O COI tenta se reinventar para manter-se vivo
Erich Beting
“Estou aqui para entender direito o que estão fazendo com meu dinheiro. Nove bilhões de libras é muita coisa, não é mesmo?”.
Era março de 2010 quando, em meio a um canteiro de obras no que seria o futuro Parque Olímpico, um senhor aposentado me disse o que o motivava a se deslocar quase 40 km para acompanhar as obras para as Olimpíadas que seriam só em 2012.
Da mesma forma, uma excursão de crianças passeava pelo local, que tentava criar na cabeça das pessoas uma ideia do que eles veriam dali a dois anos e para os séculos seguintes. Era, basicamente, uma aula de “legado” que Londres dava.
A cobrança do contribuinte britânico sobre o uso de seu dinheiro na construção da Olimpíada foi enorme. Ainda mais depois da tragédia grega que se transformou os Jogos de Atenas, em 2004, cuja população deverá pagar por muitos anos por instalações que já vão se deteriorando como se fossem parte do antigo parque olímpico da Grécia Antiga.
A pressão popular tem afastado dos países mais desenvolvidos os grandes eventos esportivos. A escolha da sede das Olimpíadas de Inverno de 2022 é prova disso. Alemães e noruegueses disseram, em plebiscito, que não queriam o evento.
O COI percebeu que é preciso mudar o seu estilo de ser para ter sobrevida. Há 30 anos, o comitê havia percebido que era hora de mudar para manter as Olimpíadas vivas. Deu certo. A chance de continuar a acertar ficou maior desde o último final de semana, quando o comitê aprovou mudanças no sistema de escolha de sedes para as Olimpíadas.
O que o COI fez foi basicamente entender que, para o movimento olímpico continuar a existir nas cidades e entre as pessoas, é preciso que as Olimpíadas se tornem mais flexíveis. Em outras palavras, o comitê desceu um pouco do salto em que estava. É uma bela lição para que a Fifa estude com carinho…