O mecenato ainda interfere no esporte brasileiro
Erich Beting
''Qual o objetivo da EBX com o time de vôlei?''. A pergunta foi feita pelo repórter da Máquina do Esporte a Bernardo Lorenzo-Fernandez, gerente geral de entretenimento do grupo EBX, do bilionário Eike Batista e que anunciou na última quarta-feira investimentos de R$ 13 milhões ao ano na criação de um time masculino de vôlei na cidade do Rio de Janeiro.
''Não temos uma expectativa de retorno financeiro ou de imagem. O que nós estamos fazendo é um investimento no local em que estamos inseridos'', foi a resposta do executivo.
Conclusão. Não há qualquer projeto de longo prazo com a formação de um time de vôlei pela EBX. O RJX, como será chamado, tem um ano de contrato com os seus atletas. Depois disso, ainda não se sabe qual será o futuro da equipe.
O negócio, que já havia sido apontado aqui no blog como uma espécie de divisor de águas para a gestão do vôlei nacional já não começa a ser tão revolucionário assim. Ao não ter um projeto calcado em retornos claros de investimento, Eike Batista presta, na verdade, um desserviço ao vôlei nacional.
Sim, é ótimo termos mais um time de peso disputando a Superliga, ainda mais com toda a força de mídia que envolve qualquer tema ligado a Eike Batista. Claramente, porém, o que o bilionário quer é ser uma espécie de Mecenas, de um endinheirado que nada mais quer do que ajudar o esporte para, em troca, ter outros benefícios.
O status que o esporte confere aos seus investidores leva, historicamente, muitos bilionários a despejar alguns milhões nele. Em troca, além do prestígio, muitas vezes essas pessoas conseguem vantagens em outros negócios pela boa imagem que adquirem ao ajudar projetos esportivos.
Ao que tudo indica, é isso que move ainda a inserção de Eike Batista no esporte brasileiro. Quando um time que custa R$ 13 milhões por ano é anunciado sem qualquer outro projeto a não ser o de ''ajudar'' o vôlei esporte é lançado, seu efeito sobre o mercado é devastador. Aumento de preços, saída de patrocinadores e fechamento de equipes menores geralmente acompanham esses movimentos.
No caso do vôlei brasileiro, a Superliga ganhou o RJX, mas muito possivelmente perdeu o Pinheiros, clube tradicional do esporte, que perdeu o apoio da Sky (a empresa migrou para o Cimed, em Florianópolis, unindo investimentos para formar um time que pode tentar frear o favoritismo da equipe da EBX).
O mecenato não é bom para o esporte. Ele pode até fazer com que, num primeiro momento, o mercado se aqueça um pouco com a entrada de alguém endinheirado. Mas a ''caridade'' que geralmente cerca esses projetos faz com que tudo se pulverize em pouco tempo.
No caso do RJX, está claro que o crescente interesse de Eike Batista no esporte tem muito mais a ver com a realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro em 2016 e as oportunidades que o evento vão gerar do que com um projeto bem balizado de marketing por meio do esporte.
Não é difícil prever que a festa dure até 2016 e, depois disso, esses mecenas migrem para outras áreas que atraiam mídia e gerem negócios na mesma proporção que o esporte na atualidade.
Enquanto o esporte for visto como obra de caridade, o mecenato vai continuar a interferir negativamente no esporte brasileiro. Quando o esporte souber se vender como uma plataforma de negócios, com certeza a conversa irá mudar de figura. E a resposta de que não existe um projeto de marca ou de vendas para um investimento de R$ 13 milhões simplesmente vai deixar de existir.
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Januario S. Fontes
25/07/2011 17:02:05
Boa tarde! Para qualquer investimento há um objetivo. Concordo que, dentro do esporte, o objetivo é a divulgação da marca, que por intermédio da mídia se vincula às possíveis vitórias do time patrocinado. Quando, em qualquer negócio, alguém injeta dinheiro sem estar dentro desta lógica, ou seja, sem qualquer comprometimento sério com o esporte, a estrutura se transforma, readaptando-se à nova realidade, podendo ficar submetida ao "caridoso", e esse usará essa estrutura enquanto lhe convir. Depois das Olimpíadas será que o discurso será o mesmo? Ou será mais um "Oportunismo Filantrópico" ?
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Erich Beting
25/07/2011 15:53:27
Luiz, o Exército convocou diversos atletas profissionais para disputarem os Jogos. Eles estarão até 2016 vinculados ao Exército. A prática é comum em outros países, mas na maioria das vezes com ex-atletas. Um abraço, Erich
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Erich Beting
25/07/2011 15:46:26
Eduardo, apoio iniciativas corretas e coerentes. Quando simplesmente o esporte é visto como caridade, não tem futuro. Ou você acha que esse movimento levará a uma corrida de outros milionários a injetarem dinheiro no vôlei? Não estou contra tudo. Só não me deixo levar por oba-oba. Exatamente por saber que a gestão esportiva é tão fundamental não fecho os olhos para "ajudas" como a de agora. Um abraço, Erich
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moreira
25/07/2011 12:46:07
é só deixar E$LKE entregar a taça com cobertura da Globo em horario NOBREque ele nunca deixara de patrocinar o time de voley!!!
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Eduardo Porto
23/07/2011 23:25:24
Erich, você está sempre contra tudo, sempre criticando. Já imaginou quantos empresários voltaram os olhos para o volei depois de um investimento de 13 milhões do Eike Batista? Com certeza despertou o interesse de muita gente que nunca tinha pensado em volei. Mas como sempre, voce só ve o lado negativo, e tenta justificar com isso a saída da Sky do Pinheiros. Se eles deixaram o Pinheiros, o motivo é simples: não tiveram o retorno esperado, ou acham que podem ter um retorno maior junto ao Cimed. Nós do marketing esportivo devíamos é apoiar as empresas que investem no esporte, como a EBX do Eike Batista, e não criticá-las.
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luiz rudge
23/07/2011 16:53:46
Erich, quando é que vai ser desvendado o grande mistério desses jogos militares?Quem é militar efetivo, quem virou militar por um mês, quem é só reservista, qual é a mágica do recrutamento para os jogos?Como segunda pergunta, a prática foi de todos os países, ou o Brasil é uma exceção?
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luiz rudge
23/07/2011 16:45:58
Nas imagens do judô dos Jogos Militares Mundiais, o Exército pede que você seja um Mecenas...
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Leonardo Mendel
23/07/2011 15:04:18
Erich o que seria do esporte nacional sem o mecenato? E sem a lavagem de dinheiro? Na verdade com seu artigo vc esta escondendo a grande verdade em torno do esporte profissinal brasileiro. Esporte nao da renda, muito pelo contrario. Sugiro colocar na ponta do lapis todos os custos, sociais e economicos da pratica de esportes tradicionais e fazer um paralelo com o que e investido no esporte de base... Ate mesmo a cobertura da midia em torno do esporte serve a estes interesses, infelizmente. Vamos continuar este debate e abrir os olhos do torcedor, admirador do esporte. Abraços.
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Rogério Barreto Brasiliense
23/07/2011 12:15:15
Muito interessante a abordagem do Jorge Hiroshi. O Banco do Brasil é um dos raros exemplos, ao meu ver, de empresa que tem uma estratégia bem definida de marketing esportivo. A grande maioria das empresas que atuam no esporte não tem nenhuma estratégia a curto, médio e longo prazo. O que elas querem são resultados imediatos, quando eles diminuem partem para outra ação. O vôlei virou refém desta situação. Empresas montam equipes que tem um ciclo de vida reduzido, como comprova o exemplo do Pinheiros, a empresa patrocinadora viu perspectivas em outra praça, tirou seu time da quadra e foi com malas e tênis para Santa Catarina.Outro bom exemplo é da Hipermarcas com seu patrocínio ao Coríntians e outras equipes. Seu interesse é tão somente exposição que o futebol proporciona, só isso.Enquanto o empresário brasileiro encarar o apoio ao esporte tão somente na busca de resultados imediatos ou para satisfazer seu ego, o governno através de suas empresas contiunuará sendo o grande incentivador do esporte nacional.
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jorge hiroshi
23/07/2011 10:00:51
Erich, parabens pelos seus comentarios sempre lucidos, polemicos, baseados em dados reais e concretos. Mas e quanto ao Milan, nao tem como "mecenas" um bilionario primeiro ministro ? E o Real Madrid ? O Banco do Brasil tambem nao faria tal papel , mecenas, mas como pessoa juridica ? No Brasil, na minha modesta opiniao, os esportes que nao tenham muita visibilidade por parte da midia, no caso do voley, o futebol feminino , basket e handebol o mecenato eh necessario para a sobrevivencia destes esportes. Mesmo no futebol europeu, com todo profissionalismo propalado, as federacoes arcaram na temporada passada com milhoes de euros em deficit. Nao seria o caso de perguntar se o esporte, com excecao das Olimpiadas e Mundiais, eh um negocio rentavel ? Grato.
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Daniel Marangon Duffles Teixeira
22/07/2011 19:18:33
Otima analise e constatacoes realmente pertinentes. O pior e que os investimentos vao se concentrando no Rio e o esporte vai desaparecendo do resto do pais!Abraco!
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Gledson
22/07/2011 18:40:47
Parabéns, Erich. Tem que ter muita coragem em escrever algo que vai contra os interesses de alguns figurões brasileiros. Esse sr. Elke, pra mim, não tem nada de diferente de um Abramovich da vida, com a diferença que ainda não comprou nenhum clube de futebol.
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