A alta de preços complica o vôlei
Erich Beting
A análise foi publicada há pouco pelo amigo Bruno Voloch em seu blog (leia aqui). O vôlei brasileiro sofre por um problema que ele mesmo causou. O aumento do interesse das empresas e de investidores no esporte levou à valorização do atleta e, consequentemente, a uma alta de preços.
Mas qual é o motivo de termos, atualmente, tantos desempregados no esporte, como bem mostra o Bruno?
O modelo de gestão do vôlei ainda está calcado naquilo que foi apontado como o maior diferencial do esporte no passado. Quase sempre os times são formados por aportes individuais de uma empresa, que transforma o investimento na plataforma de comunicação da marca.
Isso é muito bom, não fosse por um ''pequeno'' detalhe. Hoje, manter um time de ponta no vôlei, principalmente na perna masculina, é muito caro. Os investimentos, que já foram de R$ 3 a 5 milhões, hoje são quase três vezes esse valor. O RJX, de Eike Batista, custará R$ 13 milhões.
Com essa ''inflação'', as empresas desistem de, sozinhas, bancarem um projeto de ponta. O melhor exemplo disso foi a união Cimed-Sky para manter um time mais forte na próxima temporada. Isso levou ao fim do projeto do clube Pinheiros, pelo menos por enquanto.
O que os clubes precisam começar a fazer é investir na solidificação do modelo de negócio de um time de vôlei. E isso passa, necessariamente, por mudar o foco de quem é o cliente de um clube. A empresa é uma espécie de ''ajudante'' nessa história. O sustento, quem tem de prover, é o torcedor.
Para chegar a isso, porém, o vôlei tem de urgentemente começar a trabalhar a busca por mais espaço na mídia (que já é bom, mas muito centrado na seleção brasileira), a promoções para atrair público para os ginásios, etc. Como já dito aqui várias vezes, é preciso buscar o caminho de ser primeiro um clube voltado para os torcedores. A partir daí, o dinheiro chega.
Até lá, porém, o esporte continuará a sofrer com a falta de tantos interessados em investir. Os preços aumentaram, mas a tendência é que a oferta de equipes siga reduzida, pelo menos enquanto a cabeça do gestor do vôlei não mudar.
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Julio Oliveira
26/06/2011 09:03:54
Clubes fortes existem em campeonatos fortes. A Superliga é restrita a poucos estados e muito mau divulgada e acompanhada. E para piorar, é mais um produto exclusivo Globo. Creio que quando é melhor ter o campeonato passando por exemplo na ESPN e BAND e talvez na Rede TV ou Record no aberto do que na Globo apenas na final em jogo único e na SPORTV em 2 jogos por semana. Enquanto os clubesnão acordarem para a necessidade de ser uma liga de verdade e não um camnpeonato feito pela CBV, para seus interesses, continuaremos assistindo esse monta desmonta de times. E olha que outra chance tão clara como essa, com o volei de seleção dominando há anos, não acontecerá de novo daqui alguns anos.
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Adolfo
17/06/2011 09:40:27
O que vemos talvez seja a repetição do que sempre acontece com o vôlei : repatriação de grandes jogadores, custos aumentados, foco na seleção e não nos clubes, clubes mambembes (qual a grande rivalidade do vôlei ?), empresas que vem e vão... De repente, as empresas saem, os times acabam, as estrelas voltam para a Europa...
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Marcelo
17/06/2011 03:02:25
Caro Erich,Sempre vi esse "defeito" na gestão do Vôlei, na minha opinião deve unir o torcedor pela cidade, ai a competição cria motivação. Acho muito difícil alguém ir a um ginásio e torcer pela VIVO e ter como operador de celular TIM. Ficar gritando VIVO! VIVO!, torcer por uma operadora de celular ou pelo Rexona, pelo Sollys e por ai vai. As empresas tem motivos de sobra para serem patrocinadoras, sem necessariamente dar o nome ao time, criando várias plataformas de comunicação com o torcedor e assim diluir o volume do investimento entre elas. Se a aposta do patrocinador for retorno de mídia, R$ 13 milhões se atinge muito mais no futebol. Isso passa para mim pela associação da marca, empresas mesmo que precariamente estão no futebol por conta de algo que os clubes ofertam, os torcedores.
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Joaquim Ferreira
17/06/2011 00:06:05
Sou um grande admirador e torcedor de vôlei desde a era Bernard, Willian, Montanaro, Vera Mossa, Isabel e companhia. Acompanho as duas ligas nacionais e percebo que as equipes de ponta são realmente muito caras. Nelas estão atletas brasileiros de alto nível, que foram repatriados pelos salários atrativos, além de extrangeiros que também recebem bons soldos e, de forma estratégica, absorvem conhecimentos que podem, de alguma forma, colaborar para a quebra desta longa hegemonia do vôlei brasileiro. Pratica-se tanto vôlei no Brasil que, a exemplo do futebol, poderíamos ter as ligas A e B, desde que haja um trabalho midiático direcionado para atrair público, TV, renda e patrocínios. Sem isso podemos acelerar a perda da nossa hegemonia, afinal não temos muitos Eikes com cacife para montar equipes de 13 milhões de reais.JoaquimSão Vicente-SP
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Andrus
16/06/2011 20:38:54
Na Itália, que tem o melhor vôlei de clubes do mundo, apesar do presidente da CBV insistir em dizer o contrário, o modelo é parecido com o brasileiro, mas existe uma pequena diferença que muda tudo. E é por isso que na Itália um time dificilmente "acaba" como aqui. Lá os clubes partem das cidades e a partir delas os patrocinadores vêm. As parcerias são duradorras. As vezes, quando o patrocinador está em dificuldade, arranjam mais, colocam vários patrocinios nas camisas. Na Turquia os clubes se aliam a clubes tradicionais como fenerbahce... Eu acho que os clubes devem partir das cidades. As cidades deveriam lutar para conseguir e ter um time de vôlei. O maior exemplo que isso pode dar certo é Osasco que viu o Bradesco ir embora mas lutou por um novo e conseguiu.Até a chegada da Sky o vôlei masculino pagava menos que o masculino. Muito porque os principais atletas estavam na Europa. Unilever e Bradesco SEMPRE tiveram orçamentos maiores do que todos os times das Superligas, muito também pelos projetos socias, é verdade. A Unilever tem orçamento de 12 milhões com o vôlei. Sheilla, Mari e Paula só ganham menos que Giba. Agora menos que Dante, com o salário do RJX, que inflacionou o mercado.
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