O horário das 11h, um bom legado dos protestos
Erich Beting
De forma involuntária, os protestos contra tudo e contra todos (até o Valdívia entrou na conta) realizados no domingo deixaram um legado para o futebol. O jogo do Palmeiras contra o XV de Piracicaba, às 11h, foi uma imposição da polícia, temerosa de que não conseguiria dar conta do povo na Paulista e de duas dezenas de milhar no Allianz Parque simultaneamente.
No fim das contas, a partida às 11h foi bacana para que pudéssemos, após muitos anos, testar alguma novidade dentro do futebol paulista. Mesmo que sem querer, o jogo matutino deixou boa impressão. Ele é, afinal, uma alternativa à regra. Estávamos, há décadas, acostumados a não mexer com o horário das partidas no Brasil. Pouquíssimas inovações foram feitas.
O horário das 11h é ótimo para o consumidor. O cara acorda, toma um café da manhã, vai para o estádio e, às 13h, já sai com o dever semanal cumprido de ir acompanhar o time no campo. É um horário convidativo para as famílias, mas também é bom para quem está em casa acordando ainda na preguiça dominical.
O esporte é, acima de tudo, entretenimento. O atleta não trabalha para ele, mas para promover um show para as pessoas. Geralmente é muito, mas muito difícil para os gestores do esporte entenderem isso. Tão importante quanto a qualidade do atleta está o interesse do público naquilo.
Atualmente, promover um jogo às 11h é sair da mesmice dentro do futebol. Taí um protesto que se perdeu no emaranhado de reivindicações deste domingo: pelo fim da partida de quarta-feira às 22h e pela imposição do horário de domingo das 11h! No médio prazo, até mesmo a TV deve agradecer o aumento de audiência no jogo pela manhã…