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Ainda vai rolar muita água na questão dos direitos de TV
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Erich Beting

No mais tardar depois do Carnaval devemos ter o anúncio do que parecia impossível. Após 20 anos a Globosat deve perder a exclusividade na transmissão do Campeonato Brasileiro (detalhes aqui). Desde 1997 que a emissora de TV paga reina absoluta na telinha do Brasileirão.

Foi naquela época, aliás, que os direitos de TV no Brasil viram o primeiro grande salto, saindo dos R$ 3 milhões ao ano (sim, você não leu errado) para então impensáveis R$ 97 milhões pela exclusividade, em todas as mídias, da Globo.

Agora os valores voltam a ser exorbitantes. A Esporte Interativo propôs um contrato, por clube, próximo de R$ 28 milhões ao ano apenas para os jogos da TV paga. A oferta não foi coberta pela Globosat, que hoje paga, para 20 equipes, R$ 60 milhões anualmente.

O salto dos valores na TV paga é uma realidade cada vez mais próxima do Brasil. Depois de ficar anos e anos sem concorrência em relação aos valores pagos, a Globosat/Sportv viu surgir, nos últimos cinco anos, dois gigantes mundiais da televisão dispostos a investir bastante no Brasil. Com Fox/Fox Sports e Turner/Esporte Interativo, a briga agora é tão forte quanto a existente nos Estados Unidos, o maior mercado de mídia do mundo.

Mas não é possível ter a certeza de celebração do fim de um domínio da Globo sobre os direitos de TV no Brasil. Até agora, a Esporte Interativo tem contrato para apenas 5 clubes. Desses, três estiveram recentemente na Série B, o que é indicativo de que não necessariamente os times estarão, lá em 2019, na elite nacional. Há, ainda, os fatores TV aberta e pay-per-view, que podem ser empecilhos para essas equipes terem algum outro tipo de relação com a Globo.

O fato é que, nessa disputa toda, para variar, o futebol pode sair com a sensação de vitória, mas com uma derrota contundente. Como explicitado longamente aqui no blog lá em 2011, quando começou a ser quebrado o Clube dos 13, a comercialização individual de direitos tem como consequência a desvalorização do produto que é comercializado com a televisão e, pior ainda, a perda de outras receitas pelos clubes por um embate que faz alguns times não ganharem espaço na TV por conta de contratos individuais.

Ainda tem muita água para rolar.

O caminho mais natural é que, uma vez assinado o acordo EI e clubes, mais para frente haja um acordão EI e Globo para a adequação de todos os clubes dentro das grades das televisões. Esse é o caminho necessário para o futebol traçar daqui para a frente.

Do contrário, o dinheiro a mais que os clubes pensam que receberão vai, no médio prazo, virar contra eles próprios.


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