Negócios do Esporte

Por que a NBA quer fazer uma liga júnior no Brasil?

Erich Beting

A NBA vai investir dinheiro nos próximos meses para desenvolver uma liga de basquete júnior (detalhes aqui). Mas por que a NBA vai se preocupar com isso? Ela não é a liga de basquete mais poderosa do mundo? Ela precisa mesmo se preocupar com o Brasil?

O pensamento da NBA é justamente o contrário. Por ser a liga de basquete mais poderosa do mundo, ela precisa se preocupar com a forma como o jogo se desenvolve em todo o mundo. A preocupação é exatamente para garantir que o esporte cresça e tenha na NBA o modelo a ser seguido.

Isso é uma atitude de líder do mercado. Para que a NBA amplie a base de consumidores, é preciso promover ao máximo o basquete pelo mundo. Durante décadas, essa era uma preocupação que não envolvia o esporte. Ficava, a grosso modo, cada um no seu quadrado, em seu país, no máximo em um ou outro país vizinho.

Curiosamente, as ligas americanas tiveram de aprender com esportes como o futebol e o tênis, que viram na popularização além-fronteiras a sua principal plataforma de crescimento. Só que foi apenas nos anos 90, com a mesma NBA, que os americanos perceberam que havia um bom potencial de consumo fora de seu território.

Se a exportação do basquete via Michael Jordan nos anos 90 foi um marco, o que a NBA faz agora ganha um novo patamar. O basquete não tem o mesmo nível de desenvolvimento pelo mundo. Por meio de seu canal por assinatura online, a NBA tem a capacidade de mapear quais países têm mais interesse pelo jogo. E, assim, a liga pode projetar um plano de expansão que envolva as diferentes praças.

O Brasil vinha no radar da liga há alguns anos, mas só agora passou a ocupar espaço de protagonista, como já foi no passado com a China. O basquete no Brasil precisa crescer para que a NBA siga na cabeça dos torcedores daqui.

Os passos que a liga deu pelas bandas de cá nos últimos anos indicam isso. Primeiro foram oferecidos melhores serviços para o torcedor, como o site oficial em português. Depois, houve uma aproximação por meio de torneios menores, promovidos pela liga, com a presença de alguns ídolos do passado e do presente. Nos últimos três anos, o Brasil foi inserido no NBA Global Games, os jogos de pré-temporada da liga. Em 2014, acordos de TV ampliaram o alcance do basquete para mais canais.

Neste ano, dois movimentos importantes foram feitos. O primeiro foi a oficialização do acordo de parceria com a Liga Nacional de Basquete, oferecendo expertise comercial e de promoção para o Novo Basquete Brasil. E, agora, o projeto é ajudar a desenvolver o basquete de base, uma das maiores carências do esporte.

A NBA precisa do mercado brasileiro. E só vai ter mercado por aqui se colocar mais gente para jogar basquete. A lógica é simples, mas precisa sempre de estudo e preparo para que seja desenvolvida de maneira correta.

Enquanto isso, no plano olímpico, o Comitê Olímpico do Brasil se preocupa em alcançar o maior número de medalhas na história em 2016, sem ter a visão de que é preciso, primeiro, buscar o aumento da prática de esporte pelo país para, da quantidade, encontrar a qualidade do atleta vencedor…