Negócios do Esporte

O mercado do esporte em 2017

Erich Beting

Essa é a pergunta que permeia hoje quem trabalha com o esporte. Apesar de já sabermos que Copa do Mundo e Jogos Olímpicos acontecerão aqui em 2014 e 2016, não há o sentimento de que, de fato, o mercado já esteja mais maduro. E a questão é inevitável; ''o que será do esporte em 2017?''.

Há quase dez anos estou envolvido diariamente no acompanhamento do mercado de esporte no Brasil. Já vimos, nesse período, de tudo um pouco. Entrada de novos e obscuros investidores no futebol, mudanças de legislação que levaram à melhoria do tratamento do torcedor, debates acalorados sobre modelos de gestão de clubes, entrada e saída de várias empresas, etc.

Desde o final da Copa do Mundo na África do Sul, o Brasil entrou num estágio mais avançado de planejamento do investimento em esporte. Economia estável e chegada dos grandes eventos formam uma espécie de combinação mágica. Investir em esporte virou ''moda''.

Não é difícil encontrar em amigos e familiares a frase de incentivo: ''agora chegou a hora da Máquina do Esporte''. Ou então a mais batida ''agora você fica rico''.

Bom, essa era a expectativa de muita gente que já comeu o pão amassado dos últimos anos. Crise econômica, baixo investimento, poucas oportunidades. Parecia que tudo isso viraria pó com as palavras mágicas Copa do Mundo e Jogos Olímpicos. Mas, pelo menos até agora, a história não é tão bonita assim.

As empresas claramente ainda não se decidiram pelo esporte. Sim, o volume de investimentos tem aumentado. Mas aumentou na mesma proporção em que os lucros das empresas brasileiras ou com atuação no mercado brasileiro aumentam. Seria algo meio que inevitável, já que há mais dinheiro em caixa e maior possibilidade de se investir.

E é aí que está o maior problema. São raros os investimentos planejados em esporte no Brasil. A prova disso é a loucura em que hoje se transformou o patrocínio a clubes de futebol. Muito dinheiro para pouco retorno, o que afugentou as grandes marcas e levou para a camisa dos times empresas de menor expressão e sem fôlego para investimentos de médio/longo prazo. É a tal da ''moda''.

Mas o que preocupa quem está nessa indústria é o reflexo da passagem do Tsunami dos megaeventos. Haverá ainda mercado esportivo em 2017? Ou voltaremos ao estágio anterior de subdesenvolvimento da indústria do esporte?

Atualmente o cenário é de muita expectativa e pouca ação prática. O maior problema ainda é a falta de profissionalização. Não só de quem trabalha com o esporte, mas principalmente das empresas. O que se vê é que muita gente tem deixado para as agências o processo de pensar como investir em esporte. Nada mais tosco do que essa mentalidade. A inteligência de marketing é o maior diferencial de uma empresa. Ela tem de pensar, e a agência, executar.

E esse é o grande entrave para o crescimento sólido da indústria do esporte a partir de 2016. Sem as empresas injetarem para dentro delas o DNA do esporte, grande parte do crescimento do setor não passará do sonho de um Jogos de verão. Em 2017, quando a moda mudar, a grana também deixará o esporte para permear outros segmentos.

A profissionalização do departamento de marketing esportivo nas empresas é hoje o maior entrave para o crescimento do mercado do esporte no Brasil. Enquanto não houver pelo menos um grupo de funcionários pensando como aplicar no esporte, as agências continuarão a faturar com um trabalho maior do que aquele que lhes compete. E o esporte, a viver sofrendo para conseguir um projeto sustentável no longo prazo.

  1. Julio Oliveira

    30/06/2011 08:32:40

    Erich, pensando a respeito deste post, a unica marca me veio a cabeça foi a Red Bull. Esta empresa me parece pensa e vive sua estratégia de marketing via esportes (que produzem alguma adrenalina). Alias, li em algum lugar que ela tem mais de 20% de seu orçamento reservado para isso. Creio que eles estão felizes com o retorno.

  2. Carlos Estevam

    29/06/2011 15:54:02

    Boa tarde Erich, seu comentario é a mais pura verdade, porque esta sendo "formado" um mercado em base não solidas, e sem duvida isto ira refletir em 2017, quando tiver passado a ressaca dos grandes eventos, e espero que sejam bem feitos; particularmente duvido muito, mas torço para que de certo.Agora as pessoas tambem não colaboram, vide o exemplo da final da Libertadores na hora da entrega das medalhas quantos jogadores do Santos exibiam a camisa com o patrocinador Master, ai não da né, depois ficam reclamando......

  3. Georgios

    29/06/2011 11:28:00

    Prezado ErichComo temos discutido o "Tsunami" de mega eventos pode "varrer" de vez o investimento em Esportes e a utilização do Esporte como ferramenta de Marketing. Ainda não estamos "surfando" nesta onda gigantesca. Os investimentos necessários estão saindo agora do papel de forma equivocada e os "paraquedistas" estão chovendo aos montes. Poucas ações efetivas de marketing estão sendo aproveitadas. A "cultura esportiva" não atingiu a população ainda, somente as noticias de estouro de orçamento dos Megaeventos é amplamente divulgada com pouco efeito prático.As empresas ainda não estão contratando as pessoas certas e o resultado pode ser mais catastrófico. O Pan está ai e quase ninguém sabe (reflexo da exclusividade?).Mas não sou pessimista...rsUm abraçoGeorgios

  4. Rogério

    29/06/2011 11:25:37

    Que as empresas precisam ter gente pensando em marketing esportivo não tenho dúvidas, mas os clubes precisam se profissionalizar e passar a pensar em Business, em indústria do entretenimento. Esporte é um negócio tremendamente lucrativo, mas nenhuma empresa vai colocar sua marca em clubes quebrados e dirigidos por pessoas que pensam apenas em suas paixões, que enxergam os outros clubes como inimigos e não como parceiros de um grande negócio.Portanto o fundamental é que os clubes passem a se enxergar como negócio, a partir disso serão fortes e estarão voltados para o entretenimento lucrativo, daí as grandes empresas também vão querer participar da brincadeira, pois ela dará lucro.Mas enquanto tivermos esses idiotas dirigindo os clubes, podem esquecer.

  5. Marcelo Fernandes

    29/06/2011 10:08:53

    Bom dia Erich.Meu nome é Marcelo Fernandes, sou diretor executivo do Instituto Vencer e acompanho o seu blog a aproximadamente 2 meses. Estava lendo no jornal Valor Economico a matéria "Gasto olímpico grego ilustra a perda de controle das finanças". Considerei uma excelente pauta a ser debetida em seu blog a partir do momento em que fazemos um paralelo ao Jogos Olímpicos de 2016 e o crescimento dos gastos previamente estipulados pelos gestores dos jogos.Um forte abraço e parabéns pelo seu trabalho mais uma vez.

  6. Marcelo Cintra

    28/06/2011 16:49:35

    Muito bom Erich. E ainda no atual momento vejo que as oportunidades de trabalho que estão se abrindo às vésperas desses eventos estão bem aquém da euforia que está se criando. Me parece muita especulação.

  7. André Neumann

    28/06/2011 13:16:58

    Fonte: Vereadores aprovarão Itaquerão, mesmo contra a população27/junho/2011 por Fernando SampaioApesar da imensa maioria da população não concordar, a Câmara Municipal vai aprovar mais verba pública para construção do Itaquerão. Normal, os vereadores não estão nem aí com a opinião pública. Estive lá na votação sobre o horário da 22hs. Vi como funciona. Na audiência pública, todos os vereadores, entidades e representantes da sociedade foram favoráveis. O projeto foi aprovado por unanimidade. Tudo foi transmitido pela Jovem Pan, inclusive depoimentos dos vereadores.Depois da aprovação, a Prefeitura mandou marcar “audiência fechada” para ouvir só a TV Globo.Inédito.Kassab não teve coragem de sancionar o projeto aprovado pela sociedade.Depois de 30 dias, o projeto voltou. Apenas 4 dos 55 vereadores mantiveram o voto.Na última sexta-feira, bem no meio do feriadão, a Câmara fez uma “audiência pública” para debater a criação do novo projeto do Kassab que autoriza R$ 420 milhões em CID para o Itaquerão. Estas sessões são obrigatórias pela lei. A sociedade fala, o pessoal faz cara de estar ouvindo, mas a decisão já foi negociada. Aliás, Marcos Cintra fez uma argumentação patética.Depois do jogo de cena virá a aprovação, mesmo contra a vontade da população.Normal, quem lê o Blog sabe que o Itaquerão só seria vialbilizado com dinheiro público.Não confunda o terreno público, o empréstimo do BNDES e a antiga portaria da gestão Marta Suplicy com esta nova proposta, exclusiva para o Itaquerão. Não estamos falando de isenção fiscal para desenvolver toda uma região. Não estamos falando em utilização do terreno público. Não estamos falando do empréstimo do BNDES. Isso é comum.Estamos falando de verba pública criada a toque de caixa, contra a opinião da população, exclusiva para o Itaquerão.Isso é imoral.Você já viu grandes negócios sem interesse de investidores? Fala sério.O Corinthians recebe terreno público desde os tempos de Vicente Matheus. Desde os tempos do Ernesto Geisel. O clube já tinha este terreno público cedido pelo Jânio Quadros, a isenção da Marta Suplicy e, mesmo assim, nunca conseguiu construir o estádio porque não é viável financeiramente. Quando a conta não fecha, é mau negócio, aí só mesmo com dinheiro público.Desde o ano passado, estamos desmascarando os mentirosos, que continuam blefando e enganando o paulistano.Vamos recordar.Depois que Ricardo Teixeira decidiu excluir o Morumbi, Kassab tentou emplacar o Piritubão. RT disse não e mandou o prefeito viabilizar o Itaquerão. Daí em diante foi uma sucessão de mentiras: Disseram que o projeto estava aprovado pela FIFA; que o contrato estava assinado pela Odebrecht; que o BNDES aceitaria “namming rights” de garantia; que vários patrocinadores seriam anunciados; que seria construído em cima dos dutos em atividade e que não haveria dinheiro público….Tudo blefe.Há algumas semanas, informamos aqui que a pressão pelo dinheiro público seria intensificada. Colocariam tapumes, tratores, armariam o cenário, anunciariam início das “obras” e passariam a pressionar os políticos… Não deu outra. Continuaram a blefar. Até agora, só terraplanagem. Não tem projeto, contrato, empréstimo, investidor…. Claro, sabíamos que o Itaquerão e todos os seus problemas só serão viabilizados com dinheiro público. Isso vem sendo informado aqui no Blog desde o ano passado.Quem acreditou que não teria dinheiro público, aproveita e liga para o Papai Noel.O lobby desta terça-feira deixará a tropa de choque do Collor com inveja. E neste caso não tem impeachment.

  8. Marcelo

    28/06/2011 10:13:11

    Excelente ponto de vista. É o que tentei fazer no início da carreira (na época da Hicks Muse e ISL), pois achei que haveria um boom. Agora, há uma nova oportunidade. Só que os orçamentos para isso estão nas agências de publicidade e não em uma equipe de marketing nas empresas. Usar o patrocínio para alavancar uma marca passa por muitos pontos e deve ser intensamente trabalhado de dentro da empresa para o mercado.

  9. Jose Augusto

    28/06/2011 08:40:29

    Bom dia ErichPelo ponto de vista brasileiro,sem dúvida. Aqui não é amadorismo, é na verdade bairrismo e virado somente para o público interno dos Clubes.A não ser o São Paulo F.C. e o Internacional, que investem muito nas bases, mas lhes faltam alguém ligado á eles, para gerenciar as carreiras dos atletas, com Marketing próprio e específico para o esporte em geral e que dê um grau maior de confiabilidade, a esses atletas, maior que os atuais procuradores.Abraços

  10. Joemilson Gumarães

    28/06/2011 00:32:45

    Erich,assim vc me desanima. Estou investindo meu pouco dinheiro em um curso de gestão esportiva e lendo esse blog fico arrependido. Abs.

  11. Jose Eduardo

    27/06/2011 23:13:36

    A primeira coisa que aprendi ao pesquisar para o meu TCC da pós: o marketing esportivo deve fazer parte do planejamento de marketing da empresa.Na maioria das vezes o esporte é tratado apenas como uma vitrine, aí acontece o que vc disse, os "modinhas" inflacionam o mercado, não alcançam o resultado esperado, vão embora e td fica como antes... Para quem está dentro é ruim e para quem está fora é péssimo porque esperamos o crescimento da área e o surgimento de novas oportunidades.Excelente texto sobre a real situação do esporte no Brasil, quem não acompanha de perto acha que está tudo as mil maravilhas.Abraços

  12. Guilherme

    27/06/2011 23:08:31

    Grande visão, sempre gostei muito dos seus posts, tá de parabénsAcho que vai estar bem servido em 2017, pelo menos no futebol, a cada dia que passa surge um menino novo que joga muito bem ! veremos, mais repito, parabpens pelo seu trabalho Érich. Continue assim.Guilherme.

  13. Marcelo Fernandes

    27/06/2011 19:22:53

    Sensacional o seu diagnóstico a respeito do marketing esportivo no Brasil.

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