O abismo que separa o Brasil da Alemanha
Erich Beting
Vira e mexe e a discussão sobre os 7 a 1 sempre volta a tona. E quase sempre com uma nova teoria para tentar explicar o inexplicável. Uma das que mais me fascina é a tentativa de perceber que estamos muito, mas muito atrás dos alemães. Nem tanto em futebol, mas principalmente como respeitador de regras.
É impressionante ver como o brasileiro continua a tentar sempre levar vantagem de forma ilícita, numa consagração do lema ''os fins justificam os meios''. O mais recente deles foi o lance protagonizado por Leandro Damião na derrota do Santos para o Criciúma. O ''autopuxão'' de camisa é para ser usado de exemplo do que não fazer. É a síntese da falta de ética. Pior ainda é a tentativa de dizer que não foi bem isso o que ele quis fazer nas entrevistas.
Enquanto isso, na Alemanha, em março deste ano, a Bundesliga fez questão de reproduzir em seu canal no Youtube o lance em que o meia Hunt, do Werder Bremen, conversa com o árbitro e pede para ele anular a marcação do pênalti que havia sido marcado sobre ele, após uma simulação. O jogo era um confronto direto na disputa contra o rebaixamento e já marcava 4 a 1 para o Bremen.
E, se você já pensou que só pelo fato de o jogo já estar decidido que ele pediu para o árbitro voltar atrás, já começou mostrando que, realmente, ainda acreditamos na tese de que não há problema em ser desonesto se for para conquistar um bom objetivo.
O abismo que separa o Brasil da Alemanha está no esforço que cada país faz para tentar ensinar os outros a partir dos bons exemplos.