O esporte é movido a dinheiro. E isso é bom!
Erich Beting
O esporte profissional é, acima de qualquer coisa, movido a dinheiro. Seja na bocha, no futebol ou no atletismo. Esse é o ponto de entendimento que ainda parece faltar para quem acompanha o esporte em boa parte do mundo. Não há nenhum mal nisso. Faz parte do show. Aliás, é até bom, se você é um fã do esporte, que ele seja cada vez mais pensado para que quem trabalha com isso ganhe dinheiro.
Uma prova de que fazer dinheiro com esporte é algo bom foi dada neste último final de semana, com a quebra de mais um recorde na maratona. O queniano Dennis Kimetto, de 30 anos, foi o primeiro homem a percorrer os 42 km em menos de 2h03min. O feito rendeu a Kimetto uma premiação de 120 mil euros (cerca de R$ 350 mil) só dos organizadores da prova. Sem falar em bônus de patrocinador e outros possíveis ganhos de médio e longo prazo por se tornar o homem mais rápido da mais tradicional prova do atletismo.
Nos últimos cinco anos, a maratona assiste a uma quebra relativamente constante do recorde mundial. Em 2008, Hale Gebrselassie se tornou o primeiro homem a correr a distância abaixo de 2h04min. Em seis anos, a marca baixou em mais de um minuto. Parece pouco, mas quando se fala de esporte profissional, é algo muito absurdo. Ainda mais por não ser a tecnologia tão responsável por isso, como foi no passado com os supermaiôs na natação, por exemplo.
O que move essa quebra constante de marcas é, de uma forma ou de outra, dinheiro. Desde 2006, o circuito das seis Majors, como são apelidadas as principais maratonas do mundo (Berlim, Boston, Chicago, Londres, Nova York e Tóquio), passou a distribuir um prêmio de US$ 500 mil aos atletas que obtiverem os melhores resultados nessas corridas. A ideia era fazer com que isso gerasse o interesse dos principais maratonistas do mundo para essas provas.
O tiro foi certeiro. A premiação quase sem igual no atletismo gerou, literalmente, uma corrida para essas seis provas (detalhes aqui). Com isso, aos poucos, os atletas começaram a buscar percorrer a maratona em vez de distâncias mais curtas. O esporte ganhou com essa profissionalização. A partir da distribuição de melhores prêmios, elevou-se o nível das provas. Da mesma forma, para o torcedor, melhora o nível do evento.
Não é errado ganhar dinheiro com o esporte. Isso, aliás, é o que permite a um atleta não fazer outra coisa a não ser se dedicar a essa profissão. Com isso, melhora a qualidade do espetáculo e quem ganha na ponta final é o torcedor, que assiste a um evento melhor. A paixão tem de ser o combustível de quem consome o esporte. Mas, para quem trabalha com ele, o importante é ele remunerar bem as pessoas. Só assim dá para se ter alta qualidade.