Por que todos (ainda) querem a CBF?
Erich Beting
A Vivo renovou até 2023 o patrocínio à CBF (detalhes aqui). O vínculo com a seleção não só foi estendido como ampliado. Agora, não só a Vivo, mas todas as empresas do Grupo Telefónica poderão associar sua marca ao time nacional. Passou o ano da Copa do Mundo e a CBF já trocou a Volkswagen pela Chevrolet, acertou com a Michelin e ampliou o acordo com a Vivo. Todos esses acordos com valores anuais que superam o que é pedido pela maioria dos grandes clubes que buscam um patrocinador máster no uniforme.
Por que todos ainda querem a CBF ao passo que os clubes de futebol no Brasil penam para encontrar patrocinadores?
Nenhuma confederação de futebol fatura tanto no mundo quanto a brasileira. E o problema é a fraqueza dos clubes por aqui!
Não temos um campeonato nacional forte, os clubes vivem assolados com problemas de gestão que interferem no resultado dentro de campo, não existe uma cultura de patrocínio esportivo clara e duradoura no país e, ainda, falta um projeto de longo prazo a ser apresentado pelos clubes para as marcas.
Os primeiros pontos são evidentes quando analisamos os últimos anos de Brasileirão por aqui. O futebol está nivelado por baixo e os clubes sofrem com problemas extracampo (a antecipação de receitas e, agora, a saída de jogadores por falta de pagamento evidenciam isso).
A questão da ausência de cultura de patrocínio esportivo é a parte que mais interfere quando falamos das empresas. A Copa veio ajudar um pouco nessa relação, mostrando às marcas que, para o patrocínio valer a pena, é preciso pensá-lo muito além da exposição de marca. O projeto não pode ser de curto prazo, a relação não pode ser apenas como se a empresa tivesse comprado uma mídia para aparecer na TV e internet. É preciso ir além, se engajar, ''comprar'' o lado do time que você apoia, conectar-se e comunicar-se com os torcedores.
Por fim, é preciso que seja apresentado um projeto de longo prazo para as empresas que mostre que vale o esforço de se fazer esse investimento, de que ele retorna para a marca em imagem, em dinheiro, em negócio. Para isso, é preciso não olhar apenas a necessidade de curto prazo, mas a relação de longo prazo. E essa visão, hoje, é o que mais falta ao futebol.
Quando a Vivo decide chegar a 18 anos de relacionamento com a CBF, aumentando os valores envolvidos a cada renegociação, é sinal de que o patrocínio compensa. Nos outros mercados, geralmente é só depois que os grandes clubes e campeonatos não estão mais disponíveis que as marcas vão buscar a seleção para se relacionar. Aqui, a relação ainda é a inversa.
O primeiro investimento, sempre, é na seleção. Está na hora de os clubes começarem a bater na porta de quem não está com a CBF…