Todo patrocínio tem seu fim
Erich Beting
No início da semana posicionei-me contra o fim do patrocínio da Sky no time de vôlei da Cimed. A crítica, no caso, era à atitude da empresa, que desde que começou a investir no esporte desistiu das equipes patrocinadas logo após o primeiro fracasso esportivo.
A semana se encerra com outra notícia ruim para o time de Florianópolis. Agora foi a vez de a Cimed anunciar que vai deixar a equipe, encerrando o ciclo de patrocínio no vôlei (leia aqui os detalhes). A empresa farmacêutica, que em sete anos conquistou quatro títulos da Superliga e um Sul-Americano, achou melhor mudar de estratégia e retirou o apoio à equipe.
A saída da Cimed é muito diferente da que motivou a Sky. Para a farmacêutica, não havia mais sentido continuar a investir no time de vôlei. O limite já tinha sido atingido, e os objetivos, cumpridos.
A realidade é que todo patrocínio tem seu fim. Por mais que o torcedor tenha carinho pela marca patrocinadora, por mais que o projeto tenha resultado esportivo, algum dia ele acaba. São raríssimas as associações no esporte que tenham histórias de décadas de apoio. Geralmente elas estão ligadas a grandes eventos e, mesmo assim, muitas vezes continuam mais para evitar a entrada de um concorrente do que para a empresa se beneficiar da associação com o evento.
No caso de patrocínio de times, então, o relacionamento raramente ultrapassa uma década de duração. E o motivo é óbvio. Um time está exposto praticamente todos os dias do ano para o torcedor. Com o passar do tempo, a marca deixa de ser algo diferente para incorporar-se ao cotidiano do consumidor, passando até, dependendo do caso, a ter uma relação passiva com ele, de indiferença, de tão enraizada que está com o clube.
A grande lição que fica para o vôlei com a saída da Cimed é que, infelizmente, os gestores da modalidade, com raras exceções, não aprenderam a mudar a dependência de encontrar sempre um patrocinador para existir.
Em sete anos não foi possível para a equipe criar um relacionamento com o torcedor local, vender produtos do clube, estabelecer um vínculo de consumo que não obrigue uma única empresa a ser mantenedora da equipe?
Há pelo menos 30 anos que o mercado do vôlei sabe que um patrocínio tem um ciclo de duração. E há 30 anos que os dirigentes insistem em buscar apenas um patrocinador para pagar a conta, sem perceber que o maior trunfo que ele tem para sempre ter patrocinadores batendo à porta é investir no torcedor.
Afinal, o patrocínio, um dia, acaba. O amor de um torcedor pelo clube é infinito. Pelo menos enquanto os dois continuarem a existir…