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Arquivo : Arena Corinthians

Estádio novo já vira diferencial competitivo
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Erich Beting

Reportagem de hoje do diário “Lance!” mostra que o Corinthians deverá bater, em 50 jogos, a marca de R$ 100 milhões de arrecadação com venda de ingressos para o torcedor na Arena Corinthians. O número deve ser alcançado já no jogo contra o Flamengo, dia 25 de outubro, curiosamente também a partida de número 50 feita pelo clube no estádio.

Se for considerar que cerca de 40% da arrecadação se esvai em pagamento de taxas, custo de pessoal no dia de jogo e outras coisas mais, o Corinthians conseguiu, em um ano e meio, R$ 60 milhões, que é equivalente a dois anos do contrato de patrocínio máster que possui com a Caixa.

Os números revelam o quanto o estádio novo já se transformou num diferencial competitivo dentro do futebol. Os clubes que atuam nas novas arenas estão arrecadando como nunca em bilheteria.

Em 2013, quando publicou a lista anual de clubes que mais faturam no mundo, a consultoria inglesa Delloitte afirmou que era preciso olhar cada vez mais atentamente para os clubes do Brasil e da Rússia. Segundo os britânicos, os estádios erguidos para a Copa do Mundo fariam de brasileiros e russos clubes com faturamento próximo ao dos times médios da Europa, colocando-os entre os 20 maiores faturamentos do futebol mundial.

O único erro da Delloitte nessa conta foi ter imaginado que brasileiros e russos possuem mercados tão maduros quanto os alemães e os ingleses. Numa realidade em que ainda patinamos muito para entender o que um estádio pode gerar de potencial de receita, a bilheteria aparece timidamente como a única fonte de arrecadação para os clubes.

O Corinthians tem conseguido colocar 30 mil pessoas por jogo em seu estádio. Quanto isso gera a mais de arrecadação para o clube? Essa é a resposta que ainda falta ser respondida. Foram poucas, até agora, as ações de ativação de marcas feitas dentro da Arena Corinthians. Até agora, uma ou outra empresa usou o recurso do telão para criar alguma ação com o torcedor presente no estádio.

Mas ainda há um potencial inexplorado de faturamento com a venda de produtos dentro dos estádios e, mais ainda, de alimentação. No caso da Arena Corinthians, as lojas da praça de alimentação no Shopping Metrô Itaquera, vizinho ao estádio e parada obrigatória de quem usa o metrô, são as que estão sorrindo com um aumento substancial de faturamento nos dias de jogos.

Só na bilheteria, os clubes arrecadam como nunca antes com os novos estádios. Imagine quando o futebol começar a entender que o importante não é venda de ingressos, mas a receita que é possível conseguir num dia inteiro de jogo?


Allianz Parque mostra que provocação de estádios tem limite
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Erich Beting

O que difere o uso da expressão “#poenodvd”, no painel de led da Arena Corinthians, após a vitória alvinegra sobre o Internacional, da brincadeira feita no perfil do Facebook do Allianz Parque, estádio do Palmeiras, com o técnico são-paulino Juan Carlos Osorio?

Nas últimas semanas, as respectivas ações feitas pelos dois estádios ganharam as manchetes. Tanto Corinthians quanto WTorre, gestora do estádio palmeirense, se apressaram em dizer que os funcionários responsáveis pelas brincadeiras feitas seriam demitidos. 

No caso corintiano, após a repercussão negativa da torcida, o clube afirmou que readmitiu o funcionário e, na partida contra o Figueirense, o painel de led da Arena Corinthians trazia a mensagem “Obrigado, Fiel”. O saldo do negócio foi positivo, de todas as formas. No dia da vitória contra o Inter, a torcida mais uma vez tripudiou em cima do adversário e, depois, o clube ainda brincou com a situação pela repercussão causada.

Não haveria o menor sentido em repreender quem fez a brincadeira com o Inter. O estádio é do Corinthians, a torcida presente naquele momento era a corintiana, o caso só ganhou maior volume porque os torcedores compartilharam a brincadeira em seus círculos de relacionamento (eu mesmo recebi de um amigo presente no estádio a imagem por Whatsapp).

Mas, no caso do Allianz Parque, a história muda um pouco. A começar que a brincadeira não foi feita dentro do estádio, mas no dia seguinte à partida, nas redes sociais. Além disso, a iniciativa partiu do gestor do estádio. Que, por sua vez, não trabalha apenas para o Palmeiras, mas também para a Allianz, patrocinadora do local.

A regra, básica, é a seguinte. O Allianz Parque deve valorizar o Palmeiras, mas nunca tripudiar dos outros. É esse o conceito que deve permear qualquer patrocínio no esporte. O patrocinador tem de se comunicar com o torcedor do time que patrocina, mas sem assumir a condição de torcedor. Ele deve valorizar o sentimento que une a pessoa ao clube, sem destruir o sentimento que une outras pessoas a outros clubes.

A partir do momento que o estádio do Palmeiras é patrocinado pela Allianz, ele deixa de ser apenas o estádio do Palmeiras, para defender também os interesses do patrocinador. E, como uma empresa que atua para qualquer pessoa vendendo seguros, a Allianz não pode pensar em ferir o sentimento do torcedor são-paulino.

Enquanto a Arena Corinthians não tiver uma empresa que batize o espaço, poderá brincar com torcedores como se fosse um “território” corintiano. Mas, quando passar a ter alguém que dê muito dinheiro ao local e o utilize para se relacionar com o mercado, ela precisará mudar seu comportamento.

Os novos estádios proporcionam, com a tecnologia disponível, várias possibilidades para interagir com os torcedores. Até por conta disso as empresas se mostram interessadas em patrocinar o local. Mas o caso recente do Allianz Parque mostra que, até para isso, existe um limite na zoação alheia…


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