O futebol brasileiro vai virar itinerante
Erich Beting
Flamengo x Santos em Brasília. Botafogo x Fluminense em Pernambuco. Aos poucos, parece que os gestores dos novos estádios no país estão encontrando uma solução para tentar fazer com que as modernas arenas não se transformem em elefantes brancos.
A tendência para os próximos meses é a de que tenhamos diversos jogos sendo disputados por todo o país. Sem as arenas de algumas cidades da Copa prontas, alguns times estão ''sem-teto'', como Botafogo, Flamengo e Fluminense, para ficar apenas no exemplo do Rio de Janeiro.
Mas o que vai acontecer quando todos os novos estádios estiverem prontos e em uso?
A estratégia de levar um caminhão de dinheiro para ter times de prestígio em suas bandas parece ser a alternativa para as arenas que não possuem clubes em divisões principais. Bandeira de propagação do discurso torto quando o Brasil foi eleito sede da Copa, está mais do que provado que o fato de um time não estar na elite faz muita, mas muita diferença para manter um estádio de alto padrão em funcionamento e, mais do que isso, com as contas em dia.
Até agora, Cuiabá não encontrou um gestor interessado na Arena Pantanal pós-Copa. Da mesma forma, penarão os gestores de Manaus, Brasília e Natal, especialmente. Nada contra essas cidades, mas tudo contra o modelo de negócio proposto para esses estádios.
Por conta do ''Padrão Fifa'', essas arenas são feitas para terem lucro na venda de espaços corporativos, os populares camarotes. Para serem atraentes para uma empresa, esses camarotes precisam abrigar grandes eventos esportivos constantemente. Para abrigar grandes eventos, os donos dos estádios precisam desembolsar uma quantia razoável de dinheiro para levar os melhores artistas para esses espaços.
O futebol brasileiro vai virar itinerante. Mas a vida nômade vai acabar quando a fonte pública de financiamento dessas viagens acabar e, também, quando os clubes passarem a ter estádios próprios, que gerem muito mais receita do que uma viagem no sistema ''all inclusive''.
E, depois que a fase nômade passar, o rombo que a conta do Mundial de 2014 deixará para essas sedes sem grandes times será gigantesco… Mesmo assim, o impacto que essas novas arenas causará na gestão do futebol será benéfica para a cadeia produtiva do esporte como um todo.