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Ranking explica o porquê de Nike pagar muito pelo Chelsea
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Erich Beting

Depois de uma fase em que os contratos de patrocínio de camisa foram para as alturas, o futebol europeu convive agora com a era em que os acordos de fornecimento de material esportivo serão inflacionados. A divulgação do ranking de fabricantes que mais vendem camisas feita pela consultoria Euromericas, somada com a história de que a Nike está próxima de anunciar acordo com o Chelsea, explicam por que a fabricante americana decidiu pagar um valor até pouco tempo atrás inimaginável pelo clube londrino.

Desde que se transformaram em marcas globais, os clubes de futebol da Europa viraram alvo da cobiça das grandes fabricantes de material esportivo. Uma camisa do Barcelona, hoje, tem mercado em qualquer lugar do planeta.

Por isso mesmo, o Chelsea estava insatisfeito por receber “apenas” £30 milhões por ano da Adidas (algo em torno de R$ 150 milhões). E foi por isso que passou a jogar duro com o mercado. Como, nos últimos anos, a Nike perdeu alguns dos principais clubes do planeta (Manchester United, Juventus e Arsenal), a investida sobre o time de Roman Abramovich faz todo sentido.

O contrato histórico de £60 milhões ainda é pouco perto do que ganha o United e do que irá ganhar o Barcelona. Mas, na lógica comercial da empresa, é um patrocínio que se paga. Com 3 milhões de camisas vendidas mundialmente, o Chelsea consegue fazer esse dinheiro retornar a seu patrocinador.

No Brasil, há cerca de cinco anos, quando Flamengo e Corinthians fizeram contrato na base de R$ 30 milhões por ano, seus dirigentes celebraram uma arrecadação histórica com o fornecimento de material esportivo. A diferença do que esse tipo de contrato representa aqui e na Europa é a prova de que os clubes brasileiros não possuem qualquer penetração para além das fronteiras nacionais.

O papo de “conhecido internacionalmente” que os brasileiros teimam em querer se vangloriar não é absolutamente nada comparável ao “vendido internacionalmente” que os principais clubes da Europa podem dizer que são.


Barça e River mostram a diferença do Mundial para os continentes
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Erich Beting

Há uma invasão argentina no Japão em curso. Até o domingo, 15 mil argentinos estão espalhados pelo país asiático para acompanhar a tentativa do River Plate de ser campeão do mundo contra o gigantesco Barcelona, que levou pouca gente da Espanha para o Japão para acompanhar o que pode ser o tricampeonato mundial do clube.

A presença maciça dos torcedores do River, em detrimento dos fãs do Barça, mostra de forma cristalina a diferença que existe no Mundial de Clubes na visão de europeus e sul-americanos.

Os argentinos demonstram que, o que interessa a eles, é exclusivamente a bola. Ser campeão, levantar a taça e poder se dizer melhor time do mundo.

O mesmo sentimento não existe no Barcelona. Logicamente que os jogadores anseiam pela vitória, mas para o torcedor do clube, não há o mesmo peso a conquista do mundo como há na conquista da Europa. Se houvesse, o Japão também estaria pintado de azul e vermelho.

O Barcelona não está a passeio no Japão. Mas o propósito do clube ao disputar a competição é completamente diferente daquele vivido pelo River Plate.

Para o time espanhol, a disputa do Mundial de Clubes no Japão, no meio da temporada, é uma ótima forma de o clube ter contato com o fã asiático. As imagens de televisão deixam claro isso. O Sportv mostrou, antes da partida em que o Barça ganhou com sobras do Guangzhou, o frisson causado pelos jogadores do time espanhol quando andavam pelo hotel lotado de fãs. Lembrou, bastante, o que representavam os Beatles em sua época de ouro.

Por isso mesmo, jogar o Mundial se transforma num ótimo negócio para o Barcelona. Tanto que o clube jogou hoje com a camisa azul, lançada recentemente. Muito mais do que diferenciar-se do uniforme vermelho do Guangzhou, o propósito de elevar as vendas da terceira camisa no Japão deve ter sido levado em conta nessa escolha.

Para o sul-americano, a viagem ao Japão é muito mais do que uma simples oportunidade comercial. O clube, a mídia e os atletas estão focados na competição. Os negócios que podem eventualmente ser feitos na Ásia ficam em segundo plano.

Com visões tão distintas de enxergar o evento, Barcelona e River Plate evidenciam, também, a diferença que existe no futebol como negócio na Europa e na América do Sul.

Por aqui, ainda olhamos apenas o desempenho dentro de campo como forma de mensurar o sucesso de um clube. Sim, o futebol é o produto principal. Mas ele não pode mais ser concebido de forma a se pensar só no campo.

Por lá, os clubes sabem que são empresas. O produto principal deles é o futebol, mas para alimentar isso eles precisam investir pesado em atletas. E isso só é possível de se fazer com dinheiro. Dinheiro que, por sua vez, é bastante provável de se encontrar nos ardorosos fãs asiáticos.

O comportamento de Barcelona e River Plate no Mundial de Clubes mostra de forma bem clara como sul-americanos e europeus encaram o futebol. E revela, também, como ainda demoraremos a ter uma visão de futebol como produto que ajudou a revolucionar a cara da bola jogada na Europa nos últimos 30 anos…


YouTube entra na briga pelos direitos de transmissão. E agora?
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Erich Beting

O Brasil começa hoje a entrar numa nova era no que diz respeito aos direitos de transmissão no futebol. O YouTube passará a transmitir a Copa del Rey, da Espanha, também para os lados de cá. A primeira partida que será exibida é a do Barcelona (detalhes aqui).

O negócio representa um ponto de virada importante na questão dos direitos de mídia esportivos. Repare bem que não dá mais para usar a expressão “direitos de TV”, uma vez que não temos, hoje, o mesmo cenário que havia há dez anos, quando as principais emissoras de televisão do mundo começavam a entrar em colisão com o YouTube.

Naquela época, a briga era pelo direito de exibir melhores momentos dos principais eventos esportivos praticamente de forma instantânea. Sabe aquele touchdown fantástico que só a Fox havia transmitido no Superbowl? Pois é. Dali a 10 ou 15 minutos alguém já tinha copiado o sinal de TV e subido o lance para todo mundo ver, em qualquer lugar, sem que os “direitos” fossem preservados.

Hoje, pensar que alguém queria ir contra o YouTube há dez anos parece um contrassenso. Não era. De fato, até aquela época, as imagens em tempo real de um evento eram restritas a quem havia pago, bem caro, por isso. Mas aí a banda de internet nas casas foi-se alargando, as emissoras perceberam que elas precisariam fornecer vídeos em seus sites e o negócio foi crescendo a tal ponto que o detentor do direito de mídia de um evento arranjou um jeito de conquistar o fã do esporte sem precisar se preocupar se o YouTube estava ou não violando suas propriedades exclusivas.

O YouTube, com isso, perdeu espaço. Até então, ele funcionava praticamente como a plataforma para tudo o que circunda o meio esportivo, à exceção do evento em si. Eles não transmitiam ao vivo, mas conseguiam mostrar todo o restante. É só ver o quanto conseguem de exposição os canais oficiais de clubes de futebol. Não é o esporte em si, mas a paixão pelo esporte que o YouTube compartilha e viraliza para todo o mundo.

O ponto, porém, é que o YouTube começa a se mostrar uma plataforma mais eficiente do que a própria TV. O site do Google tem toda a capacidade de criar algo que dispense ter ou não a operadora x ou y, estar ou não à frente de uma TV, etc.

O que o YouTube representa, no lugar do modelo tradicional de transmissão em vídeo pela TV, é a mesma possibilidade que as emissoras temiam em 2005. Ele ganha o mundo. Tanto que, quando a liga espanhola anunciou o acordo com a Mediapro para transmitir para 17 países via YouTube a Copa do Rei, a perspectiva é de que isso leve a competição para 2 bilhões de pessoas, no acumulado de toda a mídia, considerando também os acordos de TV.

No ano passado já foi possível acompanhar o título mundial de Gabriel Medina por lá. Agora, chegando ao futebol, a tendência é que o YouTube provoque um movimento praticamente irreversível na questão de vermos, via internet, jogos ao vivo. Sem precisar, para isso, apelar aos sites piratas…


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