Negócios do Esporte

Eike e o novo patamar que o vôlei precisará atingir

Erich Beting

Eike Batista colocará R$ 13 milhões para criar um time de vôlei no Rio de Janeiro. A entrada do bilionário no mercado deve exigir que o vôlei atinja um novo patamar. Nem tanto por se tratar de um empresário bem sucedido passando a ser dono de um time, mas principalmente porque a criação do RJX vai elevar ainda mais os preços no já encarecido vôlei brasileiro.

Hoje, manter um time de ponta no Brasil é tarefa para muitos poucos clubes. Agora, a tendência é que a história deixe de ser uma brincadeira de alguns para se tornar um negócio sério para privilegiados.

O primeiro reflexo dessa nova realidade é o acordo entre Sky e Cimed. As duas empresas vão investir, juntas, mais ou menos o que Eike gastará no Rio de Janeiro para o seu time.

E aí é que entra essa necessidade de ''reinvenção'' do modelo de negócios dos times de vôlei. Até pouco tempo atrás, os times buscavam um patrocinador que pagasse as contas e davam-se por satisfeitos. Soma-se a isso uma condição peculiar do esporte, em que metade do ano o atleta está a serviço da seleção brasileira, e a estruturação do vôlei em clubes no Brasil sofria um grave problema.

Foi por isso que, desde os anos 80, observamos diversas empresas entrarem e saírem do esporte, vários projetos simplesmente acabarem de uma noite para a outra e, no final das contas, muita culpa sendo colocada na mídia, na empresa, na pressão pelo resultado.

Só que para o vôlei, agora, não bastará mais um patrocinador pagando as contas. O projeto precisa ser mais consistente, ter um trabalho de detecção e formação de talentos, ter envolvimento com a cidade local, ter geração de fontes de receita com o torcedor, ter mais de um patrocínio.

Não, tudo isso não é fruto da entrada de Eike Batista no esporte. Longe de ser um visionário, ele também não é um aventureiro. Mas, já há pelo menos cinco anos, a manutenção de uma equipe de ponta no vôlei passou a exigir, pelo menos R$ 5 milhões ao ano de orçamento. É muito para uma empresa só.

Nesse caminho, o Vôlei Futuro representa, de uma maneira ou de outra, o futuro do vôlei. Até então, a equipe de Araçatuba, no interior de São Paulo, era a única a não depender de uma fonte única de sobrevivência. Os ginásios lotados, o envolvimento da população local na compra de produtos do clube, a presença de diversas marcas apoiando a formação de talentos. Tudo isso já foi projetado desde a criação do time. E, agora, os resultados começam a ser colhidos na Superliga.

A criação do RJX apenas vai exigir que os clubes reestruturem o seu modelo de negócio. Do contrário, será cada vez mais improvável encontrar uma única empresa que tope pagar toda a conta, cada vez mais cara, de um time.

  1. Paulo Aluizio de Souza

    08/04/2011 22:01:16

    Admiro o empresário Eike Batista há muito tempo. A cada dia ele prova que é um homem que merece todo respeito do povo brasileiro por tudo que ele tem feito com correção e brilhantismo.Fiquei muito feliz de saber que ele vai investir no vôlei da nossa cidade maravilhosa. Gostaria de fazer uma pergunta: queria saber se as jogadoras cariocas de 17, 18, 19 anos que também são brilhantes mas não têm oportunidade de jogar no time UNILEVER, terão oportunidade de jogar no RJX?Um abraço.Paulo Aluízio.

  2. Julio Oliveira

    08/04/2011 14:49:02

    Erich,Essa questao é complicada e acho maravilhoso o que o volei futuro esta desenvolvendo. Parece-me que a cidade adotou o esporte e o clube. E pode virar polo como foi Franca no basquete ha decadas atras. Não vejo muito sucesso deste modelo numa cidade grande. Mas ao mesmo tempo vejo grande possibilidade de expandir o volei por outras regioes fazendo como o volei futuro. Sera que não seria o momento de deixarmos a exclusividade de lado no volei, a final com jogo unico, e sim, adotarmos um outro modelo onde houvesse mais espaço para divulgação dos patrocinadores. A Globo este ano mostrara 3 jogos da superliga masculina e possivelmente a final da feminina e jogos da seleção so se forem de madrugada. Isso não afasta ao inves de atrair patrocinadores? E sem contar que nem o nome do patrocinador fala... Acho que esse ponto poderia acelerar o processo, assim como a CBV ajudar com suas verbas olimpicas repassadas pelo COB, BB, etc...Se o volei perder esse bonde, nao aparecera outra chance...mandamos nesse esporte ha uma decada e ouvi pessoas de fora do Brasil identificar nosso pais, pelo volei, antes era apenas pelo carnaval e futebol....Acho que vale a reflexão.

  3. Bruno

    07/04/2011 13:54:56

    O problema do modelo calcado em naming rights é justamente esse, de não atrair novos patrocinios. Por melhor que seja o projeto e a estrutura do clube, se houver um novo posicionamento da empresa com relação ao esporte, o patrocinio acaba e ai é um Deus nos acuda, como foi com o Banespa/ Santander, BCN Osasco, Brasil Telecom, Pinheiros SKY e outros. Acredito que RJX e Volei Futuro tem mais chances de prosperar a longo prazo por conta desse novo posicionamento.

  4. Erich Beting

    07/04/2011 12:34:03

    Octavio, também quero muito conhecer de perto o projeto. Quando tiver a oportunidade, estarei aí! Abraço, Erich

  5. Erich Beting

    07/04/2011 12:33:38

    Octavio, também quero muito conhecer de perto o projeto. Abraço, Erich

  6. Erich Beting

    07/04/2011 12:31:30

    Eddy, quais produtos dos dois clubes citados você encontra à venda? De que forma eles trabalham o relacionamento com o consumidor? Esse é o ponto que ainda falta. Minas e Pinheiros (que é sempre um entra-e-sai na perna masculina) representam o passado sólido do vôlei. Mas o futuro, não sei não... Vide agora que o Pinheiros não terá mais a Sky. Como o time será mantido? Um abraço, Erich

  7. Erich Beting

    07/04/2011 12:29:29

    José Renato, será que é um bom negócio? Acredito que a maior paixão do Eike sejam as verdinhas e nem tanto a Estrela Solitária... Um abraço, Erich

  8. Raphael

    07/04/2011 11:27:23

    Eu sou contra dizer que por conta dos times jogarem somente meio ano o negócio não é viavel.Nos EUA os esportes são divididos no ano para que um não encavale no outro. O futebol americano joga 18 semanas, o baseball de abril a outubro. Mesmo assim são esportes que envolvem muito dinheiro.O problema no Brasil é falta de estrutura e apoio da população. Logicamente a falta de mídia compromete muito também.Abs,Raphael

  9. remo

    07/04/2011 09:39:38

    como a Globo chamará esse time?Rio de Janeiro 2 ?Ou será pelo bairro ? O Barra da Tijuca venceu o Florianópolis.

  10. Marcelo

    07/04/2011 08:36:11

    Mais uma vez o Eike mostra duas coisas: Visão de futuro e Fortalecimento da marca. O volêi em 2010 e o que se mostra até agora em 2011, está sendo uma vitrine muito consistente e um negócio que pode sim trazer retorno financeiro.

  11. roosevelt

    07/04/2011 07:53:29

    Quando se vê alguém elogiando a entrada de " Eike e os Xs da vida" no esporte, por extensão, qualquer tipo de comentário que se faça soaria irrelevante. Sem comentários....

  12. Carlos

    06/04/2011 22:10:48

    Em poucos anos teremos equipes efêmeras. Times com tradição como o Minas irão perder a identidade se forem seguir esta tendência. Terão tantos patrocinadores em suas camisas que não vamos saber identificar quem são. Jogadores não serão mais patrocinados, simplesmente farão parte do quadro de funcionários dos patrocinadores. E como "peões de obra", sem ofensas, mudarão de emprego a cada temporada. Não mais veremos um time como o Minas de Young Wan Sohn Tri 84/86, que praticamente não mudou seus jogadores neste triênio, apenas se reforçou com a chegada de Luiz Alexandre e Carlão. Todos conhecem este senhor Eike. Apenas um oportunista.

  13. mauricio hanzi

    06/04/2011 20:52:09

    Parabens ao sr Eike batista ..brasileiro que acredita no pais Brasil , investe e da emprego para muitas pessoas...direto e indireto.A vida e acreditar sempre ....estou muito feliz diante dessa oportunidade de ver um homemque tem moradia aqui no Brasil ...seus filhos residem aqui ...Parabem ao grupo do X.Abraços ai .

  14. José Renato

    06/04/2011 19:29:54

    E o nosso Botafogo, Eike! Invista no seu clube do coração!

  15. Leandro Heringer

    06/04/2011 15:48:55

    Realmente, uma nova era. Mas, é bom ressaltar que equipes tradicionais e com vínculo com torcida e população já existem. Exemplo?Minas!Talvez, seja hora de investir ainda mais em produtos licenciados.

  16. Renato Dalessi

    06/04/2011 15:15:30

    BetingVários projetos iniciaram e terminaram porque não tinham lastro: Sadia, Olympicos, Bradesco, Pirelli, Frangosul, Laqua di fiori, Chapecó, Rexona etc, etc, etc.Os clubes formadores, que trabalham na base nunca vão deixar de ter seus times nas competições nacionais. Vide o Minas Tênis Clube maior exemplo do voleibol brasileiro. E ainda clubes como o Pinheiros ou o Tijuca. Empresários, se aliem aos clubes que realmente contribuiram com a história do volei brasileiro.

  17. Carlos Henrique

    06/04/2011 15:04:09

    Boa tarde. Concordo que os investimentos teriam que ser direcionados também para a base, contudo, nos ultimos anos estamos presenciando o fechar das portas de grandes equipes. Pirelli, Banespa entre outras. Este investimento esta parecendo marketing político. Não devia poder criar um clube e pronto. Teria que etapas igual ao futebol. Serie A, B, C etc... Chega de projetos imediatistas!!!

  18. Eddy

    06/04/2011 09:37:04

    "o Vôlei Futuro representa, de uma maneira ou de outra, o futuro do vôlei"Me desculpe mas não concordo com esta afirmação! O Minas e o Pinheiros sim, sempre representaram e sempre representarão o futuro do vôlei.

  19. jonnathan nepomuceno

    06/04/2011 09:17:03

    Erich, concordo com tudo o q vc disse. o vôlei vai necessitar cada vez mais de novos investidores e de uma constante busca por novos talentos.queria só acrescentar que o exemplo do volei futuro não é o unico. Em Montes Claros o volei tem uma força muito grande e é extremamente privilegiado pela sua população, morei na cidade algum tempo e sei q lá os produtos voltados ao time de volei são bem vendidos, a população apoia, não é a toa q tem as melhores medias de publico do ano batendo recordes atras de recordes. o time tem o patrocinador principal q é o bmg, mais tem diversas outras empresas da cidade mesmo q apoiam o time e estampam suas marcas na camisa, algumas dessas empresas são do ramo esportivo e exploram o nome do time fazendo ele se transformar muito forte em todo o norte de minas. creio eu q o time de montes claros deva ter mais ou menos 4 ou 5 patrocinadores, logico q tem o master no caso a BMG, mais tem também outros q investem pesado, caso do supermercados b.h q faz exelente investimento também no cruzeiro, e tem as empresas da cidade além da propria prefeitura q investe mais ou menos cerca de 150 mil por mes no time.acho q em algumas praças onde o volei não era valorizado, quando se tem uma iniciativa assim, as pessoas acolhem o time e tudo se torna mais facil, o exemplo de montes claros ta ai para ser visto.grande abraço e gosto muito do seu trabalho.

  20. Daniel Fudoli

    06/04/2011 08:32:02

    Parabéns pela coluna Erich. Realmente o vôlei tem que entender o novo cenário que irá surgir com a entrada do Eike no esporte, que certamente irá inflacionar o mercado mas, pelo lado positivo, irá incutir a idéia de projetos mais consistentes. Um grande exemplo sem dúvida é a parceria entre a Telemig Celular (e de alguns anos pra cá Vivo) com o Minas Tênis Clube, que foca não somente no retorno de marca do patrocinador como também na geração de negócios com os associados do clube !

  21. Walmir Sá

    06/04/2011 08:25:54

    Só quero ver. A GLOBO chama o time da Unilever de Rio de Janeiro. Vai chamar o time do RJX (outra marca) de Rio de Janeiro, também, ou vai INVENTAR um nome fictício, com faz com o Brasília, no basquete, que na verdade é UNICEUB/BRB, com o Florianópolis, no vôlei, que na verdade é CIMED, etc, etc.Possivelmente, se o futuro time do RJX tiver a sua sede no bairro de Cascadura, não tenha dúvidas que a GLOBO vai chamar o time de CASCADURA. E se o time tiver como sede a cidade de Cachoeiras de Macacu? Vai chamar o time de MACACU?Ridículo, simplesmente ridículo...

  22. Luiz Paulo Montes

    06/04/2011 08:23:18

    Erich, tudo bem?Sou setorista de vôlei no LANCE!, e achei sensacional o seu texto.Representa mesmo o que vai acontecer na próxima temporada... times precisando investir cada vez mais se quiserem se manter no topo da Superliga.Grande abraço!Luiz

  23. renan moura

    05/04/2011 23:23:20

    concordo com vc!esta passando da hora do volei brasileiro se moderniza.larga na frente dos times de futebol daqui do brasil!você citou o volei futuro é uma demosntraçao de visao para o futuro!

  24. octavio cesar

    05/04/2011 18:24:35

    erich, gostaria que voce nos visitasse para ver a estrutura do volei futuro, tanto masculina quanto feminina, é coisa de primeiro mundo como muitos ja atestaram, sao escolinhas espalhados em 5 colegios na cidade com professores, e muita alegria da criançada

Os comentários não representam a opinião do portal; a responsabilidade é do autor da mensagem.
Leia os termos de uso