Negócios do Esporte

Arquivo : Rio-2016

Vem, zika! Ou… A coragem do Rio ao não ignorar o tema
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Erich Beting

Entre as diversas crises que rondam os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, uma das que mais amedrontam atletas no exterior é o possível contágio do zika vírus durante o mês de agosto na Cidade Maravilhosa. Na próxima semana, vamos começar a ver uma propaganda na TV e em outras mídias que trata exatamente de uma marca que será o “Repelente Oficial dos Jogos Olímpicos” (veja os detalhes aqui).

Confesso que minha primeira reação foi de incredulidade ao saber da história. Será que compensa o risco de se fechar um patrocínio com uma marca de repelente se, justamente, o zika ainda é um tema complicado no exterior? Fui voto vencido no debate que fizemos na redação da Máquina do Esporte. E, confesso, há cinco dias venho pensando bastante sobre o tema para tentar escrever sobre.

O fato é que o Rio foi audacioso ao tomar essa decisão. E o OFF!, da SC Johnson, foi muito, mas muito inteligente ao aproveitar a oportunidade de se debater esse tema para ter a chance de marcar presença no evento.

Ao ter um repelente oficial, o Rio assume que há um risco em seu evento. Mas que, de certa forma, decidiu se prevenir contra ele. É, num outro paralelo, como se os Jogos tivessem um acordo com uma empresa de segurança admitindo que há um risco de algum atentado acontecer no evento.

Ao mesmo tempo, para o patrocinador, os Jogos proporcionam uma enorme chance de se expor a marca e transmitir uma mensagem que remete diretamente a seu produto.

Num momento em que as empresas ainda estão começando a colocar a cabeça para fora e lembrar o consumidor que falta pouco mais de um mês para as Olimpíadas, ser audacioso na transmissão da mensagem pode ser um passo importante para marcar presença no evento.

O desafio, aliás, é enorme. Só de patrocinadores mundiais, locais, apoiadores e fornecedores, o Rio 2016 conta com 59 empresas. Usar um tema de interesse público para se associar ao evento pode ser uma saída para ganhar espaço no meio de uma concorrência pesada para aparecer.

Em vez de tentar esconder o zika, o Rio decidiu assumir que existe um problema. É uma decisão difícil, mas que pode gerar um bom retorno para o evento.

 


Instituto Ayrton Senna se apropria do “fator casa” no Rio
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Erich Beting

Um dos maiores segredos da comunicação da British Airways nas Olimpíadas de Londres foi capitalizar em cima da importância do “fator casa” nos Jogos. A companhia aérea lançou uma campanha em que pedia ao britânico para não viajar, ficar em casa e torcer pelos atletas da Grã-Bretanha na Olimpíada.

A menos de dois meses do Rio-2016, nenhuma empresa soube se apropriar do “fator casa” em sua comunicação. Em parte pela péssima situação política do país, outra parte pelo mau humor que toma boa parte das pessoas, o fato é que ninguém pensou (ou executou) uma mensagem que reforçasse a importância da conexão do torcedor com o atleta brasileiro para os Jogos Olímpicos.

Ou melhor. Ninguém havia tido a ideia de fazer isso até o Instituto Ayrton Senna, em parceria com a agência de publicidade JWT, planejar a criação de uma pulseira que, conectada a um aplicativo de realidade aumentada, traz uma mensagem de Ayrton Senna sobre a importância de se jogar em casa.

A ideia é espetacular. E, ao não envolver nenhuma marca, possibilitou ao IAS tornar-se um parceiro oficial não-oficial dos Jogos, se é que dá para entender bem isso… A tendência é que a pulseira pode vir a ser um produto engajado pelos atletas brasileiros no Rio-2016. Com a anuência do Comitê Olímpico e do Comitê Organizador. E com a certeza de que o “fator casa” não poderia ter sido tão negligenciado pelos patrocinadores assim…


Caso da tocha mostra preço da falta de planejamento
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Erich Beting

O comitê organizador dos Jogos Olímpicos divulgou, na última semana, o valor a ser pago pela Tocha Olímpica para quem for um dos 12 mil condutores da chama. O preço de R$ 1985,19 assustou muita gente e gerou uma enorme onda de reclamações no grupo reservado aos condutores no Facebook.

O caso rendeu a primeira crise aos patrocinadores. Pressionados, eles optaram por desembolsar a grana e dar para os condutores o mimo (leia os detalhes aqui).

A decisão coloca em evidência a questão de quanto a falta de planejamento atrapalha o negócio. O Rio-2016 demorou para definir o valor da tocha. Quando decidiu, o fez da pior forma possível. Simplesmente converteu o valor pago pela tocha de dólar para real e não se preocupou em dar melhores condições de venda para o consumidor.

A medida, impopular, colocou numa sinuca de bico as marcas, que tiveram de arcar com custos milionários, sendo que algumas delas não estavam prevendo comprar a tocha para os condutores.

Muitos podem se indagar o que representa, para as marcas, um custo extra de R$ 4 a R$ 5 milhões no orçamento milionário de uma Olimpíada. O problema é exatamente esse. Com o dinheiro já todo alocado no projeto olímpico, as marcas têm de repensar outros investimentos que seriam feitos para investir em algo que já estava, teoricamente, contemplado, que é a ação com o condutor.

O maior desafio que o Brasil tinha para as Olimpíadas era conseguir planejar e executar com maestria o evento. A alta do dólar já havia sido organizada com os patrocínios firmados em valor fixo para o câmbio. Não custava nada a mesma lógica ter sido aplicada para o valor a ser pago pela tocha olímpica.

Sem um planejamento bem detalhado, geralmente, os eventos estouram os orçamentos das empresas. O caso da tocha olímpica é só mais um a revelar essa máxima…


Cielo fora do Rio? Não entre em pânico…
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Erich Beting

A queda mais do que precoce de Cesar Cielo do Rio-2016 era um dos baques que as marcas não precisavam sofrer antes das Olimpíadas. O fato é, de maneira análoga, mais ou menos como se Neymar ficasse fora da Copa em 2014.

Cielo era a principal aposta das marcas. Ou, pelo menos, a mais certeira. É um dos poucos rostos olímpicos que é reconhecido pelo público em geral. A performance em outras Olimpíadas fizeram dele alguém próximo das pessoas. Por isso mesmo, ele é um dos poucos atletas brasileiros que iriam aos Jogos com vários patrocinadores, sendo que alguns deles só apostavam na sua cara para as campanhas publicitárias.

O baque provocado pela saída de Cielo é a prova de que investir em atleta é sempre um risco. Não há saída segura. Se o atleta está no auge, várias marcas estarão junto a ele. Se ele perde a performance de forma relativamente inesperada, você fica sem conseguir ter muito para onde correr.

Tanto é que, dos oito patrocinadores do nadador, apenas dois estavam relativamente preparados para uma saída precoce das Olimpíadas. Apenas Gatorade e Adidas fizeram uma homenagem a Cielo. As demais silenciaram diante de uma queda não-esperada.

O caso mostra que a marca precisa, urgentemente, aprender a criar um plano B para os seus atletas patrocinados. Não por acaso, isso geralmente acontece com as marcas que vivem do esporte, como são Gatorade e Adidas. Elas sabem que ganhar e perder faz parte do jogo. E que precisam estar preparadas para os dois momentos.

Mas as marcas que geralmente trabalham sem ser com o esporte parecem entrar em pânico quando a performance não aparece. Foi assim já na Copa de 2014, quando poucas foram as empresas que aceitaram os 7 a 1 e criaram uma comunicação para agradecer à seleção brasileira pela Copa do Mundo.

As empresas precisam entender que o relacionamento com o esporte segue, a grosso modo, as regras de um casamento. O torcedor não se separa da sua paixão por qualquer desilusão. Sendo assim, ele espera das marcas patrocinadoras um comportamento semelhante. Não é só para valorizar na alta e esquecer na baixa. Pelo contrário. Geralmente é no momento da má performance que o sentimento está mais aflorado.

O barato de investir em esporte é poder se apropriar dos atributos que ele tem, entre eles a fidelidade com a marca e/ou o atleta. Por isso mesmo, não é preciso entrar em pânico quando as coisas não acontecem dentro do esperado. O torcedor sabe que sempre haverá um novo dia para torcer.

A saída prematura de Cielo das Olimpíadas pode ser um bom meio de as marcas entenderem isso para não repetir o erro em agosto. Afinal, só existe uma medalha de ouro…


A Sadia e a visão deturpada do que é patrocinar
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Erich Beting

Em 2009, o mercado de patrocínio esportivo no Brasil entrou em ebulição. Com o país confirmado como sedes da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016 e com a economia confirmando a “marolinha” da crise internacional, todas as marcas trataram de criar seus “projetos esportivos”.

O ano de 2010 foi marcado pela corrida rumo ao pote de ouro. Foi a época em que pipocaram patrocínios nas camisas de times, gerando os abadás de atualmente, e também foi o momento em que as confederações olímpicas, pela primeira vez, viraram o fio, deixando de depender exclusivamente de verba pública para ter patrocínios de empresas privadas.

A expressão “projeto olímpico” passou a ser conjugada pelos departamentos de marketing das empresas, ávidas para tentar marcar presença no Rio-2016 de algum jeito.

Em meio a essa euforia, a Sadia foi uma das marcas que se destacou. Fechou, de forma rápida, patrocínios às confederações de judô, ginástica e natação, três com alto potencial de medalha no Rio. Depois, anunciou acordo com os Jogos Olímpicos. E, por fim, já em 2013, ampliou a atuação no esporte com os patrocínios à Copa do Brasil e à CBF.

A festa não chegou nem até o Rio-2016. De todos os patrocínios, agora, só resta o das Olimpíadas. E, mesmo assim, só porque os danos que a empresa sofreria (em multa e imagem) se decidisse romper o contrato seriam maiores do que continuar com o status de patrocinador, mas não fazer rigorosamente nada durante o evento, que é o que deve acontecer.

Com o mercado em retração, o cenário de megaeventos não se concretizando tão bem quanto parecia e um futuro incerto, a saída da Sadia da CBF marca o fim de mais uma aventura da empresa no esporte. Nos anos 80, a marca era sinônimo de vôlei, abandonou essa história ao mudar a direção e tentou, sem o mesmo sucesso, retomar uma ligação com o esporte.

O erro maior da Sadia foi, como a maioria das empresas no país, o de acreditar que uma estratégia boa de patrocínio é aquela formada por uma amplitude de investimentos que garantam um mínimo de visibilidade para a marca. No fim das contas, a gastança da empresa, que chegava aos quase R$ 80 milhões ao ano com patrocínio ao esporte, era praticamente inútil.

Raramente as empresas olham os cases de sucesso antes de fazerem um investimento. Se o fizessem, perceberiam que, muito mais eficiente do que pulverizar investimentos é concentrar a verba em um ou dois esportes e, com o restante do dinheiro, comunicar constantemente esse patrocínio ao público. Só isso pode dar mais resultado do que o cada vez mais batido retorno de exposição à marca.

Foi essa, a grosso modo, a estratégia adotada também pela 99 Taxis. A marca entrou numa série de clubes e, assim, não teve fôlego para se comunicar com os torcedores de cada uma das equipes. O que ficou após um ano, além de um espaço vazio no uniforme e a chance de outra marca ocupar esse lugar de forma mais eficiente?

Do jeito que foi conduzida a política de patrocínios da Sadia, a saída da marca do esporte era tão natural quanto a entrada dela. O mais curioso é que tudo aconteceu antes do que seria o “grande momento” para a marca. Na lógica da empresa, porém, é mais eficiente investir em publicidade nos meios tradicionais do que procurar um jeito mais estratégico (e difícil!) de aproximar a marca do público.

No fim das contas, o episódio só gera danos a todos os envolvidos. Financeiro ao esporte e de marca para a empresa.


Que ano foi esse?
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Erich Beting

É bem provável que, no fim de 2014, estávamos pensando no “ano mágico” que havíamos acabado de atravessar. Afinal, não só teve a Copa, mas que Copa memorável que tivemos no país! Um futebol bem jogado, uma festa bacana e muito aprendizado trazido para cá pelo maior evento do esporte mais popular do mundo.

Era natural, e essa era a minha ideia original, que viveríamos em 2015 um ano de ressaca. Poucas mudanças bruscas no futebol, a expectativa olímpica começando a aumentar a partir de agosto, as marcas começando a aquecer os tambores para 2016, sem grandes investimentos no esporte, os mesmos cartolas de sempre mandando e desmandando…

Até 27 de maio era mais ou menos esse o roteiro. O Brasileirão começava, as dúvidas sobre a performance técnica da seleção brasileira continuavam (que ano não foi assim desde que você se conhece por gente que acompanha futebol?), as marcas timidamente começavam a traçar seus projetos olímpicos…

Aí veio a prisão de José Maria Marin, a delação premiada de J. Hawilla nos Estados Unidos e o futebol virou de cabeça para baixo.

Sempre achamos, trabalhando ou não com futebol, que os dirigentes que estavam no comando do futebol no país tinham atitudes no mínimo suspeitas. Hoje, os três últimos presidentes da CBF são acusados formalmente pela Justiça dos Estados Unidos de práticas de crimes de corrupção. Um está preso, um sumiu faz três anos (Ricardo Teixeira sempre foi um homem de visão), o outro acaba de pedir licença do comando da entidade…

Joseph Blatter, o presidente da Fifa há quase 20 anos, foi tirado da cadeira máxima do futebol. Diversos outros dirigentes estão caindo, entre eles o até então ilibado Michel Platini, ex-craque de bola da França que trocou a fama conquistada pelos dólares desviados em acordos obscuros, ao que tudo indica.

O ano de 2015 pode vir a ser o começo do fim de um sistema mafioso que corroeu o futebol nos últimos 40 anos. As vísceras de um modelo de negócios que mais era um modelo de negociatas estão expostas, e a necessidade de mudança é enorme.

No final das contas, aquele que tinha tudo para ser um ano morno no esporte talvez tenha sido um dos mais importantes das últimas décadas. A ressaca pós-Copa foi acompanhada de um vendaval que rachou o status quo e colocou, sob nova perspectiva, o mercado do futebol.

Isso sem falar no que ainda vão se desenrolar as investigações sobre doping iniciadas na Rússia. Tal qual o castelo começou a ruir na América do Sul para o futebol, é muito provável que o esporte atinja novo patamar a partir do instante que combater, de forma sistemática, a burla de regras do doping, que envolve, como se vê no atletismo, pagamento de propinas a dirigentes para acobertarem as histórias.

No marasmo que geralmente caracteriza o ano em que não há Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, será impossível, na cronologia do esporte, deixar 2015 para lá. Dentro das quadras, piscinas e campos, tudo correu mais ou menos como sempre, sem grandes feitos.

Mas, fora das competições, nunca houve tanta evolução num mesmo ano como esse que passou!

Agora é virar a página e começar 2016 com o espírito olímpico em dia. Para, daqui a um ano, podermos dizer “e que Olimpíada tivemos”! O blog, naturalmente, volta a falar de esporte e negócios na próxima semana, após uma pausa para recarregar as energias!

Bom Ano Novo a todos!


O que o Rock In Rio ensina ao esporte. E o que precisa aprender
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Erich Beting

O Rio de Janeiro viveu, na última semana, a euforia da realização de mais um Rock In Rio, festival de música que acontece bienalmente desde 2011 na Cidade Maravilhosa. Por algumas críticas que pude ver, o evento chamou a atenção dos analistas mais pela algazarra comercial em que se transformou do que pelo espetáculo em si (leia as opiniões de André Barcinski na Folha e de Alexandre Matias aqui no UOL).

Pelo que deu para ver neste fim de semana no Rio, pelas transmissões feitas pela TV e por um bocado de fotos espalhadas pelas redes sociais, realmente o Rock In Rio esteve mais para Everything In Rio. E os organizadores estão mais do que corretos em agir dessa forma.

Achar que o Rock In Rio deve se restringir aos shows de Rock, de preferência debaixo de chuva e pisando no barro, é ser nostálgico. É voltar a 1985 e achar que o jovem de 18 anos daquela época pensa da mesma forma e tem os mesmos anseios do jovem de hoje, com todas as transformações dos últimos 30 anos pelo caminho.

O que leva uma pessoa a um show (ou a um jogo de futebol, de basquete, de hóquei ou qualquer outra coisa) se não for pelos diferentes tipos de entretenimento disponíveis? Não basta ter um grande músico no palco, é preciso ter uma série de atrações que faça o cara desistir de acompanhar tudo online para decidir ir até lá compartilhar suas emoções online.

É preciso ter a tirolesa para tirar foto e mandar para os amigos. É preciso ter a loja oficial para comprar recordações (ok, a pretensa lama de 1985 passou do limite do bom senso). É preciso ter uma enorme praça de alimentação para que as pessoas se alimentem no local e continuem financiando uma reunião de diversos músicos, de diferentes estilos e gostos.

O Rock In Rio ensina para o esporte que, além do espetáculo, é preciso pensar na diversão de quem vai ao local. A maior revolução que tivemos de 1985 para cá é a de que a experiência de ver um show (ou uma competição qualquer) em casa, com todo o recurso tecnológico das transmissões, é muito mais rica do que estar no local ao vivo.

Sim, a emoção de poder dizer “eu fui” é muito mais valiosa do que esquentar a pipoca no microondas e tirar a cerveja da geladeira para ouvir uma música ou assistir a um jogo. Mas, por mais saudosistas que sejamos, é preciso entender que, para o público querer se deslocar e ver o evento ao vivo, é preciso oferecer muito mais do que o evento.

Há 30 anos, não havia como eu ver o Queen se não fosse indo ao show. Hoje, pelo celular, vejo todos os vídeos possíveis, os bastidores da gravação de um LP (naquela época era o “long play”), os erros e devaneios de um ensaio pré-show, etc. Por que, então, eu sair de casa para ver um show ao vivo?

Seja num estádio, ginásio ou espaço aberto como o do Rock In Rio, o evento de entretenimento precisa se transformar em vários eventos dentro de um só. Para atingir um público que vai além do fanático, para poder aumentar a receita com patrocínio, para poder dar retorno financeiro ao organizador.

No ano que vem o Rio passará pela experiência de receber os Jogos Olímpicos. De uma forma um pouco diferente, as Olimpíadas promovem diversas atrações para o torcedor que vão além do que só entrar na arena para acompanhar uma competição. São os espaços nos quais os patrocinadores podem fazer ações para o público e criar uma experiência exclusiva só para quem de fato foi ao Parque Olímpico.

Em todo o restante do espaço, a principal atração é a competição em si. Sem desvio de atenção, com a arena lotada e a preocupação de fazer do atleta o astro maior do evento. Se tem algo que o Rock In Rio pode aprender com as Olimpíadas é como fazer com que a sua marca e seus artistas sejam os principais elementos de uma grande festa para as pessoas.

O Rock In Rio pode ensinar muito para o esporte. Mas os organizadores também podem olhar com carinho como o COI trabalha a força da marca dos Jogos Olímpicos e dos seus atletas para fazer com que as lembranças de um dos maiores festivais de música do mundo sejam mais do que voltas numa montanha russa ou numa tirolesa…


Revezamento da Tocha é um dos melhores negócios olímpicos
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Erich Beting

Foi apresentada nesta sexta-feira a Tocha Olímpica. Junto com ela, começaram as campanhas de Bradesco, Coca-Cola e Nissan, patrocinadores do revezamento da tocha, para eleger os condutores dela ao longo dos cem dias e quase 300 cidades que receberão o evento.

No final das contas, o revezamento da tocha acaba sendo um dos melhores negócios, se não o melhor, das Olimpíadas.

O evento é o único que permite às marcas terem exposição em algum acontecimento dos Jogos. O carro da Nissan, a agência do Bradesco e um eventual totem da Coca-Cola poderão estar expostos ali, em meio à condução da tocha. Isso não é possível durante os 15 dias de Olimpíadas, quando apenas os aneis olímpicos aparecem nas arenas.

O tempo de duração do revezamento é outro ponto que conta a favor. Serão 100 dias de tocha sendo conduzida por todos os estados do país e cerca de 300 cidades. É muito tempo e muita gente sendo impactada pela ação, o que só amplia o retorno dessas marcas com o patrocínio.

Por fim, o grande ponto é a quase exclusividade de quem está nesse patrocínio. Nas Olimpíadas, pelo menos 30 marcas diferentes terão o direito de anunciar suas ações relacionadas ao evento. No percurso da tocha, são apenas três empresas. É uma dispersão muito menor da mensagem.

As verbas de Bradesco, Coca-Cola e Nissan serão bem direcionadas para o período pré-olímpico. No final das contas, esse momento acabará sendo até mais importante para as marcas do que a própria Olimpíada em si… É o que mostra a campanha que o Bradesco acabou de lançar para promover o revezamento.