Judô mostra que TV, patrocinador e esporte podem conviver
Erich Beting
O Desafio Internacional de Judô realizado no último domingo em São Paulo é a prova de que, se houver um mínimo de diálogo, TV, patrocinador e esporte podem conviver em ótima harmonia. E, o que é melhor, quem sai ganhando é o público.
Não havia nenhum grande ''craque'' dos tatames no desafio do domingo. A atração, porém, foi toda a atmosfera criada para o evento.
Graças à ousadia de CBJ, Bradesco e Globo, o evento se tornou um espetáculo para quem foi até o teatro e, também, para quem estava em casa sem muito a fazer no domingo de manhã.
A escolha de um teatro para abrigar o desafio já foi interessante. Mais ainda foi a CBJ abrir mão da ''pureza'' do esporte para fazer um espetáculo que fosse atrativo para a TV. O judô quase nunca tem lutas num domingo pela manhã. Além disso, os árbitros usaram câmeras para dar um outro ângulo para quem está em casa vendo a luta.
Por fim, os patrocinadores também entenderam a parte deles. Aceitaram que um lado do tatame não fosse cercado pelas placas de publicidade. Justamente para que a TV pudesse mostrar que os judocas estavam dentro de um teatro, filmando a maior parte do tempo a plateia, e não quem pagava a conta…
O saldo de tudo isso é que o torcedor, seja ele o que foi ao teatro ou o que curtiu o evento dentro de casa, teve uma experiência diferente para ver o judô. A menos de dois anos das Olimpíadas, isso pode ser um tremendo diferencial da modalidade no país.
Além disso, a mídia acaba, dentro de um evento pensado previamente para ela, dando mais destaque à atração. Isso ajuda a promover o esporte e dá, para o público, maior contato com uma modalidade.
Desde muito tempo atrás, os Estados Unidos entendeu que, para crescer, o esporte precisava se ver como ramo do entretenimento. Uma das melhores exemplificações desse modo de pensar está no UFC. Tudo é pensado para promover ao máximo o evento, inclusive os duelos a serem feitos, que não necessariamente preservam a lógica esportiva de reunir os melhores tecnicamente.
O judô deu uma sinalização de que é possível pensar no esporte como entretenimento no Brasil. E, no fim das contas, todos ganham com isso.