Negócios do Esporte

O Grêmio Itinerante e a gestão esportiva no Brasil

Erich Beting

Era Barueri, virou Prudente e agora volta a ser Barueri. A saga do Grêmio que está mais para Itinerante do que para Barueri ou Prudente revela também a essência do que acontece com a gestão esportiva no Brasil. A troca constante de cidade é muito mais uma decisão política do que técnica/comercial. Ela é feita tendo como base favores e interesses de políticos do que o entendimento da gestão de um clube como negócio.

A ideia de migrar um clube de uma cidade para outra parte do modelo americano de olhar o esporte. Até hoje o americano não consegue ver um clube como algo que existe apenas por paixão, mas sim como um negócio que, quando bem administrado, pode gerar lucros milionários. Sendo assim, o dono de um time nos EUA escolhe muitas vezes mudar de região para fazer com que o clube gere lucro para ele. É uma decisão meramente técnica, como modelo de negócio.

O melhor exemplo disso talvez seja o Los Angeles Lakers, um dos mais tradicionais times da NBA, a liga de basquete dos EUA. O nome ''Lakers'' remonta ao período inicial do time, nos anos 50, quando ele era conhecido como The Lakers, da cidade de Minneapolis, no estado do Minesota. Conhecida como ''Região dos 10 mil lagos'', em vez de ganhar o nome da cidade o time ganhou o nome de Lakers, que quer dizer lagos.

Nos anos 60, os donos do time decidiram mudar de cidade. Após um estudo de viabilidade econômica do negócio, transferiram os Lakers para Los Angeles. A história do time atualmente explica o sucesso dessa operação, com o time sendo um dos maiores campeões da NBA e uma das melhores médias de público no ginásios exatamente por conta da carência que a cidade de Los Angeles tinha de uma equipe de basquete.

Não é o caso, porém, do Barueri/Prudente/Itinerante. As mudanças de sede, até agora, foram feitas baseando-se no interesse político de promover uma região. Sem formar vínculos com a cidade em que está localizado, o time não consegue atrair dinheiro. Com isso, o negócio torna-se nômade, já que a única forma de assegurar a existência do clube é tratando de conseguir regalias da esfera pública para que o dinheiro cubra as despesas.

Caso o interesse do time fosse o de dar lucro para os seus donos, sem dúvida que ele apostaria em fixar a sede numa cidade e criar um programa de envolvimento com os moradores locais. Mas, do jeito que está hoje, o negócio não vai para a frente.

É, mal comparando, o que muitas vezes acontece com o vôlei. Em vez de buscar o engajamento da cidade para um clube prosperar, seus executivos correm atrás de um único patrocinador que pague todas as contas. Uma hora esse patrocinador percebe que o custo é muito elevado para um retorno menor do que o esperado, e tira o dinheiro. O clube, sem ter criado qualquer história com a cidade, tem de fechar as portas.

Já passou da hora de o esporte no Brasil olhar para o mercado americano. Enquanto isso, convivemos com os Grêmios Itinerantes da vida.

  1. chico

    17/05/2011 13:53:13

    Só em Maringá tem 3 destes Gremios....heheheheh

  2. Erich Beting

    16/05/2011 11:33:54

    Meu caro, dada a sua ignorância em criar esteriótipos e rotular pessoas, peço por gentileza que entenda que falo de negócios do esporte, e não de esporte em si. Pelo visto você, que se considera um ser tão especial e mais inteligente que os outros, não entendeu que a posição no ranking é o que menos importa, mas sim uma conjunção de fatores que leva o tênis brasileiro a um momento propício para crescimento. Um abraço, Erich

  3. Francisco Jannuzzi

    16/05/2011 10:58:15

    Erich, voce tem toda razão, e além de tudo nós no Brasil temo um problema maior. A rede Globo que detém quase todos os eventos esportivos não cita o nome do patrocinador, o quu inviabiliza qualquer empresa que queira investir no esporte

  4. flavio

    16/05/2011 10:28:53

    nao vai mais falar de tenis???de uma olhada no ranking da atp hoje , e diga quem e o melhor tenista da america latinavc pode enganar quem acompanha futebol (sem cerebro) tenis nao!!!!

  5. evandro

    16/05/2011 10:24:17

    Bom dia. Erich. Excelentes assuntos sempre são abordados aqui no seu espaço.Falar de esportes ou do craque da semana é fácil, quero ver levantar os aspectos que influenciam nosso dia a dia como você faz tão bem aqui.O jogo sujo que envolve políticos, dinheiro, favores e toda cadeia de produção da corrupção tem que ser explorado à exaustão, pois hoje o esporte se tornou secundário, não porque não deva ser encarado como negócio, mas sim porque deva ser encarado e feito com transparência, o que dificilmente é abordado com coragem.Isso porque a farra da grana publicitária, que invadiu os sites, jornais, revistas e portais de internet, vem calando e comprando opiniões de uma maneira cada vez mais descarada.Veja exemplo do antecessor da presidente, foi o que mais gastou esse tipo de verba.Invadiu palanques e os meios para fazer a campanha do time paulista do seu coração.O presidente do tal clube, se aliou ao sujeito da CBF e ao ministro dos esportes numa dança político-populista para pavimentar os caminhos para as eleições do próximo ano, e com a copa e olimpíadas chegando é o esporte que será usado para deflagrar a campanha antecipada para tudo isso. O que mais se fala hoje? Copa e olimpíadas. Quem estiver "na foto" dos assuntos tem mais chances de angariar as migalhas para encher sua "burra". abraços e continue a nos ajudar em favor de um país mais democrático e transparente. São vocês é que dão voz.

  6. Nicolau

    16/05/2011 06:06:22

    "lakers" significa lagos? é mesmo? Olha bem aí... Então tá...E olhar para o esporte significa organizar campeonatos fixos... sem segunda divisão... (ok um time por cidade, ou dois talvez.. o resto sempre pode investir em esporte universitário - já tem forró, sertanejo e pagode universitário mesmo...). O automobilismo pode ser só em ovais também... e todo campeonato brasileiro deveria ser a "Taça Universal de Futebol". Time itinerante sem torcida como o Grêmio Barueri... comparado com o Minneapolis Lakers... que, sei lá, mas se me lembro bem tinha títulos nacionais... Me desculpe... mas, qualquer comparação com futebol, faça com equipes que têm as respectivas sedes em países onde a população gosta minimamente de futebol... E lá grêmio barueri é padrão? Beisebol é o esporte mais chato da história da humanidade (quem jogou bets - uma adaptação tosca de cricket - sabe disso) e mesmo assim tem mané ganhando dinheiro com isso por lá... Tenho a impressão que o esporte lá está no meio de outros trens... Nacionalismo (eu ainda não vi nehuma vez a marinha brasileira pratocinando ninguém... nem quero)... Sociedade de espetáculo (normalmente mas luz do que... espetáculo propriamente dito, como concertos musicais têm se tornado)... , sei lá... funciona bem pra esses mané aí... mas e pro caboclo como eu que gosta mesmo é de ir no campo para ver um futebol meio boca e afirmar que "o cara ganha 5 mil por mês pra não fazer o que eu faria?"... Nunca conheci ninguém que acha interessante as tais das "Cheer Leaders"... Conforto? Queremos sim... mas não vai ser seguindo modelo americano não... Se fosse pra segurir modelo teria que ser europeu... dos campeanatos europeus... Mas eles não nos bastam... não quero (e tenho certeza que tem meia dúzia de caipora que concorda comigo) um campeonato brasileiro de futebol com apenas dois times na disputa seria ridículo... Modelo? De conforto.... de estratégia econômica... de transmissão das paixões dofutebol, etc... só roubando um pouco de lá, comendo a maioria daqui mesmo, e regurgitando de uma maneira nossa...

  7. Renam

    16/05/2011 00:11:15

    Vi hoje na revista "Menu" um anuncio do vinho Casillero del Diablo, que patrocina o Manchester United (Os diabos vermelhos). Um belo exemplo de associar a marca ao esporte usando o que os dois tem em comum. Temos com quem aprender, basta querer.

  8. Ari Pedro

    15/05/2011 21:54:01

    Vale a pena você examinar o que acontece com o basquete de Franca, que sobrevive, e disputando títulos, justamente pela integração com a cidade de que você fala

  9. wilson

    15/05/2011 19:55:56

    Erich, se o clube itinerante fosse uma espécie de seleção brasileira? (me refiro ao nível técnico do atletas, não à torcida) O que acha que aconteceria com o 'negócio'? O Camp. Paulista, Brasileiro e Libertadores não pagariam o investimento com vantagens? É só uma indagação, um exercício, visto que claramente no caso do Grêmio Barueri a coisa está mais para vantagens imediatas.

  10. Claudio Duarte

    15/05/2011 19:44:32

    Não dá para esperar muito mais de um time com este nome. Lá no sul temos o Grêmio da Azenha que já ja vai virar o Grêmio Humaita. Sua maior vitória recente, sendo a própria torcida, é uma campeonato da série B que tem até video.

  11. inacio schmidt

    15/05/2011 19:26:27

    Analisando à distância, fica uma grande dúvida quando se percebe parcerias entre empresarios, políticos, com clubes de futebol.É importante salientar que essas pessoas criam através dos clubes de futebol, um cenáro adequado para a LAVAGEM DE DINHEIRO, pois no Brasil nada é fiscalizado no futebol. Com esse objetivo em mente, esses supostos "homens do esporte" não estão nem aí para a tradição dos clubes e seu futuro.O que importa é a sustentabilidade de seus negócios escusos!!!

  12. Julio Oliveira

    15/05/2011 17:10:08

    Erich, tenho feito um estudo por hobby mesmo, do esporte no estado de S PAulo (basquete, volei, handebol) e o que voce coloca é a mais pura verdade. Não há como desenvolver e criar laços com o modelo atual. Desde a presença quase nula das federações, até o pouco jeito para marketing dos clubes. Divulgação é capenga, informação é dificil de encontrar, estrutura então, meu Deus!!!! Os anos passam, até aparecem patrocinadores, mas engolidos por esse meio que classifico como amador e parado no tempo, saem rapidamente e vão investir em algo mais concreto. Concordo que o modelo norte americano parece ser mesmo o ideal a ser seguido. Parabens por esse topico.

  13. Elson

    15/05/2011 13:13:57

    O próximo é o Americana, ex-Guaratinguetá... será onde estará em 2012 ?

  14. carlos eduardo j moraes leme

    15/05/2011 13:09:22

    Muito adequada sua observação :São Paulo w Rio tem nas ultimas decadas feito esta ``troca-troca´´ .industrias se transferindo se sp para rio e setor de serviços se mudando do r i o para s p (o mais emblemático foi o da oltrora poderosa Bolsa de valores do Rio que hoje não passa de um porta-niqueis para sp aonde se tornou uma das 4 maiores do mundo)Tais transferencias foram meramente tecnicas e tiveram um ótimo resultadoNão é o caso porem dos ``gremios´´ que sistematicamente vem apresentando publicos (e arrecadações) ridiculas e cujas despesas vem sendo coobertas com o dinheiro publico. PS : Estou tirando do armario a camisa do TITULO DE 1914 COM O NUMERO 10 (AMILCAR BARBUI)

  15. Anderson

    15/05/2011 12:07:32

    É por esse tipo de visão que as federações estão cada vez mais fortes e os clubes cada vez mais com menos prestígio...Tem que parar de ter essa visão de "dependência" dos clubes em relação às federações estaduais, principalmente.Os próprios clubes tem de procurar achar a melhor forma para buscar viabilidade em suas ações! Mesmo os pequenos, que se for feita uma análise de tudo que envolve o clube, as vezes não pode ser chamado assim. Ou um Botafogo de Ribeirão Preto pode ser considerado pequeno, levando em consideração fatores econômicos da região, público, poder aquisitivo... O que falta é parar com essaa dependência das federações!!!Sou paranaense e fico mto triste em ver que times como o Londrina e o Grêmio Maringá, que já fizeram história a nível Nacional, no futebol brasileiro, estejam na situação que estão, principalmente, pelo amadorismo de suas gestões. E Tanto Londrina, como Maringá, podem ser comparadas à Ribeirão Preto.Aí vc tem que ver um "Grêmio Itinerante" jogando uma Séria A de Brasileirão... onde sua torcida, em seu estádio, sempre será menor que a do time visitande... Isso qdo sua torcida aparece pra ver o jogo, pois ela não sabe se é Prudente ou Barueri...

  16. Luciano

    15/05/2011 10:45:08

    ErichBastante pontual seu comentário. Quando era adolescente no final dos anos 80 e início dos 90, torcia para um time chamado Seatlle Supersonics, bastante tradicional na NBA tendo sindo campeão em 1979 e decidido cameonato com o Chicago Bulls em 1996.Infelizmente um empresário americano comprou o time e nome para Oklahoma.deixei de acompanhar os jogos mesmo distante pois i time que torcia deixou de existir.Em Santa Catarina, temos modelos que forma implementados como um tal de "Pinheiros" que já jogou em Lages, Timbó, Pomerode, ou o NEC que já disputou em navegantes, caçador, balneário Camboriu.Observando no site da federação o público pagante desses clubes como mandatário não passa de 50/60 pagantes.Acredito que este modelo não é o mais adequado...

  17. João Henrique

    15/05/2011 08:37:31

    Olá Erich, sou de Presidente Prudente e soube de gente aqui que queimou a camisa do ex-Grêmio Prudente. E tem loja aqui que montou um estoque e agora está vendendo a R$ 10,00. A minha opinião é que nem entregando de graça eles se livram do estoque. O melhor mesmo é aproveitar a época de festa junina que está chegando e acender a fogueira com essas camisas.Se em Barueri alguém comprar a camisa do Grêmio Itinerante pode dar pra essa pessoa o atestado de burrice.

  18. Jader

    15/05/2011 07:15:08

    Muita gente compara o Barueri, Americana com o que acontece na NBA e isso é um erro afinal os times mudavam de cidades na decada de 50, 60, 70, onde nem existia a ESPN (principal canal esportivo dos EUA), hoje a realidade é outra, Chicago Bulls, LA Lakers e por vai nunca irão sair das suas cidades e a unica mudança que teve foi do Seatle para Oklhahoma City.

  19. Cesar

    15/05/2011 05:23:47

    Sinceramente, não espero que os clubes brasileiros olhem para o exemplo norte-americano!!Um clube "comercial" não tem alma, não tem paixão, e o futebol no mundo inteiro prova que o que mais mantém os clubes grandes são a sua torcida e a sua representatividade...Não entendo o esporte como um negócio na visão geral, mas sim como uma possibilidade de se fazer engócio!!A partir do momento que o negócio interfere na identidade do clube ele fica desprestigiado, por mais lucros que isso venha a gerar num curto prazo...

  20. Charles

    15/05/2011 00:11:51

    O problema no Palmeiras é maior do que imaginamos, passa por dirigentes sem preparo sem escrúpulos e não adianta sai um entra outro a panelinha não muda é sempre um grupo ou outro e nenhum é capaz de fazer um Palmeiras campeão glorioso, são todos incapazes, o que eles querem na verdade é mostrar para um grupo e outro que são machos, homens que sabem bater na mesa de punho fechado e dizer aqui quem manda sou EU, EU ESTOU NO PODER, o poder é o que mais importa para eles o resto que se dane o Palmeiras que se dane. O Palmerias precisa de uma limpeza com sal grosso é necessário varrer essa incompetência para fora, OXALÁ esses italianos fossem para o Corinthians. Porque ninguem merece essa corja ai não.

  21. André Ferreira

    14/05/2011 21:29:14

    É tudo efeito cascata, péssima mão-de-obra, profissionais desqulificados, e grandões do dinheiro podendo mandar mais em tudo, sem ter o mínimo de conhecimento. Não vejo melhora nos próximos anos, teremos que conviver com isso. Uma pena, pois o mercado é muito promissor. Haja vista o que estão promovendo no voley e no basquette, mesmo que de forma modesta. Parabéns pelo trabalho, uma referência para nós, amantes do assunto.

  22. WALTER

    14/05/2011 21:17:57

    Eu acredito que isso aconteça mais por falta de apoio de uma inesistente FPF que ao invéz de ajudar seus filiados, mais parece uma sangui-suga, principalmente em se tratando de clube pequeno ai a ferrada é maior, pois time grande as vezes a encara e o " grande mandatário " leva sua ferrada como levou do São Paulo, pena que a corrupção no futebol vem desde os mais altos escalões e esses vermes se apoiam no crápulas maiores

  23. GremistaSMc

    14/05/2011 18:29:30

    GREMIO na verdade so existe um e é o que tem a maior torcida do SUL do Brasil o resto é o resto

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