Negócios do Esporte

As marcas estão sumindo do futebol!

Erich Beting

A dúvida existia desde o ano passado na redação da Máquina do Esporte. Afinal, o que aconteceu com o mercado de patrocínio desde que as camisas dos clubes de futebol no Brasil tornaram-se uma espécie de abadá de carnaval, com mais de uma marca espalhada pelo uniforme?

Em tese, a sobrexposição de diferentes logotipos e sinais causa uma grande confusão na mente do consumidor. Para trabalhos de construção e fortalecimento de marca, esse tipo de atitude é péssima. A dúvida, porém, era como isso acontecia na prática do mercado brasileiro de patrocínio no futebol.

O resultado do levantamento que fizemos com os patrocínios dos 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro desde 2009 é assustador. Desde o início do projeto Ronaldo no Corinthians, que foi o grande motivador da poluição visual nas camisas dos clubes, as grandes marcas têm se afastado do futebol.

Em seu lugar, entram apenas empresas que não mostram interesse com um comprometimento de longo prazo com o esporte, enxergando meramente a já não tão clara oportunidade de mídia que o futebol representa no Brasil. Além disso, em 2011 apenas duas empresas começaram a patrocinar clubes (Netshoes e CSU). Para piorar, algumas grandes marcas saíram, como a Batavo, sem que novas grandes marcas ocupassem o lugar na camisa dos clubes.

Hoje, o investimento em patrocínio no futebol brasileiro se resume a BMG e Hypermarcas. O primeiro atrela a maior parte de seus acordos a assumir dívidas ou a ter participação na venda de jogadores, o que significa que não entra dinheiro na maioria dos contratos firmados. O segundo, depois de investir um caminhão de grana no Corinthians, começou a tirar o pé (como mostra a decisão de sair do Goiás a partir do mês que vem).

O resultado assusta, principalmente, porque os clubes claramente só veem a solução do problema de curto prazo (aumentando a receita com a entrada de mais patrocinadores ao dar mais espaço na camisa ou, então, trocando dívidas pela exposição no uniforme). Em pouco tempo, a cara do investimento no futebol já começou a mudar. O mercado hoje está aberto mais para as marcas de menor poder de investimento e com projetos anuais, diferentemente do que é praticado em quase todo mundo, onde as empresas investem durante períodos mais longos para fortalecer a construção de suas marcas.

Pelo visto as grandes empresas já perceberam que o retorno que o futebol tem dado hoje, pelo valor de investimento necessário para patrocinar um clube, não é mais tão sedutor assim. No longo prazo, pode ter certeza que o mercado agradece.

O estudo detalhado você pode ver na revista da Máquina do Esporte.

  1. Peterson Inusitado

    16/05/2011 15:31:11

    foram 1milhao e 100 mil durante 2009, em cerca de 6 meses, e com titulo brasileiro, sendo cerca de 300 mil somente no final de semana da ultima rodada do campeonato (primeira semana de dezembro), sendo que dezembro inteiro foram 400 mil, na conquista do titulo...fora dezembro com titulo foram 700 mil em 5 meses, que da uma media de 140 mil ao mese mais 700 mil em todo 2010, com libertadores e time mal no brasileiro..media de 58 mil por mes...essas 1milhao e 800 mil, nao foram em um ano, mas em um ano e meio na verdade...e tambem se consideramos que o preço medio da camisa subiu dos 139,90 em 2009 para 159,90 agora em 2011...e que a olimpykus paga os royalites ao Flamengo no mes seguinte, ao atingir a venda a cada 1 milhao de camisas..

  2. Julio Oliveira

    13/05/2011 23:58:29

    Erich, na Espanha, Barcelona e Real Madrid serão quase 1% do PIB da Espanha...por ai da para se ver o potencial de geraõa de empregos, renda, impostos, etc, se o esporte no Brasil (especialmente o futebol) fosse tratado de forma séria e honesta por todos.

  3. ADVOGADO do DIABO

    13/05/2011 09:59:39

    Aí, concordo.

  4. Erich Beting

    13/05/2011 09:57:03

    Marcelo, as marcas priorizam os lançamentos para o Campeonato Brasileiro ou para a Libertadores. E vale lembrar que os acordos de patrocínio, do jeito que estão, são fechados ao longo do tempo, já com campeonato em andamento, o que impede o anúncio de uma camisa, de fato, "oficial"... Um abraço, Erich

  5. Eduardo

    13/05/2011 09:42:11

    Essa é a definição de Insanidade de Einstein: Fazer sempre a mesma coisa do mesmo jeito e esperar resultados diferentes.

  6. Marcelo Sendinez

    13/05/2011 09:07:22

    Erich, Outra situção estrannha no mercado brasileiro é os times começarem a temporada com os uniformes do ano anterior. Na europa nem terminaram os campeonatos e alguns times já lançaram as que serão usadas 2011/2012. O Liverpool lançou o uniforme número 3 e o Borussia a coleção completa.. Porque isso não acontece aqui?Seria ótimo ao final da temporada, os times aproveitarem a falta de notícias das férais para colocarem sua marca em evidência e fazerem lançamentos dignos para os uniformes da próxima temporada.

  7. Erich Beting

    13/05/2011 08:41:45

    Abílio, tradição pode encher barriga, sim. Desde que o clube saiba usá-la em seu benefício. As portas se fecham por falta de controle e na gestão dos clubes. Há diversas outras formas de bancar a estrutura de um clube de futebol. Lotear a camisa e, pior ainda, trocar a exposição por pagamento de dívidas, talvez sejam dois exemplos de como não fazer. Um abraço, Erich

  8. Erich Beting

    13/05/2011 08:39:59

    Lauro, a Hypermarcas patrocina o Corinthians estampando três diferentes marcas na camisa!!!! Se reduzisse a exposição para uma marca só, com certeza teria um retorno muito maior. Um abraço, Erich

  9. Vermelho

    13/05/2011 07:45:08

    Os times de mais patrocinio são os mais mal administrados.Precisa ser esclarecido a maracutaia da CBF com o presidentedo Corintians , só não encherga quem não quer.Ate o governo de SP entrou na dança.Dinheiro publico.

  10. Marcus V

    13/05/2011 01:31:00

    Erich beting, muito bom este seu post. Enquanto os outros comentaristas falam sempre das mesmas coisas, você fala de assuntos diferentes do futebol e faz análises bem contundentes e felizes sobre esses assuntos tão raro de se ver na TV.

  11. Roberto

    13/05/2011 01:26:05

    Não é verdade que as vendas de camisas do Ronaldinho sejam maiores que as do Adriano. pelo menos se o número de 63 mil por mes for verdade. Vejamos, o Fla vendeu 1,8 milhões de camisas de junho de 2009 a junho de 2010 (durante o tempo que o Adriano esteve no Clube). Isso dá uma media de 150 mil camisas mês, ou mais que o dobro da venda do Ronaldinho.

  12. Fluminnse Football Club

    12/05/2011 23:35:46

    Uma palavra: UNIMED

  13. Abilio

    12/05/2011 23:33:44

    Infelizmente é a única maneira que os times conseguiram para bancar o futebol, que se torna à cada dia mais caro, e mais caro, e mais caro. Ou é isso ou o time desaparece. Outro dia eu li em algum lugar que "Tradição não enche barriga" é a mais pura verdade, por isso vemos clubes que tiveram um passado tão vencedor, fechando as portas. Aquele que não aderir por certo desaparecerá.

  14. Advogado do Diabo

    12/05/2011 23:16:15

    Erich, concordo em parte com o que vc disse, porém a Hypermarcas continua firme e forte no Corinthians com o maior patrocínio do Brasil.De maneira geral, está acontecendo o que vc explanou, mas há ressalvascomo o Corinthians.abs.

  15. Erich Beting

    12/05/2011 22:33:28

    Yuri, o acordo da Netshoes não foi anual, mas sim de curta duração com o Santo André. Por isso consideramos no levantamento que ela seria um novo patrocinador para o mercado. Um abraço, Erich

  16. Jorge

    12/05/2011 22:05:14

    Alexandro, eles conseguem pois o modelo de liga deles é totalmente diferente do nosso e lá a TV não paga rios de dinheiro para a liga, paga um verdadeiro oceano de dinheiro.Outra coisa, nos EUA há dois modelos de liga. A NFL que é uma liga de poucos jogos (14 rodadas + playoff) onde os intervalos comerciais são caríssimos. E há também a MLB e a NBA que ganham dinheiro com volume, com mais de 80 rodadas de jogos na temporada regular da NBA e a MLB com mais de 100 rodadas na temporada regular, gerando uma audiência absurda, com venda para diversas emissoras de TV, gerando daí sua grana, além de terem ginásios cheios a preços nada convidativos para o grande público, mesmo o americano.

  17. joao paulo nunes

    12/05/2011 21:50:58

    E isso se reflete com o consumidor , que compra as camisas de times europeus pela estetica dela e serem bonitas mesmo , aqui no Brasil os clubes não cuidam do seu maior patrimonio que é a torcida , vai ligar para outro tão impotante como a camisa !

  18. Leandro

    12/05/2011 21:22:32

    Caro Alexando, isso é fácil de responder, lá eles ganham uma nota preta da televisão e da bilheteria, aqui a Globo paga uma merreca e a bilheteria é 1/2 merreca.

  19. marcelo

    12/05/2011 21:22:00

    Com uma liga forte,que trata todos os times como iguais e fortalece o campeonato como um todo equilibrando os times assim tem disputa e chances de todos so times.,ao contrário do que veremos nos próximos anos no Brasil onde apenas Corinthians e Flamengo poderão investir mais e em menos de uma decada teremos apenas essas duas equipes como gigantes do futebol e todas as outras como coadjuvantes

  20. Alexandro

    12/05/2011 20:05:30

    A minha grande dúvida é: como os clubes da NBA, NFL e demais esportes americanos conseguem pagar os maiores salários do esporte mundial sem ter nenhum patrocinador anunciando em seus uniformes?

  21. Adalberto Pennaforte

    12/05/2011 19:51:41

    Com esta visão real do problema parece que o argumento da Globo de que com ela os clubes conseguiriam melhores contratos cai por terra.Nem ela conesegue neutralizar os equivocos nas estratégias de marketing dos clubes.O que falta aos clubes é uma instituição que possa discutir e formular políticas comuns aos clubes.É cada um por si e Deus por todos.Salarios inflacionados,marketing com visão de curto prazo,etc

  22. Marcio

    12/05/2011 19:22:02

    É isso ai Erich, o futebol brasileiro mais uma vez dando exemplo de competencia administrativa.

  23. aldo

    12/05/2011 19:16:26

    Caro Erich,Os baixos indices de recall contribuem para esse afastamento e até mesmo a conclusão(por vezes óbvia) de que determinadas marcas não atingem o target desejado.Não seria esse o caso da Batavo?Abs,Aldo

  24. Nicolau de Cerqueira Cesar

    12/05/2011 17:56:05

    Ontem quando vi o uniforme , parece que do Ceara , achei que era alguma reportagem do Corinthians , pois aparecia a "Neo Quimica" . Como a marca Corinthians é mais forte esta ilação foi instantânea.Não é nenhum desprezo ao Ceará um dos clubes de maior respeito Lembro de um post seu que dizia que as marcas inicialmente fariam esta poluição e os clubes não tinham como proibir , mas elas mesmo voltariam atras e veriam que não era vantagem. Voce acha qua ainda não caiu a ficha? Os clubes ainda não tem como rechaçar esta prática.O que me deixa preocupado é que o Banco BMG esteve, ou esta ainda , envolvido até o pescoço no chamado "mensalão do PT".

  25. Eduardo

    12/05/2011 17:50:52

    Isso é óbvio, que grande marca vai investir num mundo podre, sujo, hipócrita e mentiroso?Resposta: Nenhuma.

  26. Yuri

    12/05/2011 17:23:15

    Não entendi o trecho: "Além disso, em 2011 apenas duas empresas começaram a patrocinar clubes (Netshoes e CSU)"Em 2010 a Netshoes já patrocinava o EC Santo André.

  27. Michele Barcena

    12/05/2011 17:20:48

    Erich, na verdade muitos investidores acabam fazendo sempre "mais do mesmo" e esperam resultados diferentes - melhores, claro. E isso geralmente não acontece, ou não tem mais acontecido. Acredito inclusive que haja uma consciência em massa sobre a falta de vínculo real entre os clubes e as marcas patrocinadoras. Raramente a gente ouve falar de uma ação de relacionamento com o público que vê os jogos, que frequenta os estádios...muito tem que ser melhorado!!

  28. Peterson Inusitado

    12/05/2011 17:20:07

    Otimo post Erich,como ponto a acrescentar ao topico, pode se fazer uma analise, com o que vem ocorrendo com o Flamengo, e a sua dificuldade em conseguir um patrocinio master, mas em contra partida, a vendas de camisas tiveram um aumento significativo, desde que elas estam sendo vendidas "limpas", com li em alguns site semanas atras, que desde a chegada do Ronaldinho Gaucho, o Flamengo tem obtido uma media de 63 mil camisas por mes, sendo superior, a media da vinda de Adriano, e pós conquita do Brasileiro em 2009, e euforia no começo da Libertadores 2010.Eu como torcedor, deixei de comprar a camisa com o patrocinio da Batavo, que era muito grande, e to entusiasmado pra comprar outra camisa nova sem o patrocinio master

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