Negócios do Esporte

Adidas usa ouro para “formalizar” acordo com Cielo
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Erich Beting

A conquista do inédito tricampeonato mundial nos 50m livre por Cesar Cielo serviu para recolocar o nadador brasileiro na mídia e, também, será usada pela Adidas para ''formalizar'' o patrocínio ao atleta. Firmado em junho e oficializado antes do Mundial, o acordo é válido até 2016. O negócio teve pouquíssima repercussão na mídia.

Agora, porém, a Adidas quer faturar em cima do seu atleta olímpico mais valioso no Brasil. Tão logo chegar ao país, está programado um evento para a imprensa com Cielo. Nele, a fabricante de material esportivo aproveitará para conseguir dar mídia ao acordo.

O patrocínio a Cielo é o primeiro trunfo da Adidas em relação aos Jogos Olímpicos de 2016. Depois de ver a Nike fechar com o Comitê Olímpico Brasileiro e ficar também sem as principais confederações, a fabricante alemã decidiu apostar nos atletas. Cielo foi o primeiro grande nome com potencial a medalha patrocinado pela marca.

O nadador deverá ser um dos principais rostos da Adidas nas campanhas publicitárias relacionadas ao Rio-2016. A estratégia é diferente daquela adotada pela marca em 2012, quando não só tinha o patrocínio ao Time Britânico como a grandes nomes do esporte inglês. Os atletas e as roupas desenhadas para as Olimpíadas eram constantemente exploradas pela empresa na mídia. Agora, para o Rio, a estratégia será apostar nos poucos atletas com potencial de medalha no Brasil.

O barulho com Cielo é a primeira medida nesse sentido.


O “grande” negócio das excursões brasileiras no exterior
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Erich Beting

Parecia um ótimo negócio. Exposição da marca no exterior, disputa com os melhores times do mundo e, ainda, cobertura mundial da mídia. Depois do que aconteceu em Bayern de Munique 2×0 São Paulo na quarta-feira e com o rolo compressor do Barcelona 8×0 Santos agora há pouco, ficou claro que o tiro saiu pela culatra.

A ida de equipes brasileiras para o exterior para serem humilhadas como foram até agora os dois clubes paulistas (em diferentes níveis, é lógico!) é um tremendo erro de planejamento e, mais do que isso, de posicionamento de marca. Uma coisa é o clube ir para o exterior disputar um título. Outra, completamente diferente, é a equipe viajar para disputar um amistoso.

O que motivou os clubes europeus há uma década buscarem os torneios no exterior foi a expansão de mercado. Com a limitação geográfica do continente, foi preciso ir para o exterior buscar mais dinheiro, especialmente dos torcedores asiáticos e, agora, americanos.

O clube de futebol brasileiro primeiro precisa se consolidar nacionalmente para então buscar mercado no exterior. Qual o trabalho de marca que será feito pelo Santos depois desses 8 a 0? De que forma o São Paulo vai explorar a passagem pela Copa Audi se perdeu os dois jogos e está com tantos problemas internos que seria mais fácil ter usado o evento para tentar arrumar a casa?

No passado, as excursões brasileiras pelo exterior eram uma excelente forma de fazer caixa. Hoje, nem mesmo muito dinheiro rende para o clube ir jogar no estrangeiro. Para o Barcelona, a exibição de gala contra o Santos (mais uma) tem um enorme papel no processo de ocupação do território brasileiro, que passa também pelo projeto de contratação do Neymar.

O calendário distinto da Europa não é problema para a projeção das marcas dos times brasileiros no exterior. Afinal, antes disso é preciso que os clubes entendam que é preciso consolidar sua imagem com o torcedor brasileiro. Depois, é preciso fazer um trabalho de fortalecimento do futebol que é jogado aqui e, só então, podemos pensar em medir forças com o que é apresentado pelos principais clubes europeus.

O ''grande'' negócio das excursões brasileiras no exterior foi mostrar que, se quiser realmente ter sucesso com esse projeto, os clubes primeiro precisam reaprender a jogar futebol e, mais do que isso, olhar outras oportunidades no mercado. O continente europeu, dentro e fora de campo, não tem mais espaço para clubes brasileiros.


Galo fecha com a TIM e colhe primeiro legado da Libertadores
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Erich Beting

O Atlético-MG colheu o primeiro benefício da conquista inédita da Copa Bridgestone Libertadores. O clube mineiro é o novo patrocinado da TIM, que mais uma vez coloca a sua marca no número da camisa do time. Com o negócio, sobe para 14 o número de clubes patrocinados pela operadora de telefonia, que começou o projeto com os clubes a partir do Corinthians, em 2010.

O acordo com o Galo também assegura à TIM o patrocínio dos dois grandes clubes mineiros, já que desde fevereiro a operadora tinha assinado contrato com o Cruzeiro.

Com o pacote de patrocínios, a TIM chega próximo de um investimento de R$ 30 milhões nos clubes (a lista conta, além de Atlético e Corinthians, com Palmeiras, São Paulo, Flamengo, Vasco, Grêmio, Internacional, Cruzeiro, Bahia, Vitória e os alagoanos ASA, CRB e CSA). O valor é praticamente o mesmo do que a Vivo, por exemplo, desembolsa anualmente para patrocinar a seleção brasileira.

A aquisição de novos clubes faz parte de um novo posicionamento da empresa de telefonia no mercado. Desde junho que a marca tem ativado esse patrocínio com filmes publicitários e, também, com maior opção de produtos para os consumidores. Essa mudança está ligada à troca de comando da empresa no país. Com uma nova diretoria de marketing, o posicionamento da TIM passou a ser de ativar os clubes patrocinados para não perder o foco.

Em conversa recente com o espanhol Roger Solé, novo diretor de marketing da empresa no país, ele creditou essa mudança de posicionamento à própria evolução do mercado brasileiro. Solé, inclusive, afirmou ao Blog que pretende investir no patrocínio de naming right de campeoantos, como é feito na Itália, em que a empresa patrocina a Série A local.


Caixa encerra conta no futebol com R$ 96 milhões
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Erich Beting

A Caixa Econômica Federal encerrou na última sexta-feira a conta do patrocínio aos clubes de futebol no Brasil. Ao todo o banco vai investir R$ 96 milhões no patrocínio a 11 clubes do futebol brasileiro. Todos os contratos têm um ano de validade, sendo que os últimos a se encerrarem são os de Chapecoense e Vasco, os últimos da lista, que permanecem até julho de 2014, quando também se encerra a Copa do Mundo no país.

O investimento da Caixa é também o reflexo da acirrada concorrência dentro das instituições financeiras pelo esporte. O aporte anual do banco estatal está próximo do que é gasto pelos dois maiores concorrentes privados do mercado brasileiro, Itaú e Bradesco, apenas com os patrocínios à Copa do Mundo e aos Jogos Olímpicos, respectivamente.

Mas se os valores se assemelham, na entrega do patrocínio as coisas são bem diferentes. O aporte aos clubes assegura à Caixa uma exposição de marca extremamente alta durante todo o ano, ainda mais por ter Flamengo e Corinthians na lista dos patrocinados.

Só que a comparação para por aí. Porque, até agora, a Caixa estacionou a conta de investimento no futebol naquilo que o mercado já começa a mostrar que, sozinho, não adianta. A empresa pouco tem feito para ativar esses patrocínios. Prova disso é que, até agora, os dois movimentos que mais causaram barulho no patrocínio foram, pela ordem, a midiática ação do advogado gaúcho para impedir o patrocínio ao Corinthians e o vídeo produzido pelo departamento de comunicação do clube paulista ''O Zizao tá lendo''.

Já do outro lado da concorrência, Bradesco e Itaú têm se esforçado para ligar suas imagens aos patrocínios que fazem. Logicamente por se tratar de eventos esportivos da magnitude de Copa e Olimpíada fica bem mais fácil trabalhar a comunicação inteira em cima desses patrocínios. Mas até agora as campanhas ''Agora é Bra'' e o anúncio do Itaú na Copa das Confederações ajudaram a posicionar as duas instituições com os patrocínios que fazem.

A conta do futebol da Caixa parou nos R$ 96 milhões ao ano, mas deveria ter sido, pelo menos, duplicada para que o investimento consiga ir além da simples exposição da marca na camisa. Do contrário, assim como diversas marcas já passaram pelas camisas dos clubes nos últimos anos, a Caixa não vai gravar seu espaço na mente do consumidor. Melhor teria sido usar esse dinheiro na construção de uma excelente campanha publicitária…


Pré-estreia, Neymar será estrela na Times Square
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Erich Beting

Um dia antes de estrear pelo Barcelona no Camp Nou contra o Santos, Neymar será estrela na Times Square. O jogador terá sua imagem estampada no painel publicitário mais visto do mundo para anunciar o Instituto Arte de Viver Bem (IAVB), que desenvolve projetos de qualidade de vida para crianças, jovens, idosos e mulheres com câncer de mama.

A prevenção ao câncer, aliás, é o mote da campanha, feita pela agência VML. O painel terá uma frase, em inglês e português, atribuída a Neymar, e na sequência trará uma foto do jogador com a camisa da campanha (veja a foto ao término do texto). Depois, essa peça vai ser estampada em propaganda de revistas brasileiras.

A ação já traz um primeiro reflexo da ''nova vida'' de Neymar. A ida para o Barcelona tem tudo para colocar o jogador brasileiro como protagonista mundial, algo que já vinha sendo feito pela Nike mas que, agora, começa a ser explorado também por outras marcas. Além da campanha para o IAVB, Neymar vai estampar mais anúncios da Panasonic e, também, deve começar a fazer campanhas para o Santander no mercado espanhol.

Pelo estilo extrovertido que tem, é bem possível que Neymar em breve ultrapasse o agora companheiro de time Messi como jogador que mais fatura com publicidade no futebol atual. E isso só é possível por ele estar num clube de alcance mundial como o Barcelona.

Neymar, com a camisa da campanha do IAVB, em imagem que estará na Times Square


Torcedor vândalo é proibido de entrar na Itaipava Fonte Nova
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Erich Beting

A Fonte Nova Negócios e Participações, que gerencia a Itaipava Arena Fonte Nova, acaba de confirmar que identificou e puniu um torcedor do Bahia que destruiu uma cadeira no novo estádio baiano. O torcedor, que faz parte da torcida organizada Bamor, está proibido de entrar no estádio nas próximas duas partidas do Bahia, contra Flamengo e Grêmio, e terá de pagar pela reposição da cadeira.

A FNP usou o sistema de monitoramento do estádio e publicou o vídeo mostrando o torcedor pulando em cima da cadeira durante o jogo do último domingo, contra o Goiás. O torcedor, que foi interpelado sem sucesso ainda durante a partida por seguranças da arena, acabou sendo punido e está proibido de ir ao estádio. Durante os jogos, aliás, ele terá de ficar na sede do Bamor, que será responsável por garantir que o torcedor não vá à Itaipava Arena Fonte Nova.

''A FNP vem a público informar que não vai tolerar a violência e o vandalismo na arena, a fim de defender a segurança e integridade dos torcedores e de suas famílias que entendem que este é um local de lazer e diversão. As mais de 200 câmeras de segurança do local estão registrando os atos e as punições serão aplicadas com rigor'', afirmou a empresa em comunicado.

A decisão, inédita no país, é um alento para a mudança de comportamento do torcedor nos estádios de futebol. Não é preciso subir na cadeira para torcer, assim como é possível pular no estádio mesmo com a cadeira presente. Na Itaipava Arena Fonte Nova, aliás, o assento é reclinável, o que permite ao torcedor ficar em pé durante o jogo. A medida ganha ainda mais força por ter sido tomada em conjunto com a Bamor e com o Batalhão Especial Para Eventos da Polícia Militar (BEPE).

O caso é um sinal de que é preciso atuar com rigor para educar o torcedor a ter um comportamento mais digno dentro dos estádios. Não é cerceando a liberdade de expressar, mas fazendo-o entender, na base da punição, que não ''vale tudo'' quando se está no estádio.

A solução tomada na Bahia, aliás, deveria servir de exemplo para a Brigada Militar de Porto Alegre, que teve a estúpida decisão de fazer o Gre-Nal na Arena do Grêmio como jogo de torcida única. A violência só será coibida com punição ao infrator.

Impedir um torcedor de ir a uma partida por não ser seguro atesta apenas a ineficiência da polícia em garantir ao cidadão o princípio de sua existência…


O que a Fifa pode ensinar na questão dos ingressos
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Erich Beting

Na última sexta-feira a Fifa anunciou o preço dos ingressos para os 64 jogos da Copa do Mundo. Nenhuma grande novidade foi apresentada pela entidade, que manteve a divisão básica dos bilhetes: 33% para o público final, 33% para os patrocinadores e outros 33% divididos em diversas categorias.

O interessante foi ver, na entrevista concedida pelo diretor de marketing da Fifa, Thierry Weil, após o anúncio, que diversas perguntas giraram em torno da dinâmica de venda dos bilhetes. Isso é bastante natural, uma vez que as reportagens sobre comercialização de ingressos são sempre vistas como prestação de serviço ao consumidor, e empresa de mídia nenhuma quer passar informação errada para quem lê, assiste ou ouve seu veículo.

Mas passou quase que desapercebida a questão do negócio em si. Afinal, quanto pode ser o faturamento com a venda de entradas para uma Copa do Mundo? E, nesse sentido, uma resposta provocativa foi dada por Weil durante o evento para a imprensa foi elucidativa:

''Em toda história, em apenas duas Copas do Mundo concedemos descontos no preço total do ingresso. Uma foi na primeira Copa do Mundo aqui no Brasil e a outra é agora. Tenho a dizer que o governo do Brasil é duro na negociação'', afirmou o executivo.

A brincadeira não deixa de ser uma forma de a Fifa reclamar sobre o modo de consumo do entretenimento no Brasil. Somos o único país do mundo que concede benefícios às pessoas para que elas consumam atividades de lazer. A partir de um conceito bacana, que foi a criação do benefício de meia-entrada para que alguns setores da população tivessem mais acesso a eventos culturais, criamos um monstro quando se trata da organização de eventos de entretenimento pelo país.

Em diversos países, o benefício da meia-entrada é concedido para o consumo de atividades culturais, como ir a um museu, exposição de arte ou algo do gênero. Foi dentro desse contexto que, no passado, surgiu a lei da meia-entrada também para estudantes.

Só que, por aqui, deturpamos esse conceito e estendemos o benefício para o consumo de qualquer atividade de lazer. O que era para ser uma forma de incentivo à cultura passou a ser uma forma de reduzir o custo para que alguns setores da sociedade consumam atividades que não são necessariamente culturais.

Pior ainda.

Ao colocarmos no mesmo balaio da cultura atividades como teatro, cinema, shows e eventos esportivos, contribuímos sensivelmente para o encarecimento de toda a indústria do entretenimento no país. Sim, não deixam de ser atividades de valorização da cultura, mas antes de mais nada todos esses segmentos listados são antes disso atividades para o lazer e entretenimento das pessoas.

Isso faz com que um promotor de eventos tenha de encarecer o preço cobrado em seu ingresso por não saber quantos bilhetes serão vendidos a preço cheio e quantos terão o valor pela metade.

A Copa do Mundo com o ingresso mais barato da história, como marqueteiramente soube se apropriar a Fifa, só é possível por uma legislação que tenta ser benéfica ao consumidor, mas ao privilegiar uma parcela, acaba se tornando lesiva à maioria deles.

A espetada que Thierry Weil deu no Brasil foi muito mais precisa e qualificada do que o ''chute no traseiro'' grosseiramente proferido por Jérôme Valcke tempos atrás. A Fifa pode nos dar o empurrão que faltava (apenas para ser mais político) para que nós repensemos a ''lei da meia-entrada'' para os eventos de entretenimento.

Afinal, em vez de garantir teoricamente metade do valor para apenas uma parcela da população, muito mais lógico, até mesmo para o promotor do evento, seria se todas as pessoas pudessem pagar a entrada inteira pelo valor atual da meia.

Até logo, São Paulo!
Sim, você foi enganado por uma manchete mentirosa. Não tenho mais nada a acrescentar sobre a baderna que se instalou no Tricolor paulista. A frase é só para avisar que o blogueiro vai fugir do frio que finalmente chegou a São Paulo e entrar uma semana em férias. Dia 1º de agosto voltamos às atualizações corriqueiras. Afinal, descansar é preciso!


Ibope indica fórmula batida do futebol na TV
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Erich Beting

Ainda não dá para dizer se é algo que será corriqueiro ou é apenas circunstancial por conta do período de férias. Mas começa a ficar preocupante o baixo índice de audiência do Campeonato Brasileiro na TV. No último domingo, o empate entre Atlético Paranaense e Corinthians rendeu 20 pontos na medição do Ibope, somando-se as audiências  de Globo e Band (15 e 5, respectivamente).

Vários fatores contribuem para um resultado baixo. O domingo ensolarado em boa parte de São Paulo e as férias escolares são motivos importantes para terem afastado o torcedor da telinha. Soma-se a isso um torcedor corintiano até certo ponto acomodado pelo bom desempenho do time em outros campeonatos e é natural que o Ibope não decole.

Mas os baixos índices de audiência também podem mostrar que nem tudo anda tão bem no atual relacionamento do torcedor com o futebol na TV. Neste ano, apenas os jogos decisivos cravaram bons índices na telinha. A ''culpa'', como muita gente gosta de colocar, não é apenas da fórmula da competição por pontos corridos. Estaduais, Copa Bridgestone Libertadores e Copa Perdigão do Brasil também mostram que o buraco pode estar mais embaixo.

O sentimento é de que a fórmula atual promoção do futebol brasileiro na TV está saturada. Desde que fechou o acordo com os clubes no formato de contratos individuais, a Globo dá claros privilégios para as transmissões de Flamengo e Corinthians na TV aberta. Com isso, os eventos que são transmitidos deixam de ser ''raros''. Hoje é muito comum para o torcedor corintiano ou flamenguista ligar a telinha e ver os atletas de seus times em campo.

Essa bipolarização da TV gera, no médio e longo prazo, uma perda de interesse por parte do torcedor. Não só por aquele que não torce para os times ''favorecidos'', mas também os próprios flamenguistas e corintianos começam a priorizar jogos e a abandonar aquelas transmissões de partidas que poderiam ser consideradas menos interessantes.

Um dos grandes segredos da promoção de eventos para a televisão em outros mercados está exatamente em criar grandes histórias a cada evento. O melhor exemplo, como quase tudo que envolve hoje o esporte, vem do UFC. Cada luta é acompanhada sempre por uma grande ''história'', que promove o evento.

Com os mesmos artistas a cada transmissão, como achar que o futebol não vá começar a virar ''paisagem'' dentro da cabeça do telespectador?

É urgente a revisão do modelo criado para a promoção do futebol na TV no Brasil. Do jeito que está, em breve os índices só estarão em alta quando for final de campeonato.


A sábia decisão do Flamengo sobre o uso do Maracanã
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Erich Beting

O Flamengo bateu o pé e não aceitou o acordo oferecido pelos gestores do Maracanã para usar o estádio pelos próximos 35 anos. Mesmo que não saibamos os detalhes que estavam envolvidos no negócio, o fato é que o clube tomou uma atitude rara no futebol, que foi a de pensar no cenário de médio e longo prazo antes de tomar uma decisão imediatista.

Uma das coisas que mais vai mudar no mercado do futebol brasileiro nos próximos anos é o comportamento do torcedor e sua relação com o estádio. As novas instalações esportivas vão certamente incentivar o público a ser mais exigente quando vai a um evento. Da mesma forma, a melhoria nos serviços oferecidos aos consumidores vai proporcionar um aumento de receita e até mesmo uma alteração no tipo de torcedor que vai a um estádio.

Prova disso é que as partidas realizadas em novos estádios já neste Brasileirão levam em média mais gente aos jogos e são as que possuem a melhor bilheteria. Mas por quanto tempo esse cenário permanecerá assim? E como será o comportamento do torcedor pelos próximos anos?

Essas são algumas das questões fundamentais que precisam ser respondidas em breve pelo futebol no Brasil. E, para saber as respostas, somente descobrindo na prática. Outro ponto que é fundamental dentro da recusa flamenguista por um acordo de longo prazo com o Maracanã é o veto ao clube em obter parte da receita com a comercialização de camarotes no estádio.

Projetadas no “Padrão Fifa”, essas arenas são concebidas para terem, nos espaços de luxo, sua maior fonte de receita. Geralmente a proporção é a seguinte: para 15% de assentos no estádio, as áreas Vips reservam cerca de 60% da receita com bilheteria. Sendo assim, para o clube é um péssimo negócio abrir mão dessa fatia tão importante na geração de receita.

Com certeza o Fluminense verá, com o pacote fechado no Maracanã, a maior receita de sua história com a bilheteria. Mas será que isso é motivo para um acordo de 35 anos com o Consórcio Gestor do estádio?

Assim como aconteceu na Europa nas duas últimas décadas, a relação dos clubes com seus estádios deve mudar radicalmente no Brasil. A receita com bilheteria passará a ser parte muito importante do total arrecadado pelas equipes. Mas esse mercado deve levar, assim como o da Europa, cerca de cinco a dez anos do uso das novas instalações para se equilibrar e encontrar um caminho.

Nesse sentido, o acordo do Flamengo com o Maracanã faz muito mais sentido, por permitir ao clube mudar a relação com o estádio conforme o andamento do mercado brasileiro. Na Itália, essas mudanças levaram a Juventus a demolir o estádio herdado da Copa do Mundo de 1990 para fazer um novo. Só assim a equipe conseguiu passar a competir em igualdade com os rivais da Inglaterra, que modificaram suas instalações esportivas ainda no fim dos anos 90, começo dos 2000.

O mercado brasileiro vai mudar bastante com os novos estádios. E os clubes que pensarem só na oportunidade do curto prazo poderão ser engolidas no final.


Quanto vale a Libertadores? Para o Galo, mais de R$ 100 mi
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Erich Beting

A pergunta é dirigida a você, torcedor. Para você, quanto valeria o título de uma Libertadores? O Atlético-MG inicia nesta quarta-feira a busca derradeira pela tão sonhada taça continental. Os amigos atleticanos que tenho nunca estiveram tão esperançosos e, ao mesmo tempo, maravilhados com o clube. Desde que me conheço por gente, este é o melhor Galo que já vi jogar, batendo aquele belo time de 1999. Possivelmente com a conquista da América, essa equipe será considerada a melhor da história do clube.

Mas esqueçamos a bola e voltamos à pergunta. E aí, torcedor do Galo, quanto vale ganhar a Libertadores?

Quando assumiu a presidência do clube, em 2008, Alexandre Kalil sempre disse que focaria os esforços em montar uma equipe vencedora. Ainda não conquistou um título nacional, inexistente da galeria de taças do clube desde 1971, mas está próximo de alcançar um feito maior ainda, que é a primeira grande taça internacional da história do Atlético. Para alcançar esse objetivo, Kalil adotou a estratégia antiga de gestão dos clubes.

Com todas as qualidades e os defeitos dela!

Primeiramente, deu mais bola para a bola jogada dentro de campo do que qualquer outra coisa dentro do clube. Crítica muito grande do Galo em seu ano de comemoração do primeiro centenário foi a de que o clube tinha um ótimo departamento de marketing, mas um time que jogava a Segunda Divisão Nacional. O orgulho ferido do péssimo desempenho em campo foi compensado com esse time forte e vingador de agora. Mas para isso, Kalil simplesmente abriu mão do marketing, tal qual faziam os gestores ''das antigas''.

O presidente do Atlético partiu do princípio de que futebol e marketing não podem se misturar, possivelmente ignorando que toda a recuperação de grandes clubes na história recente da bola passou por um trabalho conjunto de reestruturação do departamento de futebol e formação de um sólido departamento de marketing e comunicação, responsável por estreitar a relação do torcedor com o clube sem depender exclusivamente do desempenho dentro de campo.

Mas a lacuna deixada pela ausência de um departamento de marketing poderia ser preenchida, realmente, pela construção de um time vencedor, que não precisa de comunicação para vender, apenas de um bom produto. Mas aí entra a segunda parte do enrosco. Como formar uma equipe forte se as fontes de geração de receita estão estagnadas pela ausência de iniciativas de marketing?

E é aí que entra a dura resposta para o torcedor do Atlético. Hoje, a conta dessa busca desenfreada pelo título da Libertadores já passa dos R$ 100 milhões. Pelo menos é esse o resultado que se tira a partir da análise dos balanços financeiros do Galo entre 2010 e 2012.

Em 2009, o clube amargou um prejuízo anual de R$ 23.248.264,00. No ano seguinte, o déficit foi menor, de R$ 19.966.822,00. Em 2011, o prejuízo foi o mais alto dos últimos tempos, de R$ 36.142.952,00. E, no ano passado, chegou a R$ 33.202.547,00. A soma dos últimos quatro anos da gestão Kalil dão exorbitantes R$ 112.560.585,00 de prejuízo.

Mas, mais preocupante que o déficit nesse período é a escalada dos empréstimos feitos pelo atual mandatário do clube. Mesmo tendo aumentado a arrecadação a partir de aumento dos valores dos contratos de TV e patrocínio, frutos de situação de mercado, e não de méritos negociais do clube, o Atlético tomou emprestado, de instituições financeiras e outras empresas, mais de R$ 50 milhões entre 2008 e 2013.

No primeiro ano frente ao clube, Alexandre Kalil fechou 2008 tendo contabilizados R$ 105.956.113,00 milhões em empréstimos. Em 2012, o número saltou para R$ 167.009.999,00. Ou seja, em cinco anos, o Galo foi buscar R$ 61.053.886 milhões no mercado, tendo de pagar juros sobre esse valor. Mais preocupante ainda é que, no curto prazo, as dívidas já somam quase R$ 50 milhões (e deve ultrapassar esse valor já no final desta temporada).

Se, dentro de campo, não há o que criticar o atual Galo, fora dele é uma temeridade o que está sendo feito com as contas do Atlético. A escalada de gastos irracionais poderá gerar, no médio prazo, uma situação insustentável dentro do clube. Mais ou menos da mesma forma que hoje vivem Vasco, Flamengo e Palmeiras, para ficar apenas nos casos de grandes clubes do país.

Endividar-se para crescer não é um problema, desde que o pagamento dessas dívidas não seja feito com a aquisição de novas. Pelo que se dá para ler do balanço financeiro do Galo, a inédita conquista da Libertadores pode ser um motivo de muita alegria para o torcedor neste curto prazo. Mas, no médio e longo prazo, possivelmente o Atlético terá de pagar a conta desse momento mágico vivido dentro de campo.

A cobrança pela performance esportiva é um fardo que o gestor precisa saber carregar para tentar equilibrar as contas de um clube. Quando a ganância de ver o time campeão fala mais alto do que a racionalidade gerencial, a gastança desenfreada cobra seu preço. Será que vale todo esse esforço para ser campeão da Libertadores? Por que, do jeito que esse título está sendo construído pelo Galo, o custo será bem mais alto para recolocar o clube nos trilhos no futuro.