Cielo fora do Rio? Não entre em pânico…
Erich Beting
A queda mais do que precoce de Cesar Cielo do Rio-2016 era um dos baques que as marcas não precisavam sofrer antes das Olimpíadas. O fato é, de maneira análoga, mais ou menos como se Neymar ficasse fora da Copa em 2014.
Cielo era a principal aposta das marcas. Ou, pelo menos, a mais certeira. É um dos poucos rostos olímpicos que é reconhecido pelo público em geral. A performance em outras Olimpíadas fizeram dele alguém próximo das pessoas. Por isso mesmo, ele é um dos poucos atletas brasileiros que iriam aos Jogos com vários patrocinadores, sendo que alguns deles só apostavam na sua cara para as campanhas publicitárias.
O baque provocado pela saída de Cielo é a prova de que investir em atleta é sempre um risco. Não há saída segura. Se o atleta está no auge, várias marcas estarão junto a ele. Se ele perde a performance de forma relativamente inesperada, você fica sem conseguir ter muito para onde correr.
Tanto é que, dos oito patrocinadores do nadador, apenas dois estavam relativamente preparados para uma saída precoce das Olimpíadas. Apenas Gatorade e Adidas fizeram uma homenagem a Cielo. As demais silenciaram diante de uma queda não-esperada.
O caso mostra que a marca precisa, urgentemente, aprender a criar um plano B para os seus atletas patrocinados. Não por acaso, isso geralmente acontece com as marcas que vivem do esporte, como são Gatorade e Adidas. Elas sabem que ganhar e perder faz parte do jogo. E que precisam estar preparadas para os dois momentos.
Mas as marcas que geralmente trabalham sem ser com o esporte parecem entrar em pânico quando a performance não aparece. Foi assim já na Copa de 2014, quando poucas foram as empresas que aceitaram os 7 a 1 e criaram uma comunicação para agradecer à seleção brasileira pela Copa do Mundo.
As empresas precisam entender que o relacionamento com o esporte segue, a grosso modo, as regras de um casamento. O torcedor não se separa da sua paixão por qualquer desilusão. Sendo assim, ele espera das marcas patrocinadoras um comportamento semelhante. Não é só para valorizar na alta e esquecer na baixa. Pelo contrário. Geralmente é no momento da má performance que o sentimento está mais aflorado.
O barato de investir em esporte é poder se apropriar dos atributos que ele tem, entre eles a fidelidade com a marca e/ou o atleta. Por isso mesmo, não é preciso entrar em pânico quando as coisas não acontecem dentro do esperado. O torcedor sabe que sempre haverá um novo dia para torcer.
A saída prematura de Cielo das Olimpíadas pode ser um bom meio de as marcas entenderem isso para não repetir o erro em agosto. Afinal, só existe uma medalha de ouro…