de Felipão para o Mundial.

O que vai nortear essa disputa pelos próximos meses será, substancialmente, a capacidade criativa das duas marcas para tentar ganhar a mente do consumidor num mercado que vem anualmente sustentando parte do crescimento de ambas as empresas nos países emergentes.

Há pelo menos três anos que Adidas e Nike têm profissionais destacados para planejar a Copa do Mundo no Brasil. O duelo final está cada vez mais próximo. Até julho do ano que vem, ele será um prato cheio para quem gosta de marketing esportivo.


O ouro de tolo de Arthur Zanetti
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Erich Beting

Arthur Zanetti conquistou, no último sábado, um feito inédito para a ginástica brasileira. O atual campeão olímpico conquistou o Mundial na Antuérpia, na Bélgica, sendo o primeiro da modalidade a conquistar o posto máximo nas duas principais competições da ginástica.

A performance nas argolas de Zanetti, porém, contrasta diretamente com seu discurso fora da área de disputa esportiva. Logo após a conquista do ouro, mais uma vez o atleta falou em querer mais ''reconhecimento'' do mercado pelos feitos alcançados.

Sem dúvida Zanetti é um monstro naquilo que faz. Possivelmente será o maior ginasta do país durante muito tempo, pelo menos até o momento em que houver uma estrutura mínima para produzirmos ginastas além de aberrações como ele.

Mas ao reclamar da falta de reconhecimento pelas conquistas ou da falta de estrutura para competir, Zanetti cai no mesmo erro de outros atletas que, igualmente, tiveram boa performance mas teimaram em reclamar da falta de apoio.

É um erro primário um atleta, ao conquistar um grande feito, reclamar que não há apoio para ele. Isso gera um efeito imediato para quem já o apoia ou pretende apoiar. A falta de estrutura para a prática de quase todos os esportes no Brasil é uma realidade. Por isso mesmo, não é privilégio de um ou outro esportista não contar com patrocínio ou mesmo a condição ideal de treinamento.

Logicamente que, quando o atleta atinge o máximo da performance, como é o caso de Zanetti, o impacto daquilo que ele fala se torna mais forte. Por isso mesmo, ele precisa tomar bastante cuidado quando faz críticas à ausência de patrocinadores ou à falta de estrutura.

Zanetti mesmo parece ter aprendido com a repercussão que causou no começo do ano, quando chegou até a ameaçar competir por outro país. Tanto que, na abertura da página de abertura do seu site, já agradece aos patrocinadores pela conquista de sábado passado.

Mas o alerta ainda é válido, porque em entrevista ao ''Bandsports'' ainda na Bélgica, ele já clamava por ''mais reconhecimento''. E, hoje, ao desembarcar no Brasil, não reforçou a ajuda dos patrocinadores aos jornalistas.

O atleta precisa parar de ver a profissão que ele desempenha como algo ''nobre'' ou diferente do que os outros fazem. Assim como qualquer outra pessoa, ele é alguém que trabalha para ganhar dinheiro. A remuneração em forma de patrocínio existirá para aquele que entregar não apenas desempenho dentro de quadra, de campo, da piscina, etc. É preciso saber trabalhar para dar retorno ao patrocinador.

Do contrário, ele só vai aprender na marra, como aconteceu com Cesar Cielo, campeão olímpico e que bateu de frente com a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) na primeira entrevista no Brasil pós-ouro.

Essa é a grande curva de aprendizado que ainda falta existir no esporte brasileiro. O atleta segue achando que o patrocínio é um mérito dele ao ter performance, quando isso na verdade é só mais um atributo para ser colocado na lista de benefícios que ele pode trazer para uma empresa.

Reclamar quando se obtém a performance é tão absurdo quanto um empresário reclamar da alta carga tributária quando consegue um lucro recorde para a sua empresa. O discurso soa incoerente. Insistir nessa reclamação é ainda pior.

Os ouros de Arthur Zanetti devem ser venerados pela mídia e transformados em mais oportunidades para o atleta. Do contrário, será apenas um ouro de tolo, que valerá para contar grandes histórias, mas não para garantir o futuro como profissional do esporte.

Por mais duro que possa parecer, a performance esportiva não é o fim para um atleta, mas o meio do caminho.


A resposta de Ronaldo
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Erich Beting

Ronaldo respondeu há pouco o post anterior no blog, com minha análise sobre o artigo assinado por ele na ''Folha de São Paulo'' do último domingo. Nele, rebate as críticas feitas por mim e tenta esclarecer alguns pontos.

Mesmo sem ter pedido direito de resposta, o CEO da 9ine permitiu que eu tornasse pública a mensagem enviada por ele. Um dos princípios do blog e logicamente do blogueiro é ser plural e elevar ao máximo o nível de um debate. Sobretudo quando o tema é importante como a Copa do Mundo que chega logo menos ao Brasil.

Segue a resposta de Ronaldo:

''Salve, Erich. Tudo bem? 

Cara, fiquei surpreso com a sua interpretação do meu artigo.

Primeiro sobre a relação com o título e a provocação que faço ao final, o “Imagina na Copa”. Você sabe que esse termo transcende qualquer campanha publicitária. Tá na boca do povo e a interpretação positiva já virou ação social e quadro de rádio na Bandnews. Será que a Ambev patrocina também? Logo você que se destaca na discussão de gestão e negócios do esporte demonizar o fato de eu ter negócios?!

Outra coisa: o fato de eu dizer agora num artigo que a Copa deve fazer parte de uma jornada maior não quer dizer que descobri isso agora. Já falamos disso em nossas visitas pelas cidades e discussões sobre Copa desde 2011… Não descobri isso em Londres, mas o link com os Jogos Olímpicos me fez pensar no artigo porque o pessimismo que antecedeu os Jogos se reverteu em orgulho em sediar a competição. É uma provocação a atingirmos o mesmo no Brasil.  Espero que a maioria olhe para frente e veja a janela de oportunidade que se abre. De fato me recuso a me render ao pessimistas e aos críticos de ocasião (não é o seu caso). Eu sei que a Copa representa algo muito maior para o nosso país e não sou eu quem digo, são pesquisas independentes e a vontade dos países que lutam para sediar esse e outros grandes eventos. Me acostumei a jogar com duas torcidas nas arquibancadas, dois times em campo, 11 contra 11. E sinto falta do outro lado na imprensa. Criticamos muito e devemos cobrar mesmo, mas vejo poucos veículos falarem dos benefícios da Copa. Mas tudo bem. Quando aceitei dedicar tempo à organização da Copa sabia que sofreria críticas, como recebia quando jogador e nem por isso me abatia.

Para finalizar esse e-mail, fico feliz que o debate nascido nas ruas (por coincidência ou não durante a Copa das Confederações) tenha chegado também ao futebol. E que não pare na discussão de calendário. Temos que melhorar serviços ao espectador, qualidade e gestão dos estádios (já temos esse legado da Copa), dos clubes e formar profissionais para atuarem nesse mercado, que como você bem sabe não é novidade, mas agora recebe alguma atenção.

Abraço,
Ronaldo Nazario
CEO
9ine Sports & Entertainment Consultoria Ltda,Sao Paulo''


Ronaldo, um homem de (muitos) negócios
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Erich Beting

Ronaldo voltou a dar as caras, ou pelo menos as letras, neste final de semana. Assinou mais um artigo na ''Folha de São Paulo'' sobre a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. E, mais uma vez, mostrou maestria como um homem de negócios. Ou melhor. De muitos negócios. Algo que, aos poucos, vai minando toda a credibilidade que ele havia conseguido com a bola nos pés.

Como mesmo gostou de frisar na abertura de seu texto, há cinco meses Ronaldo mora em Londres. E ele usou a capital inglesa como exemplo em seu texto para falar sobre o legado dos Jogos Olímpicos. Frisou o quanto a área leste da cidade se desenvolveu após as Olimpíadas, que foram usadas exatamente para ''justificar'' o uso de alguns bilhões de libras do cofre público na preparação da cidade para o evento:

''Mas o que gosto de notar é como a Olimpíada, para os londrinos, não terminou com o fim da competição. Para os moradores da zona leste ou para os britânicos que viram 29 medalhas de ouro serem conquistadas, Londres 2012 foi apenas o começo daquilo que fica após os dias de evento, o corre-corre de jornalistas e a festa nas ruas com bandeiras de todas as cores –o tão falado legado.
Olhando para o nosso país, acho que precisamos rever a ideia de que a Copa do Mundo no Brasil é aonde queremos chegar –o destino de uma jornada''.

Agora só faltam nove meses para o Brasil parir a Copa.

As ''descobertas'' que Ronaldo teve ao morar por cinco meses em Londres soam como mais uma tremenda piada de mau gosto daqueles que teoricamente são os líderes do processo do evento no país. É impossível que uma pessoa que há mais de 20 anos trabalha com o esporte nunca tenha se atentado a isso, que uma Copa não é o fim, mas o meio. Ou, pior, é pavoroso pensar que há três anos Ronaldo passou a ser membro do COL sem ao menos saber o que significa para o país o evento.

Como também é mais uma vez detestável a propaganda nada velada à Ambev ao final do texto, ao teimar com a estúpida campanha ''Imagina'', aquela que criticava os ''pessimistas de plantão'' e mandava o torcedor imaginar o congestionamento de  trios elétricos e, claro, a festa que está programada para junho/julho de 2014. Propaganda tão desastrosa que quase virou ''verdade'' durante os protestos pré-Copa das Confederações, com as pessoas indo às ruas, mas por motivos beeeem diferentes daquele planejado pelos otimistas de plantão.

Pelo menos fica claro que Ronaldo está aproveitando bastante o tempo em Londres. A ponto de não acompanhar o noticiário esportivo no país. Afinal, a classe a qual ele pertenceu, hoje, mostra claramente o que pensa sobre os rumos que o futebol tem tomado no Brasil.

A reunião desta segunda-feira entre o grupo do ''Bom Senso FC'' e a CBF é só mais um indício de como a Copa não é o ''destino da nossa jornada''…

Imagine depois da Copa?


Fifa concentra foco no Brasil ao adiar decisão sobre 2022
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Erich Beting

A Fifa oficializou hoje que fará uma consulta a atletas, treinadores e parceiros comerciais da entidade para saber se mudará a data da Copa do Mundo de 2022, prevista para ocorrer no Qatar. Além disso, a entidade anunciou que qualquer decisão ficará para depois da Copa de 2014.

A decisão tem dois objetivos claros. Além de prolongar o jogo de cena sobre o futuro do Qatar (que envolve não apenas as questões climáticas, mas o ex-aliado e hoje inimigo Bin Hamman), ela deixa o Brasil no centro das atenções e das preocupações da Fifa até a próxima Copa.

Em Zurique, a cada reunião com parceiros comerciais, que são os patrocinadores e as empresas de mídia, funcionários da Fifa sempre questionam os brasileiros sobre o clima no país e o temor de que a onda de protestos volte como um tsunami em junho do ano que vem.

O Qatar pode, nesse sentido, esperar. Mas não será de se estranhar se, dependendo do que acontecer no Brasil em 2014, a Fifa optar por um caminho mais seguro, usando as condições climáticas para repensar a sede do Mundial de 2022. Nunca uma candidatura de oposição à entidade pode ter custado tão caro…


Ingresso barato é prejuízo real para um clube?
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Erich Beting

No início da semana publiquei aqui o resultado da ação de ''queima de estoque'' adotada pelo São Paulo nos ingressos para os jogos no Morumbi. O resultado de aumento do faturamento em R$ 1 milhão (leia aqui) gerou uma boa discussão sobre se a atitude foi completamente correta ou não.

Em tese, o argumento contra o preço de ingresso muito baixo é de que isso denigre a imagem do clube e do espetáculo. Como ponderei no post de segunda, há uma enorme justificativa para a ação pontual do São Paulo. Com o time na zona de rebaixamento e jogando mal, o valor do produto que ele oferece ao torcedor não pode ser alto. Daí o fato de o clube ter encontrado um ''preço-ótimo'' ao fazer o ingresso mais barato a R$ 10. O mesmo não se aplica ao Cruzeiro, líder do campeonato e próximo do título. Para o torcedor, o interesse em ir aos jogos é maior, o que faz o preço poder ser maior também.

É tudo questão da básica lei de ''oferta e procura'' que rege o mercado desde o tempo do escambo.

Mas há outro ponto que parece ter se tornado um mantra para os teóricos de marketing esportivo no Brasil. Há quase uma certeza de que o ingresso baixo vai gerar um tremendo prejuízo na imagem do clube. Essa tese vira verdade absoluta quando se refere a um clube de grande torcida do Brasil. Só que será que isso é verdade?

Para ficar no exemplo do São Paulo, que voltou à zona do rebaixamento nesta semana. O que é mais prejudicial para o clube. Encher o estádio com o torcedor pagando pouco pelo ingresso neste ano ou o time jogar a Série B em 2014?

Para o torcedor, não há bem mais valioso do que o próprio clube. Para o patrocinador, é muito, mas muito mais interessante, ver o time jogando com a casa cheia, com a TV aberta mostrando e, logicamente, contra os principais times de maior torcida.

O valor do ingresso, nesse cenário, é o que menos importa. Ainda mais quando o futebol no Brasil ainda vive uma era paleozoica, em que os clubes pouco trabalham o fortalecimento de suas marcas e os patrocinadores buscam muito mais exposição de marca do que propriamente criação de relacionamento duradouro com o fã.

No futuro, sem dúvida, deverá existir uma preocupação em valorizar o produto do futebol como um todo. Isso passa por uso mais racional do dinheiro, pela melhoria na qualidade dos estádios, na qualidade dos atletas, na qualidade do jogo, etc. Até lá, ingresso mais barato é um caminho para o clube faturar mais.

O que o futebol no Brasil precisa parar de fazer é tentar vender carro usado a preço de zero quilômetro.


A morte dos X Games no Brasil
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Erich Beting

Há questão de três semanas, durante fórum sobre marketing esportivo no Rio de Janeiro, o vice-presidente comercial e de marketing da ESPN no Brasil, Marcelo Pacheco, apresentou os números da realização da etapa brasileira dos X Games, realizada em abril deste ano na cidade de Foz do Iguaçu (PR).

Hoje, a ESPN emitiu comunicado confirmando que estão canceladas todas as etapas dos X Games fora dos Estados Unidos para 2014. Foz, Munique, Barcelona e Tignes (França) foram retiradas do mapa, e apenas o país de origem da emissora e da competição vai continuar a receber os principais eventos de esportes radicais do mundo.

Com o mercado europeu em crise, o fim dos X Games na Espanha, França e Alemanha é justificável. No Brasil, que é um dos principais produtores de atletas e tem um público cativo para os esportes radicais, a saída representa também o fim da competição no país.

Pela terceira vez a ESPN ensaia mergulhar de cabeça no projeto de trazer os X Games para cá. E, pela terceira vez, o projeto naufraga logo após a primeira tentativa. Patrocinadores para custear a edição de 2014 existiam. Interesse da mídia em geral, além da ESPN, também. Da mesma forma, o público já havia comprado a ideia do evento em Foz, bem como a prefeitura local havia se comprometido em ajudar a realizar a competição.

A decisão da ESPN nos Estados Unidos, claramente, tem como base o que aconteceu na conta global do evento, sem ser feito um estudo caso a caso, país a país. Fazer a competição nos EUA requer menos esforço e possibilita ótimo retorno comercial para a empresa.

No Brasil, o mercado simplesmente vai ignorar qualquer nova tentativa de a emissora lançar um novo projeto de X Games no país. Para que um evento engrene, ele precisa ter, acima de qualquer coisa, perenidade.

Pensando numa redução de prejuízo na estratégia de globalização dos X Games, a ESPN acaba de matar qualquer chance de crescimento do evento no país que mais produz atletas para a modalidade. Curiosamente, a empresa seguiu o caminho contrário de UFC e NBA, que cada vez mais acreditam que é momento de perder dinheiro no Brasil como estratégia para solidificar a marca e, lá na frente, colher os frutos.

Infelizmente os X Games, no Brasil, morreram.


O fenômeno do Inter no sócio-torcedor
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Erich Beting

A Ambev comemorou nesta quarta-feira o fato de o projeto ''Movimento por um futebol melhor'' ter alcançado a marca de 600 mil torcedores. Concebido para tentar elevar a 3 milhões o número de sócios-torcedores entre os principais clubes do país, o movimento ainda está longe da meta de chegar a 1 milhão de pessoas até o fim deste ano.

Mas o grande fenômeno do projeto é o Internacional.

O clube conta, hoje, com cerca de 18% de todos os sócios cadastrados pelo programa. São praticamente 106 mil associados ao clube, que lidera com folga o ranking. Hoje, o Inter tem cerca de 1,9% de sua torcida (cerca de 5,7 milhões de pessoas segundo o último levantamento do Ibope) associada ao clube. O número impressiona. É maior, por exemplo, do que o Barcelona tem de associados, sendo o clube espanhol uma potência mundial.

Qual seria o grande segredo do Inter?

Na origem, a criação do sócio-torcedor foi uma alternativa encontrada pelo clube para aumentar a presença de público no Beira-Rio e ter mais dinheiro. Foi lá no início da gestão de Fernando Carvalho que o Inter buscou um caminho para atrair torcedor e ganhar dinheiro de alguma forma. O clube criou o sócio-torcedor e deu a quem fosse contribuinte o direito a entrar gratuitamente no estádio.

O sistema entrou em colapso em 2006, na reta decisiva da Libertadores. Na campanha do primeiro título continental, o sócio-torcedor virou a menina dos olhos. Em 2008, a grande celebração do clube foi ao lotar o Beira-Rio para a decisão da Sul-Americana apenas com sócios-torcedores. Era a consagração do modelo. No ano seguinte, no centenário, o projeto de alcançar os 100 mil sócios, quando até cachorro teve sua carteirinha. Desde então, o clube vem tentando engajar o torcedor, fazer com que ele tenha interesse em ficar sócio. Hoje, são mais de R$ 40 milhões ao ano provenientes do programa.

O sucesso do modelo do Inter está calcado, como pode se ver, não apenas em fornecer ingressos para os jogos. A origem do programa foi assim, mas depois disso o clube passou a trabalhar para fazer com que o torcedor resolvesse sentir-se ''obrigado'' a se associar. Como sempre digo por aqui, é importante que a paixão do torcedor pelo clube seja correspondida.

O Inter parece que chegou a um limite de associação. É difícil acreditar que o clube, sem uma melhora na performance esportiva, possa atingir os 200 mil associados, meta que foi atualmente estabelecida pela diretoria de marketing.

Os números do Colorado mostram que os outros clubes podem crescer. Para isso, porém, precisam começar a estudar mais para ver como foi que o Inter criou esse fenômeno.