Mudança na Fifa não pode ser rápida
Erich Beting
A Fifa elegeu Gianni Infantino como seu novo presidente (veja aqui). Suíço, como era Joseph Blatter, o dirigente terá de ser hábil para tentar resgatar a imagem da entidade. Prometendo inchar a Copa do Mundo, como fez João Havelange em 1978, o dirigente terá de ser hábil para tentar aproximar os dirigentes e tornar a entidade governável.
Tudo isso nos dá a nítida impressão de que nada muda dentro da Fifa. Mas como poderia ser diferente?
Apesar do furacão que devastou toda a entidade, a transição de poder no mundo do futebol não pode ser rápida.
Após 41 anos de um sistema montado por João Havelange e aprimorado por Joseph Blatter, é praticamente impossível imaginar que haja alguma liderança de fato nova dentro do sistema político do futebol. É, a grosso modo, querer um político diferente daquilo que temos hoje em nosso país.
Se houvesse uma mudança radical na Fifa, entraríamos num período muito difícil para a gestão da entidade. Pior até do que ela enfrenta atualmente. É preciso, hoje, uma liderança que promova a mudança necessária, mas não pode ser uma figura sem qualquer trânsito dentro do mundo da bola.
A mudança radical, com raríssimas exceções, nunca é o melhor caminho para realmente melhorar algo. A Fifa tem um produto espetacular nas mãos, que é a Copa do Mundo, mas um sistema completamente corroído pela corrupção de seus gestores.
Se, com habilidade política, um novo/velho gestor conseguir implementar mudanças que significativamente alterem a estrutura de negócios da entidade, a Fifa conseguirá, finalmente, transformar sua realidade.
É impossível achar que uma mudança radical seja a solução para a Fifa. Mas é imperativo, para a entidade, que quem for assumir a gestão tenha um plano de governo que seja maior que o plano de poder e dinheiro que sempre seduziu quem sentou na cadeira de presidente até hoje.